Taiane



Maravilhosa, toda cheirosa,exalando um perfume francês caríssimo ela desfila sua beleza pelo calçadão que margeia a praia. Toda manhã é assim, ela levanta toma seu suco de laranja sem açúcar, come duas fatias de pão integral, e sai para a rua para a sua caminhada diária para manter a boa forma do seu corpo escultural. De família abastada, afinal seu pai è um dos maiores comerciantes do local, dono de uma rede de super mercados espalhados pela cidade, ela sabia ser linda e seu maior orgulho era desfilar essa beleza á beira mar, pois não tinha viva alma que não admirasse sua passagem. Ela se sentia toda toda, aliás, coisa típica de qualquer mulher. É verdade as mulheres gostam de ser observadas, senão qual o motivo de se arrumarem tanto para sair á rua. O que Taiane não imaginava é que esse dia seria diferente para ela, uma jovem acostumada a ser o centro das atenções, a ser observada por todos os rapazes que encontrava pelo caminho durante sua caminhada á beira mar, nem de longe passava em sua mente que os papeis seriam invertidos nesta manhã ensolarada em Ubatuba, a cidade do litoral norte de São Paulo onde reside. Acontece que que ela caminhava toda altiva pelo calçadão como se fosse uma nobre representante da corte, uma princesa indo e vindo pelas alamedas que circundam os jardins do palácio quando o barulho de um caminhão que estacionava rente a calçada do outro lado da avenida bem em frente a um prédio em obras chamou sua atenção. Com o rabo dos olhos Taiane viu a figura atlética do rapaz sem camisa que vestia apenas uma bermuda um tanto apertada e curta descendo do caminhão. O magnetismo foi imediato, ela sentiu um calafrio imenso subindo por sua espinha até chegar á nuca, os bicos dos seios estremeceram, seus pelos se eriçaram todos, suas pernas bambearam enquanto ela caminhava olhando para trás com o olhar fixo no rapaz. Enquanto a distancia ia aumentando Taiane ia pensando: nossa que gato esse carinha, com um desses eu não ia fazer biquinho não, deixava ele me dar aquele trato, ah se deixava. Estava tão eufórica a mocinha que nem chegou até a pracinha onde fazia o conto do para voltar na sua caminhada, retornou dali mesmo do ponto que estava sempre com o olhar fixo do outro lado da avenida. Quando se aproximou do ponto onde o caminhão se encontrava estacionado, ela notou que o rapaz descarregava sozinho os tijolos que se encontravam na carroceria do veiculo, então se abaixou e enquanto fingia arrumar o cadarço do tenis ficou admirando o jovem. Nestes poucos segundos sua imaginação foi longe e ela se viu nos braços daquele homem que mexera com seus sentimentos de um jeito que ela jamais imaginara. Por esses breves momentos ela se sentira a mulher mais feliz do mundo. Porém a voz da razão a chamou de volta a realidade e ela se levantou e toda tremula voltou a caminhar sentindo a umidade tomar conta da calcinha que vestia no momento de tão excitada que estava. Enquanto o lado libidinoso de sua mente a puxava para o pecado o lado racional da mesma a puxava de volta para a realidade através da sua consciência que lhe assoprava baixinho ao ouvido: o que isso Taiane, você esta ficando louca não esta vendo que o carinha é da ralé, é um sujeito pobre, um cara comum, senão porque estaria ele descarregando tijolos em uma obra à uma hora dessas, não são nem oito da manhã ainda. No mínimo o salário que ele ganha não paga nem o perfume que você esta usando agora. Seus pais nunca iriam aceitar uma pessoa assim ao seu lado, um carinha comum saindo do meio do povo, um Zé ninguém. Imagine só você acostumada com mesa farta, frequentadora de festas regadas a champanhe e caviar ao lado de um homem que muito mal esta acostumado a frequentar festinhas de aniversário regadas à cerveja, guaraná e pão com ovo na casa de gente pobre. Ainda mais você que quer ser doutora, que està fazendo cursinho para prestar vestibular de medicina andando por ai com um cara semi-analfabeto a tira