Um trago de ''verdade''



Em um Bar a beira mar, daqueles bares de antigamente onde os doces giravam em um recipiente sobre o balcão e os alimentos eram vendidos por quilo, um homem vestido de pura simplicidade, calça arregaçada até as canelas, camiseta de algodão, chinelo de dedo e chapéu de palha a tira colo, tomava tranquilamente um trago de uma pinga que lhe fora servida pelo dono do bar a seu pedido.
Nisso chega outro homem, com um ar arrogante, óculos escuro ultima moda, roupa fina, sapatos bico fino e gravata, observa o ambiente, olha os fregueses sentados em bancos, e debruçado no balcão vê aquele singelo ser, observa-o sorvendo a pinga e fazendo uma cara feia, talvez para amenizar a ardência na garganta causada pela cachaça.
O homem da gravata pede um refrigerante e um copo, após beber um largo gole, olha para aquela cena, então não se controla e fala:
- amigo você não sabe que tomando esse tipo de bebida você está se matando, que essas pingas são puro álcool... - "sei sim sinhô", diz o Caboclo dando outro gole.
- mas então, porque bebes? Isso não está certo...
- "num ta num sinhô"...
- para de beber então meu amigo...
O caboclinho ainda sorrindo olha ao redor, disfarça ainda e sorve lentamente a cachaça, nisso o homem da gravata já inconformado com o habito do outro continua:
- ainda se fosse um wisk, uma tequila, mas cachaça, pura, quem entende vocês caipiras e seus costumes ridículos...
Nisso o caboclinho cospe de lado, olha firme ao da gravata e diz:
- Moço, "ocêis" da cidade toma esses tar de wisk, umas tar de champanha, tudo nome bunito pra pinga.
Silencio!
- "oceis" da cidade toma aquele tar de refrigeranti, certo?
- sim tomamos...
- oceis da cidade anda pracima e pra baixo nuns carro que "sorta" mais fumaça que o fogão de lenha la de casa, oceis num dão nem bom dia pros vizinho...
O homem tenta falar mais o caboclo continua:
- oceis destruíram tudo que foi mata "la pras" banda de oceis, oceis mataram tudo quando foi animal la pás banda "doceis", suas comida são dentro de latinha, oceis passa o dia na frente de um tar de computador, falando "cos" estranho e nem fala direito "ca" "famia", ai eu pergunto, que direito "ocê" tem di vim aqui quere fala que nossos costume são ridículos moço? Mas que diacho...
Totalmente vencido, o engravatado olha para o caboclinho, e num só golpe, toma toda a pinga do copo...
Autor: Leandro Silveira Tavares


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