TRABALHO ESCRAVO: INFANTIL?!



Dizem que possibilitar a uma criança a oportunidade de aprender uma profissão é uma atitude cruel pois a impede de desenvolver-se sócio-intelectualmente, já que, o tempo dispendido para atuar no mercado de trabalho é roubado do estudo e do lazer, ceifando a oportunidade de um crescimento pleno.
É muito doloroso passar nas sinaleiras e ver crianças pequenas vendendo balas, jornais ou limpando pára-brisas, ou ainda, fazendo malabarismos em troca de míseros centavos, constatando o fracasso do Estado que tencionou oferecer o mínimo indispensável para a subsistência e acabou deixando muitos à sua própria sorte. É difícil encarar a disparidade social em um país onde muitos vivem com o mínimo e poucos vivem com o máximo mas, o que fazer ? Se todos tivessem as mesmas oportunidades e houvesse mesmo um mínimo existencial isso não refletiria na qualidade de vida dos infantos, ocasionando uma queda do trabalho infantil?
Por mais desumano que seja admitir, a verdade é que muitas das crianças necessitam trabalhar para complementar a renda familiar, quando não são elas o principal sustentáculo financeiro da família e tirar delas esta oportunidade não seria levar um núcleo familiar à desordem, à indigência?
Discordo do termo escravo, melhor seria trabalho vergonhoso infantil, já que é mesmo uma vergonha uma nação ter em sua Carta Magna assegurada a dignidade da pessoa humana e não oferecer condições de vida para uma família sobreviver a ponto de necessitar inserir suas crianças no mercado de trabalho para não morrer à míngua, privando-as de viver como criança, deixando de lado o lazer, estudando com dificuldade, deixando a escola precocemente e não alcançando, na maioria das vezes, sequer o fim do ensino fundamental, exposta a toda sorte de marginalização, drogas, corrupção, deturpação, valores que cedo destruirão sua inocência e sua candura infantil.
Por outro lado, crianças expostas precocemente ao mercado de trabalho adquirem a probabilidade de aprender com maior facilidade o significado da responsabilidade, do comprometimento, troca a brincadeira de infância pelo obrigação
de aprender a ser proativa, amadurecendo rápido e adquirindo noção de respeito e dignidade.
Existem relatos de homens e mulheres que estufam o peito com orgulho e contam que se tornaram grandes homens e mulheres, responsáveis e cônscios dos seus deveres, excelentes pais de famílias, profissionais dignos, graças à oportunidade de cedo aprender o quanto custa ganhar a vida; ao passo que outros se queixam de frustrações por terem que abandonar os estudos para trabalhar, lamuriam-se por viverem vidas miseráveis e infelizes e garantem que tudo teria sido melhor se tivessem podido viver como crianças, sem a responsabilidade do trabalho precoce. Há crianças que, expostas às ruas enveredaram-se pelo mundo dos crimes e das drogas e usaram o fruto do trabalho para sustentar o vício, como há crianças ricas e de boa família que usam a própria mesada para custear o vício, tudo muito relativo.
As questões são: O trabalho infantil é prejudicial até que ponto? Não seria ideal que ele pudesse ser utilizado a partir de uma certa idade? Crianças ociosas em casa, expostas à televisão e todos os males que ela pode oferecer e ao computador com seus jogos violentos e a internet sem censura não estariam melhor se pudessem estar aprendendo uma profissão? Levar o indivíduo a trabalhar desde cedo não auxilia ao forjamento do caráter, ensinando-o a utilizar o dinheiro de maneira justa? Trabalho escravo não é um termo errôneo já que as crianças, por mais miseráveis que sejam, independente do destino que dêem ao dinheiro, não auferem um lucro pela sua mão de obra?
Questões como esta merecem respostas e, talvez, auxiliem a melhorar a educação que demonstra estar em franca derrocada, formando crianças sem noção de respeito e cidadania e, por conseqüência, indivíduos egoístas, frios, insensatos e frustrados.

Fábia Cristina Rodrigues dos Santos
24 de julho de 2010
9° Semestre Mat. Faculdade Batista Brasileira
Autor: Fábia Cristina Rodrigues Dos Santos


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