colo. Já pensou a vergonha que seus pais passariam por sua causa. Não, nem pensar, você não faria isso. Neste conflito de pensamentos Taiane resolveu encurtar sua caminhada tomando o rumo de sua residência sem ao menos olhar para trás, pois não queria correr o risco de uma recaída. Passaram-se alguns dias sem que ela ousasse retomar a caminhada diária, mas isto de muito pouco adiantou, pois a imagem daquele moço teimava em permanecer em sua memoria. Ela passava o dia inteiro pensando nele, à noite sonhava sonhos mirabolantes, daqueles de deixar qualquer puritano vermelho de vergonha. Diante do tormento que era para a garota a imagem pecaminosa em sua mente ela achou que o único jeito de por um fim a esta situação seria aceitar o assédio de Pedro, um rapazinho que a perseguida desde os tempos da sétima série. Com ele não teria problema nenhum, haja visto que sua família também era abastada, o pai dele inclusive já tivera negócios em comum com o seu próprio pai, pois foram sócios em uma época não muito distante. Hoje o pai dele é dono de vários postos de gasolina na cidade e também em cidades vizinhas. Passados uns oito anos mais ou menos a loirinha linda e perfumada se tornara uma mulher mais bonita ainda, formada em medicina como era seu sonho, casada com Pedro um dos homens mais ricos da região, morando em uma casa enorme bem em frente à praia das toninhas, uma das mais frequentadas da cidade, qualquer um que a visse poderia jurar que ela era uma pessoa de sucesso, feliz e realizada. Pura mentira, Taiane vivia infeliz, seu casamento era só fachada, seu marido nunca conseguirá fazê-la se sentir mulher de verdade, talvez nem fosse por culpa própria já que ele fazia de tudo para agradá-la, porém o fato é que junto dele ela nunca conseguiu sentir o mesmo magnetismo que sentira naquela manhã em que caminhava pelo calçadão anos atrás, quem sabe a culpa de um casamento fracassado fosse dela, afinal nem o tempo conseguiu apagar de sua memória a figura daquele pobretão que ela vira uma única vez. Em uma autocríticas profunda Taiane decidiu que não era justo continuar com a farsa que era seu casamento, afinal Pedro, a figura mais inocente nesta trama toda era a pessoa que mais sofria com isso. Mais uma vez Taiane tomou para si a decisão de mudar seu próprio destino. Pediu o divorcio pouco se importando com o que seus pais iriam pensar, mudou-se para Taubaté, uma das grandes cidades do Vale do Paraíba, distante uns cem quilómetros da sua terra natal disposta a exercer sua profissão, já que apesar de formada ela ainda não tinha exercido a medicina por causa do seu casamento com Pedro. Recém chegada á nova cidade ela que arrumara emprego em um grande hospital local, desconhecia totalmente o transito do lugar cometendo gafes enormes por causa disso. Mas como diz o ditado Deus escreve certo por linhas tortas e foi justamente em mais uma de suas gafes no transito que Taiane finalmente se encontrou com a felicidade. Foi um dia estafante no hospital onde ela atendera a vários casos, alguns bem simples, outros gravíssimos como o daquele homem que chegou enfartado ou o daquele rapaz baleado e cansada como estava ela não via à hora de chegar a Maravilhosa, toda cheirosa, exalando um perfume francês caríssimo ela desfila sua beleza pelo calçadão que margeia a praia. Toda manhã é assim, ela levanta toma seu suco de laranja sem açúcar come duas fatias de pão integral, e sai para a rua para a sua caminhada diária para manter a boa forma do seu corpo escultural. De família abastada, afinal seu pai è um dos maiores comerciantes do local, dono de uma rede de super mercados espalhados pela cidade, ela sabia ser linda e seu maior orgulho era desfilar essa beleza á beira mar, pois não tinha viva alma que não admirasse sua passagem. Ela se sentia toda, aliás, coisa típica de qualquer mulher. É verdade as mulheres gostam de ser observadas, senão qual o motivo de se arrumarem tanto para sair á rua. O que