Discutir A Relação (dr): Sim Ou Não, Eis A Questão



Discutir a relação (DR): Sim ou Não ? Eis a questão

Duas pessoas se olham e se sentem atraídas uma pela a outra. Talvez seja o início de um relacionamento. O fato é que se o relacionamento der continuidade formando um casal, começam-se vários desafios para que a relação perdure.

No início tudo parece se encaixar perfeitamente, somente as coisas boas de cada parceiro aparece, já ouviram a frase: "o amor é cego", pois nessa etapa do novo relacionamento tudo é visto como aceitável, existe a esperança de que o que não se encaixa será modificado com o tempo.

A questão é que na maioria das vezes, o tempo não se torna um amigo e sim um inimigo, porque aquilo que no início era superável, agora já incomoda, é motivo de brigas e desencontros. Pode inclusive interromper o que poderia ser uma linda história de amor, transformando-a num desastre de sofrimentos.

Já ouvi de vários casais frases semelhantes a esta: "Vamos nos separar, porque acabou o amor e no lugar somente restaram frustrações e angústias, não vale mais a pena". Outra situação muito comum é quando o casal não pensa em separação, mas leva a vida "conformado", agüentando o que o "destino" reservou para eles, a infelicidade conjugal. Dia após dia, se enfrenta em discussões e acusações que somente pioram as coisas, isso quando não se torturam com o silêncio, a greve de comunicação.

Na minha experiência como conselheiro e terapeuta de casal tenho observado que alguns fatos importantes contribuem para tornar a vida do casal um mar tempestuoso. Acredito que isso está presente em praticamente todos os relacionamentos conjugais. Por isso mesmo quero compartilhar neste breve texto minhas reflexões.

Geralmente os casais que me procuram e estão passando por uma crise conjugal, tendem a encontrar culpado(s) para explicá-la, normalmente esses culpados são indicados da seguinte maneira: A mulher acredita que o parceiro é o culpado e o homem acredita que a parceira é a culpada, também é comum colocar a culpa na bagunça da casa, na desobediência dos filhos, na sogra, na interferência dos parentes, nas dívidas, na violência, nos vícios, na traição, na falta de romantismo, na pressão do trabalho, na insatisfação e finalmente na falta ou esfriamento do amor.

É exatamente aqui que quero falar sobre a seguinte questão: Discutir a relação faz sentido ou não ?Minha resposta a essa pergunta é: depende, ou seja, depende de como isso é feito e qual o objetivo para que isso seja feito. Para que não se torne algo desagradável e repetitivo sem que se chegue a soluções honestas e definitivas, é necessário amadurecer o nível do diálogo. Para isso quero dar algumas sugestões.

Como psicólogo tenho a plena certeza de que todo ser humano é constituído psicologicamente e espiritualmente através de anos de aprendizado. Esse aprendizado se dá através das experiências que cada um vive (então é muito individual) e pelas observações sobre a vida em geral. Isto se inicia desde o nascimento e se desenvolve ao longo dela, ninguém está isento.

Em termos práticos isto quer dizer que num relacionamento conjugal as pessoas trazem (mesmo sem ter consciência disso) para a relação toda essa gama de aprendizagem acrescentando-se a isso, as estratégias que desenvolveram para sobreviver nesse mundo e também as distorções (maneira muito particular com que vê as situações) com que enfrenta a vida.

Para conseguirmos elevar o nível de um relacionamento conjugal seja numa crise ou não é necessário saber que o culpado (se é que existe um) não são as pessoase sim a forma com que a relação está sendo desenvolvida. Pois as expectativas dos parceiros estão construídas em cima do alicerce de seu aprendizado ao longo da vida e provavelmente as frustrações são concebidas ao se comparar o que se quer com o que se tem.

Se pensarmos em trabalhar no nível da relação e não no nível de culpados e inocentes (as pessoas) podemos ter esperança e caminharmos para soluções. Quero dar algumas dicas reflexão:

a)Homens e mulheres são diferentes não somente na constituição física, mas também na constituição emocional.

b)As necessidades são diferentes, por exemplo, enquanto os homens querem ser reconhecidos por suas parceiras como capazes e inteligentes, as mulheres querem que seus parceiros a amem e que elas sejam muito importantes para eles de uma maneira muito especial.

c)Ao se discutir a relação é necessário que enquanto um fala o outro ouça, e para fazer isso melhor, evite dar justificativas para os erros, fique calado(a), preste atenção e tente compreender o ponto de vista do outro, como ele(a) vê a situação. Cada um deve exercitar o falar e o ouvir.

d)Aprofunde o diálogo, não fale somente de questões externas, tente aos poucos falar de questões internas, dos sentimentos, das emoções, de como o outro pode lhe ajudar a sentir-se mais seguro(a).

e)Não discuta a relação quandoo grau de emoções estiver muito alterado, espere por um momento melhor (mas não deixe passar muito tempo). Tão importante quanto falar é saber o momento para se falar e a forma mais adequada para isso.

Normalmente as crises são vividas de forma muito perturbadora porque não nos preparamos para a relação, deixamos para enfrentar as dificuldades quando elas já estão acontecendo. Tente manter o diálogo aberto sempre, combine antes como será a solução para questões que se podem prever. Conversem sobre como evitar a rotina, como será o diálogo durante a crise, qual será o momento certo para conversarem, como lidar com as diversas situações que como eu disse no início do texto são citados como os verdadeiros culpados pela separação apesar de em minha opinião não serem.

 

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Autor: Daniel Granados Negrão


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