O ALCOVITEIRO



O ALCOVITEIRO


Por acaso vocês conhecem alguma pessoa alcoviteira?
Vamos definir o que é um alcoviteiro: é aquele cara que adora um leva-e-traz, ou seja, um fofoqueiro.
Eu fico admirado com a cara de pau dessas pessoas, até parecem políticos! A diferença é que os fofoqueiros não ganham nada para ficarem invadindo a vida das pessoas. Mas o fato é que, como moro em uma pequena cidade do interior, o que não faltam são pessoas que adoram administrar a vida alheia e o fazem com propriedade, como se tratasse de suas próprias.
Mas existem pessoas piores do que os alcoviteiros: são os alcoviteiros prepotentes. Sim, são aqueles que além de interferirem na vida das pessoas, se acham acima do bem e do mal, tudo que diz respeito à eles é melhor do que dos demais mortais, mesmo que se trate de algo completamente sem importância.
Conheço uma pessoa que se encaixa perfeitamente nesse perfil, adora um barraco, quanto pior for a notícia mais feliz fica.
Certa feita, eu estava em um casamento e, como em todo casamento a gente acaba escolhendo uma roupa melhor, usa aquele sapato social que só sai do armário uma ou duas vezes por ano, chega até mesmo a colocar gravata! Pois bem, estava eu e essa pessoa na fila dos padrinhos aguardando a chegada da noiva quando ele olhou para os meus sapatos e disse:
- Achei muito bonito os seus sapatos!
Eu gostei do elogio, principalmente vindo dele, com toda a educação eu agradeci e acrescentei:
- Ora, mas meus sapatos são iguais aos seus, talvez tenhamos bom gosto.
Ao que ele me respondeu:
- Sim, mas há uma diferença: os meus são de couro legítimo.
Diante de tamanha soberba me calei, mas fiquei pensando o quão fútil essa pessoa é a ponto de procurar se valorizar em cima de algo tão banal.
O pior é quando ele começa a contar alguma bomba sobre alguém, nesse momento todo seu veneno é destilado e um caso simples se transforma em um evento de proporções dantescas.
Hoje já me acostumei aos seus exageros e acho até caricato seu jeito de ser, embora tenha sérias restrições aos seus comentários e procuro não alimentar suas invencionices.
Certa feita ele ouviu dizer de uma pessoa que também tinha ouvido dizer de outra pessoa que uma garota havia bebido demais e cometido exageros num quarto de motel com outros quatro rapazes. Vocês precisavam ver os olhos dele ao contar com riqueza de detalhes o que se passou entre aquelas quatro paredes: brilhavam como se fosse uma criança ao ganhar um grande brinquedo. Em apenas um dia ele havia disseminado aquela notícia para o bairro todo e incitava que a menina era uma completa depravada.
Alguns dias depois o fato foi esclarecido e a verdade veio à tona: a menina não tinha nada que ver com a história, aliás, sequer aconteceu coisa alguma.
Pensam que esse meu conhecido se sentiu envergonhado? Que nada! Veio com a maior cara de pau dizendo:
- O que o povo está dizendo é tudo mentira!
Ora mas que povo? Quem disse tudo aquilo foi ele!
Bom não vou me alongar contando mais detalhes sórdidos, o fato é que eu gostaria de alertar sobre quantas vidas podemos destruir por um comentário maldoso, que na maioria das vezes sequer conhecemos ou sabemos a verdadeira história.
É claro que é muito mais fácil espalhar pelos quatro cantos a desgraça alheia, porém é muito mais honroso e gratificante quando procuramos a verdade, quando vamos ao fundo do mistério e mesmo que chegando ao fundo do mistério e a verdade seja de fato escabrosa, tenho comigo que não devemos espalhar ou tripudiar sobre a desgraça alheia.
Precisamos ter em mente que o mundo dá voltas e da mesma forma que hoje crucificamos, podemos ser crucificados.
O mundo é muito grande e existem infinitas possibilidades para que você se realize, para que você se sinta bem consigo mesmo, para que você cresça.
Não é necessário que você seja como essa pessoa que mencionei acima, não é necessário que você se rebaixe para ter um pouco de atenção, para ser visto como importante pelos amigos.
Seu caráter fala por você e eu não quero acreditar que faça parte do seu caráter ser um alcoviteiro, uma pessoa que se delicie com a vergonha dos outros.
Procure não julgar, embora seja algo inerente à nossa personalidade, mas quando julgar, guarde para si, por que o que estraga a pessoa são as coisas más que saem de sua boca.
Por fim, seja feliz.
Mas que sua felicidade venha por seus méritos, pela sua bondade e pela sua dignidade, não seja como os alcoviteiros invejosos e prepotentes que vemos aos montes por aí.
Seja diferente!
Seja alguém.





Autor: José Ronaldo Piza


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