Taiane não imaginava é que esse dia seria diferente para ela, uma jovem acostumada a ser o centro das atenções, a ser observada por todos os rapazes que encontrava pelo caminho durante sua caminhada á beira mar, nem de longe passava em sua mente que os papeis seriam invertidos nesta manhã ensolarada em Ubatuba, a cidade do litoral norte de São Paulo onde reside. Acontece que ela caminhava toda altiva pelo calçadão como se fosse uma nobre representante da corte, uma princesa indo e vindo pelas alamedas que circundam os jardins do palácio quando o barulho de um caminhão que estacionava rente a calçada do outro lado da avenida bem em frente a um prédio em obras chamou sua atenção. Com o rabo do olhos Taiane viu a figura atlética do rapaz sem camisa que vestia apenas uma bermuda um tanto apertada e curta descendo do caminhão. O magnetismo foi imediato, ela sentiu um calafrio imenso subindo por sua espinha até chegar á nuca, os bicos dos seios intumescem, seus pelos se eriçaram todos, suas pernas bambearam enquanto ela caminhava olhando para trás com o olhar fixo no rapaz. Enquanto a distancia ia aumentando Taiane ia pensando: nossa que gato esse carinha, com um desses eu não ia fazer biquinho não, deixava ele me dar aquele trato, ah se deixava. Estava tão eufórica a mocinha que nem chegou até a pracinha onde fazia o conto do para voltar na sua caminhada, retornou dali mesmo do ponto que estava sempre com o olhar fixo do outro lado da avenida. Quando se aproximou do ponto onde o caminhão se encontrava estacionado, ela notou que o rapaz descarregava sozinho os tijolos que se encontravam na carroceria do veiculo, então se abaixou e enquanto fingia arrumar o cadarço do tênis ficou admirando o jovem. Nestes poucos segundos sua imaginação foi longe e ela se viu nos braços daquele homem que mexera com seus sentimentos de um jeito que ela jamais imaginara. Por esses breves momentos ela se sentira a mulher mais feliz do mundo. Porém a voz da razão a chamou de volta a realidade e ela se levantou e toda tremula voltou a caminhar sentindo a umidade tomar conta da calcinha que vestia no momento de tão excitada que estava. Enquanto o lado libidinoso de sua mente a puxava para o pecado o lado racional da mesma a puxava de volta para a realidade através da sua consciência que lhe assoprava baixinho ao ouvido: o que isso Taiane, você esta ficando louca, não esta vendo que o carinha é da ralé, é um sujeito pobre, um cara comum, senão porque estaria ele descarregando tijolos em uma obra à uma hora dessas, não são nem oito da manhã ainda. No mínimo o salário que ele ganha não paga nem o perfume que você esta usando agora. Seus pais nunca iriam aceitar uma pessoa assim ao seu lado, um carinha comum saído do meio do povo, um Zé ninguém. Imagine só você acostumada com mesa farta, frequentadora de festas regadas a champanhe e caviar ao lado de um homem que muito mal esta acostumado a frequentar festinhas de aniversário regadas à cerveja, guaraná e pão com ovo na casa de gente pobre. Ainda mais você que quer ser doutora, que està fazendo cursinho para prestar vestibular de medicina andando por ai com um cara semi-analfabeto a tira colo. Já pensou a vergonha que seus pais passariam por sua causa. Não, nem pensar, você não faria isso. Neste conflito de pensamentos Taiane resolveu encurtar sua caminhada tomando o rumo de sua residência sem ao menos olhar para trás, pois não queria correr o risco de uma recaída. Passaram-se alguns dias sem que ela ousasse retomar a caminhada diária, mas isto de muito pouco adiantou, pois a imagem daquele moço teimava em permanecer em sua memória. Ela passava o dia inteiro pensando nele, à noite sonhava sonhos mirabolantes, daqueles de deixar qualquer puritano vermelho de vergonha. Diante do tormento que era para a garota a imagem pecaminosa em sua mente ela achou que o único jeito de por um fim a esta situação seria aceitar o assédio de Pedro, um rapazinho que a persegue