Sonhando o futuro sempre!




Edson Silva

Algumas crianças brincam na praça bem preservada e sem sinais de pichações e começam falar sobre o que gostariam de ser. Um diz que queria ser o sol, o que o tornaria muito poderoso e assim todos dependeriam de sua energia para sobreviverem. Outra amiguinha retruca dizendo que não haveria dúvida quanto ao poder do sol, mas ele seria muito solitário, pois tanto é o seu calor que seria impossível algo ou alguém se aproximar sem que fosse derretido e destruído, por isso ela preferia ser a serena e refrescante lua, ser admirada pelos namorados e mostrar suas quatro fases quando bem entendesse.

Os fundamentos do sonho lunar da menina logo são questionados por um terceiro dos amigos, que diz que ela seria quase tão solitária quanto ao esquentado sol. Teria, quem sabe, visitas de astronautas, uns soviéticos a rondando de perto ou atrevidos norte-americanos lhe espetando bandeiras, lhe marcando com botas e passeando de Jeep em seu solo. Por isso, o menino não achava boa idéia alguém querer ser a lua, ele preferia outras estrelas e não o sol, assim brilharia enquanto pudesse, sem muitas preocupações cósmicas e de quebra enfeitaria noites mal iluminadas dos sertões a fora.

Ser cometa, ser o maior dos planetas ou ser o mais bonito dos astros continuaram fazer dos sonhos futuros daquelas crianças, que vez ou outra esqueciam os pensamentos e voltavam dar atenção para a bola que rolava pelo gramado verdinho e limpo, incrivelmente limpo. No canto, afastado da turma havia um garoto com roupas quase em farrapos. Ele ouvia muito concentrado os sonhos daquela turminha desconhecida e bem vestida, mesmo que para jogar futebol na praça.

A bola rola em sua direção, um dos garotos da turma o chama para jogar e contar o sonho futuro. O menino maltrapilho diz que não tem sonhos e que já será realização estar com a turminha tão criativa em sonhos e tão animada em jogar futebol. O menino acrescentou que não queria ser astro do universo, se podia ter amigos reais como aqueles ao seu lado. Confessou já ter pichado praças como aquelas e destruído brinquedos, coisas das quais se arrependia e que jamais voltaria fazer na vida.

E a bola continua a rolar. Um cometa pedala em direção de uma, duas estrelas, que estão na marcação, o goleiro sol pede que a lua saia da área, o planeta Saturno mata magistralmente a bola no peito, manda de bicicleta e éééé... Gooooooooooolllllllllll da cidadania e ééééé dooooooooooo Braaaaaaaaaaaasiiiiiiiiiiillllllllllllll, torcida brasileira.

Edson Silva, 48 anos, jornalista, Campinas
Email: [email protected]

Autor: Edson Terto Da Silva


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