Versos Inconstantes



Por que me pedem versos se hoje não tenho uma só palavra de enfeitar?

Por que querem que eu fale de amor se a noite ainda nem se foi?

E devo escrever versos para uma gente que nem sabe ler!

 

Devo escrevê-los de todas as cores e tamanhos

Para saudar o sol e a chuva, o vento, a vida...

Devo então quebrar pedras e lavar o sangue da pena que insiste em não caminhar?

Hoje eu não sou poeta!

 

Sou aquele de quem retiram a voz e a vez, o pensamento, o coração.

De quem se tira o direito de dizer num outro dia de inspiração.

Devo olhar o céu e descobrir outras formas?

Devo escrever versos tolos para fazer rir e distrair?

Pobre de mim! Meus versos clamam liberdade!

 

Pobre de mim que não aprendi a dizer sem o coração!

 


Autor: Nara Junqueira


Artigos Relacionados


Estrela

Pedido

Vida Interna

A Dois

Eutanásia

O Apuro Da Poesia

SÚplica