desde os tempos da sétima série. Com ele não teria problema nenhum, haja visto que sua família também era abastada, o pai dele inclusive já tivera negócios em comum com o seu próprio pai, pois foram sócios em uma época não muito distante. Hoje o pai dele é dono de vários postos de gasolina na cidade e também em cidades vizinhas. Passados uns oito anos mais ou menos a loirinha linda e perfumada se tornara uma mulher mais bonita ainda, formada em medicina como era seu sonho, casada com Pedro um dos homens mais ricos da região, morando em uma casa enorme bem em frente à praia das toninhas, uma das mais frequentadas da cidade, qualquer um que a visse poderia jurar que ela era uma pessoa de sucesso, feliz e realizada. Pura mentira, Taiane vivia infeliz, seu casamento era só fachada, seu marido nunca conseguirá fazê-la se sentir mulher de verdade, talvez nem fosse por culpa própria já que ele fazia de tudo para agradá-la, porém o fato é que junto dele ela nunca conseguiu sentir o mesmo magnetismo que sentira naquela manhã em que caminhava pelo calçadão anos atrás, quem sabe a culpa de um casamento fracassado fosse dela, afinal nem o tempo conseguiu apagar de sua memória a figura daquele pobretão que ela vira uma única vez. Em uma auto crítica profunda Taiane decidiu que não era justo continuar com a farsa que era seu casamento, afinal Pedro , a figura mais inocente nesta trama toda era a pessoa que mais sofria com isso. Mais uma vez Taiane tomou para si a decisão de mudar seu próprio destino. Pediu o divorcio pouco se importando com o que seus pais iriam pensar, mudou-se para Taubaté, uma das grandes cidades do Vale do Paraíba, distante uns cem quilômetros da sua terra natal disposta a exercer sua profissão, já que apesar de formada ela ainda não tinha exercido a medicina por causa do seu casamento com Pedro. Recém chegada á nova cidade ela que arrumara emprego em um grande hospital local, desconhecia totalmente o transito do lugar cometendo gafes enormes por causa disso. Mas como diz o ditado Deus escreve certo por linhas tortas e foi justamente em mais uma de suas gafes no transito que Taiane finalmente se encontrou com a felicidade. Foi um dia estafante no hospital onde ela atendera a vários casos, alguns bem simples, outros gravíssimos como o daquele homem que chegou infartado ou o daquele rapaz baleado e cansada como estava ela não via a hora de chegar em casa para dormir um pouco. Foi nessa pressa toda que ela pegou o carro e saiu a toda, só que ao chegar em determinado trecho da avenida, se perdeu dobrando uma esquina que para ela era contra mão e foi parar quase embaixo de um enorme caminhão que vinha no sentido contrário. O susto aliado com a batida na cabeça devido a freada brusca a fez desfalecer. Quando voltou a si Taiane se imaginou morta, se imaginou no céu, pois estava amparada nos braços de Léo, um homem bonito e musculoso que por coincidência era aquele mesmo que atormentava seus pensamentos por todos esses anos. Ela não pensou duas vezes, se agarrou ao seu pescoço e o beijou longamente na boca. E deste dia em diante Taiane nunca mais soube o que era tristeza.pegou o carro e saiu a toda, só que ao chegar em determinado trecho da avenida, se perdeu dobrando uma esquina que para ela era contra mão e foi parar quase embaixo de um enorme caminhão que vinha no sentido contrário. O susto aliado com a batida na cabeça devido a freada brusca a fez desfalecer. Quando voltou a si Taiane se imaginou morta, se imaginou no céu, pois estava amparada nos braços de Léo, um homem bonito e musculoso que por coincidência era aquele mesmo que atormentava seus pensamentos por todos esses anos. Ela não pensou duas vezes, se agarrou ao seu pescoço e o beijou longamente na boca. E deste dia em diante Taiane aquela mesma que quando mocinha exalava a perfume Frances nunca mais soube o que era tristeza.
Autor: Salvador Mario Camphora


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