O Acaso



Nada havia.
Sem que nenhum tempo se passasse
tudo começou.
Nada o criou, pois nada havia.
Iniciou-se o grande movimento,
a busca de expansão.

O tempo começou.
Muito mais tarde, na Terra, ao acaso,
nasceu o pensamento humano,
sua sede de significados, razões,
um animal resolveu legislar sobre o acaso.

Em vão.
O que existe, existe sem sentido,
apenas para procurar uma função,
uma ilusão qualquer que traga sua continuidade.

O nada, o mistério que não há
e nos faz buscá-lo.
Todas as coisas se procuram:
é vantajoso andar de braços abertos de frente para ventania.

A chama da vela acesa se comunica
com o espaço a sua volta,
sugando gases, distribuindo luz e calor,
não temendo que seu brilho viva,
andando incandescente por aí.

A água do rio corre para onde o relevo deixa:
escorrega de cima pra baixo,
faz curva onde encontra pedra grande.

Os elementos químicos, não estáveis,
tendem a se misturar, formar substâncias,
e não criam mistérios.

A estática de um edifício é mantida
pelo equilíbrio das forças que nele agem.
De maneira diversa, em várias línguas,
representamos as supostas realidades deste momento.

Matematicamente,
sai-se do infinito e, com rigorosa exatidão,
por equações que compreendemos neste momento,
chega-se de novo ao infinito:
"Vieste do pó e ao pó retornarás".

A folha da árvore procura a luz do Sol,
a água dos rios corre para os oceanos,
as ondas levam e deixam coisas na areia,
o vento anda por todos os lados,
nossos olhos procuram brilhos de estrelas distantes
e pérolas nas ostras,
o homem e a mulher...

Nada há, a procura mantém em movimento.

1997
Autor: Roberto Jr Esteves Siqueira


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