Aqui as flores não falam
José Luiz MARQUES
Mestre em Educação
Nem era preciso que ele falasse novamente. Ela já havia entendido tudo. Um casamento muito luxuoso como sempre sonhara. Muita luz, muitas flores, muita gente. Era o que se esperava de dois jovens tão bonitos e cheios de vida como eles.
Não, não poderia ser de outra forma. Muito ricos, bem formados, educados nas melhores escolas, os melhores carros, os melhores lugares, as mais belas festas e muita, muita mesmo, felicidade entre os dois. Amigos desde a infância, na adolescência se amaram.
Ambos sempre juntos freqüentavam lugares, conheciam pessoas, sonhavam com o futuro, riam de tudo e de todos.
Cresciam na vida ao sabor dela, na sua mais intensa profundeza, dedicavam-se como a duas borboletas coloridas que voam juntas entre o jardim que, também colorido, as faz misturarem-se a ele.
Eram assim Matheus e Rosana. Ele sempre muito atencioso à família e a ela. Deixou seus estudos para gerenciar duas empresas de automóveis do pai. Competente, já tentava uma terceira empresa, uma filial no interior e, para o futuro, mais algumas filiais ele pensava em abrir.
Ainda na flor da idade sonhava muito em formar sua própria família com Rosana, moça educada e estudiosa, cursando o segundo ano de Arquitetura.
Quando ela entrou no táxi, foi observando as pessoas que andavam apressadas, de rostos assustados, rumo à vida cotidiana daqueles que buscam sempre alguma coisa sem saber direito o que é.
Sentia-se bem, afinal de contas estava indo experimentar seu vestido de noiva. Seu objetivo era diferente, claro para si, era um sonho que estava quase por se concretizar.