RESENHA DO ROMANCE IRACEMA



RESENHA DO ROMANCE IRACEMA
ADRIANA LUCIANO SANTOS

ALENCAR, José de. Iracema. (Col. Travessias). São Paulo. SP: Editora Moderna, 1993.
José Martiniano de Alencar, um dos maiores escritores da literatura brasileira, nasceu em Messejana, no Estado do Ceará no dia 01 de maio de 1829. Desempenhou várias atividades no decorrer de sua vida, foi advogado, jornalista, político, poeta, orador, crítico, romancista e teatrólogo, faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1877. Por desígnio de Machado de Assis torna-se patrono da Cadeira número vinte três da ABL (Academia Brasileira de Letras).
Publicado no ano 1865, o romance romântico Iracema, segundo livro da linha indianista de José de Alencar, foi muito bem aceito e elogiado por Machado de Assis em artigo publicado em um dos principais jornais da época, O Diário do Rio de Janeiro.
O livro composto por 33 capítulos e narrado principalmente em terceira pessoa, conta o desenrolar da história de amor entre Martim, colonizador português do ceará, e Iracema, bela índia da tribo tabajara, filha do pajé Araquém. A narração se inicia com Martim indo à caça com seu amigo Poti, guerreiro da tribo pitiguara inimiga dos tabajaras, e perde-se nas matas a adentrar no território rival. Inesperadamente encontra Iracema, que o acolhe e o leva à cabana do pai dela, onde é bem tratado e recebido. Por essas razões, resolve aguardar a volta de Caubi, irmão da jovem, para levá-lo a salvas aos domínios pitiguara. Porém, a manceba apaixona-se por Martim, fato que é tomado como traição, pois ela não poderia relacionar-se com nenhum homem, já que guardava o segredo da jurema como virgem sacerdotisa de Tupã. Com isso, os jovens resolvem fugir a contar com a ajuda de Poti. Devido a essa decisão, Irapuã, chefe da tribo tabajara, movido por ciúmes quer vingar-se do europeu, a trava uma guerra com a tribo rival, no entanto o guerreiro não contava com a derrota de sua tribo. Pobre Iracema, além de sofrer com a morte de seu povo, tem que conviver com a ausência do amado esposo, que saíra em uma longa jornada a procura de amenizar a saudade da distante pátria a deixar sozinha e grávida sua linda esposa. Ao retornar ele a encontra a beira da morte de tanto esforçar-se para alimentar seu filho Moacir, logo em seguida Martim a enterra ao pé de um coqueiro, pois Iracema não resiste à debilitação.
Neste romance indianista, o autor José de Alencar além de idealizar o índio e a mulher, ele exalta a natureza numa narrativa que se apresenta ora onisciente ora onipresente. Tudo para dar mais beleza e expressar sentimento de nacionalidade ao contar a lenda da fundação do Ceará. O texto, como postulara os críticos, é de caráter prosaico e poético. Seu entendimento causa bastante dificuldade, porque Alencar faz bastante uso da linguagem indígena. Porém, esse é um dos motivos que torna a obra riquíssima em detalhes lingüísticos, bem como as adjetivações e comparações que são usados para descrever os personagens e destacar a natureza fazem com que o leitor "viaje" através da imaginação até a mata virgem descrita. Essa descrição exuberante, ou seja, o culto a natureza é uma das principais características do Romantismo.
Em suma, a obra é muito importante, pois conta fatos históricos ocorridos na formação do Ceará, do mesmo modo, apresenta de forma explícita um sentimento de nacionalidade a fazer uso de linguagem característica e descrição das belezas naturais, a proporcionar encantamento nos leitores até os dias atuais.







Autor: Adriana Luciano Santos Gouvêa


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