UM JUMENTO FOI A FESTA



Autora: Alzenira Rodrigues
Aruaru-Ce

Caro amigo preciso
Este fato registrar
Trata-se de um imenso vexame
Que um jumento fez passar
Professores e políticos
E o povo do lugar.

Todo aconteceu no dia
De grande festa escolar
Corpo docente e discente
Estavam a comemorar
A festa da independência
De maneira singular.

Presentes a cerimônia
Estavam nosso prefeito
Muito feliz já contando
Em breve ser reeleito
Também várias autoridades
Gente de muito respeito.

Começou a solenidade
Em clima de eleição
Primeiro a diretoria
Fez sua apresentação
E também de duas salas
Fizeram a inauguração.

Os políticos discursaram
O povo só escutando
E o objetivo de festa
Ia distante ficando
Talvez o intento de tudo
Fosse político falando.

Enfim todos discursaram
Chegou a hora da ação
Fizeram de um coral
Uma grande apresentação
Formado com as crianças
Da alfabetização.

Porém não cantaram o hino
Em louvor a independência
Nem ao tema adotado
De viver sem violência
Cantaram vivas ao prefeito
Foi de encher a paciência.

Em seguida ovacionaram
O Hino Nacional
Mesmo sem ritmo, sem música
Cantando tão desigual
Foi a emoção da festa
Esse coro original

Chegou a vez da gincana
Duas turmas competiam
O cientifico e o pedagógico
Eu não sei como podiam
Apresentarem tão mal
As tarefas que pediam.

Para culminar a festa
Fizeram uma encenação
Sobre a desgraça da seca
E do povo em arribação
Trouxeram até um jumento
E também o fiel cão.

O povo logo prestou
Atenção aos animais
No velho e magro cão
Pois era feio demais
Já o jumento foi
De quem o povo gostou mais.

Seguiu-se a apresentação
A platéia já cansada
E o jumento à vontade
Assim como não quer nada
No meio do espetáculo
Deu uma enorme cagada.

Diretora e professores
Todos bastante vexados
Só tinham como opção
Manter os narizes tapados
Enquanto ouvia-se na quadra
Risadas pra todos os lados.



Nunca tanto uma cagada
Teve tanta assistência
Provocou tantas risadas
Mostrou tanta incoerência
No povão que aplaudiu
Ao jumento sem decência.

A merda ia rolando
E o povo aplaudindo
Os organizadores da festa
Muito vergonha sentindo
Porém toda aquele merda
O gelo ia partindo.

A festa era uma geleira
Que o jumento derreteu
Com a cagada inusitada
E o povo reconheceu
o jumento é livre e
cagar é direito seu

Os discursos dos políticos
Deixaram o povo envergonhado
Já aquela fedentina
Deixou o povo relaxado
E o jumento cagão
Foi por todos aclamado.

Quem ouvia e não sabia
Dos aplausos a razão
Pensava ser o político
Recebendo ovação
Ia pra quadra e o que via
Era um jumento cagão.

Tirem logo esse jumento
Esta ordem então foi dada
Porém antes de sair
Ele deu mais uma cagada
Deixando a diretora
Nervosa e muito vexada.

A festa continuou
No ambiente fedido
Só que agora pro povo
Não importava o sentido
Aplaudia qualquer ciosa
Bastante descontraído.

Na verdade aquela festa
Tinha como objetivo
Relembrar que o Brasil
Não é mais um país cativo
E quem quebrou seus grilhões
Foi um príncipe altivo.

Mas os heróis do passado
Há muito foram esquecidos
O trem da história passou
E nós ficamos perdidos
Hoje o povo brasileiro
Por seus chefes são oprimidos.

Isto explica a frieza
Com que o povo presenciava
A tal comemoração
Que ali se realizava
Mas o jumento é quem fez
O que o povo penava.

Agora peço desculpas
Não desejo ofender
Ou ridicularizar
Pessoas cujo poder
Organizaram tal festa
Pra escolar parecer.
Autor: Alzenira Rodrigues


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