NELSON WERNECK SODRÉ E O SONHO DA EMANCIPACÃO NACIONAL



Werneck Sodré inicia sua análise, procurando focar a burguesia brasileira; com uma discussão teórica, ele busca apontar a dificuldade em se pensar o Brasil de forma original e eficaz. Sodré considera que a principal dificuldade para o estudo da burguesia brasileira é conceitual. Pois os conceitos surgem em épocas e locais determinados e são inadequados há outros tempos, lugares, outras histórias.
Sodré afirma que enquanto não houver conceitos novos, torna-se necessário o uso dos antigos, mas ele aponta a necessidade de novos conceitos, para o conhecimento de realidades diferenciadas.
Portanto em sua história da burguesia ele procura fazer uma discussão conceitual que distingui o emprego dos conceitos marxistas em realidades diferenciadas. Em seu livro considerado pioneiro, ele admite a existência de falhas, no entanto ele busca fazer uma interpretação, pois o seu desejo era conhecer o papel da burguesia nacional na revolução brasileira; um estudo cientifico e aumento tempo voltado para as mudanças do Brasil.
Ao trabalhar a descoberta do Brasil, ele a situa no contexto de transição do feudalismo ao capitalismo na Europa. As relações de produção ainda eram predominantemente feudais; embora houvesse transformar. Sodré afirma que foi uma "sociedade feudal que descobriu o Brasil". No Brasil predominou o modo de produção escravista; um escravismo específico, moderno e não-clássico.
Assim notamos uma expansão colonial pré-capitalista coexistindo com o feudalismo; uma relação de produção feudal que conviveram e sucederam ao escravismo.
Em 1945 á história do Brasil sofrerá radicais reinterpretações em várias tendências. O tema predominante foi às mudanças, a transição da sociedade baseada no capitalismo agrário para a sociedade baseada no capitalismo industrial e na revolução brasileira caracterizada como burguesa. Uma análise de interpretação do Brasil após a II Guerra, a queda de Vargas, a ascensão da URSS e dos Estados Unidos. O novo Brasil urbano precisava ser reinterpretado.
Entretanto, nessa fase pioneira do marxismo a teoria é ainda mal conhecida e mal utilizada na compreensão do Brasil. O domínio da teoria marxista por Sodré será considerado por muitos críticos como precária.
Sodré nos leva a percepção que com a queda do açúcar e da mineração no Brasil, o feudalismo surgirá como uma regressão. A passagem do feudalismo coincidiu com o declínio econômico e suas consequências. Diferente da França que no século XVIII fez a revolução burguesa juntamente com a Inglaterra, o Brasil vivenciava a revolução feudal. O mercado interno e a produção para o consumo interno eram quase inexistentes; tudo era importado como produto primário. A moeda circulava de forma restrita.
As mudanças radicais foram eliminadas, mantendo um feudalismo típico que utiliza mão-de-obra escrava, pois no Brasil não houve uma passagem direta do escravismo ao capitalismo.
Sodré justifica a critica feita a ele, afirmando que não se pode passar do escravismo ao feudalismo; na ortodoxia isto é considerado um progresso, mas no Brasil isto representou uma "regressão econômica".
A passagem do feudalismo ao capitalismo ocorrerá de forma lenta; um período de processos, que se pautará na ampliação das relações feudais ao surgimento das introduções das relações de produção capitalistas.
O Brasil na análise de Sodré aparece de forma complexa, um trabalho que envolve uma relação de produção variada, com lutas sociais e padrões culturais diferenciados. Uma análise mais consistente, menos imediatista e edílica; onde se busca adequar à própria realidade brasileira.
Autor: Dhiogo José Caetano


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