KANT: ESPAÇO E TEMPO



Porque Espaço e Tempo são formas de sensibilidade pura conforme a Crítica da Razão Pura de Kant?

Aquilo que se chama revolução copernicana nas ciências, Kant procedeu na filosofia. Nessa caminhada, Kant substituiu a hipótese realista, que admite que uma realidade nos seja dada e o conhecimento se adaptando a ela, registrando o real com espírito passivo. A resposta kantiana a essa questão é a hipótese idealista, uma crítica aos empiristas e racionalistas. No idealismo kantiano, o espírito participa ativamente na elaboração do conhecimento, ou seja, o real é intencionalmente construído. Como ele afirma na Crítica da Razão Pura, "não conhecemos a priori nas coisas senão aquilo que nós mesmos nela colocamos". Para entender o que significa a priori é preciso distinguir duas classes de elementos que são objetos do conhecimento: a matéria de que os objetos são feitos, ao mesmo tempo a matéria do conhecimento e os que dependem do próprio sujeito, constituindo a sua forma.
A matéria do conhecimento varia de um objeto a outro, dada a posteriori, dependendo de receber as impressões por meio dos sentidos. A forma é encontrada em todos os objetos por todos os sujeitos, sendo conhecimento a priori encontrando na mente a sua realização. A priori é expressão que indica a condição necessária para o conhecimento de forma inseparável. Toda proposição necessária é uma tautologia baseia-se apenas nas leis da razão. A razão é a fonte universal e necessária de todas as proposições. Por exemplo, as proposições da matemática são universais e necessárias; as relações de causa e efeito também. A Crítica da Razão Pura é uma espécie de inventário das formas a priori do espírito enquanto faculdade do conhecimento. Na faculdade do conhecimento, este é recebido através da sensibilidade ou faculdade das intuições ou pelo entendimento, também chamado de faculdade dos conceitos, segundo a terminologia kantiana.
Nesse contexto, o espaço e o tempo são formas a priori da sensibilidade, ou seja, intuições puras. Isto quer dizer que o espaço e o tempo são os modos característicos pelos quais o espírito percebe as coisas, onde todas as coisas estão inseridas. O espaço é a forma do sentido externo; o tempo, a forma do sentido interno. Espaço e tempo são as formas puras das intuições sensíveis em geral. Isto é: toda percepção é organizada sob as formas da espacialidade ou da sucessão temporal, toda representação de qualquer objeto é representação de algo dado no espaço e no tempo, das duas formas puras da intuição.
Ocorre que existem diferenças entres os conhecimentos a priori. Para esclarecer essa diferença é preciso distinguir os juízos entre analíticos e sintéticos. Analítico é o juízo que apenas explana um conceito sem adesão de qualquer novidade, como por exemplo, "todos os corpos são extensos". Todos os corpos têm um tamanho específico e nada é acrescentado de novo. Por outro lado, sintético é um juízo que acrescenta alguma coisa ao conceito concebido por um sujeito. Exemplo: "este corpo é pesado". Esse acréscimo de predicado é denominado de juízo sintético a priori. Entende-se que se a intuição é pura a síntese é a priori.

Autor: Aroldo Da Cruz Lara


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