PRÁTICA PEDAGÓGICA PAUTADA NA TECNOLOGIA EDUCACIONAL



PRÁTICA PEDAGÓGICA PAUTADA NA TECNOLOGIA EDUCACIONAL

Eudira da Silva Pinto Almeida
Pedagoga, com Habilitação em Administração e Coordenação de Projetos Pedagógicos; Especialista em Planejamento e Gestão Escolar; Especializando em Psicopedagogia
Coordenadora Pedagógica


INTRODUÇÃO


Quando percebemos e atuamos com um entendimento de que o mundo está mudando, temos mais facilidade para compreender que o aprendizado em sala de aula também precisa mudar. As tecnologias da informação e comunicação, entre eles o computador, constituem-se, nesse contexto, ferramentas propulsoras de muitas mudanças.
Segundo Almeida (1987), desde o início das tentativas de se introduzir computadores na educação, têm sido comum os discursos que o computador fará maravilhas na escola, existindo, certa ideologia associada ao seu uso, disseminada por autores e conferencistas e pelos meios de comunicação.
Neste sentido, o presente artigo objetiva levantar uma discussão acerca do uso das tecnologias em uma escola da rede privada de Barreiras, apresentando o resultado de um trabalho de formação profissional desenvolvido com os professores dos anos iniciais do ensino fundamental. Para a realização do projeto, partimos da seguinte indagação: como é possível envolver o aluno, que hoje vivencia um mundo de informações veiculadas pelas mídias com tanta infinidade no uso dos recursos tecnológicos disponíveis pelo simples aperto de um botão, nas atividades pedagógicas da escola?
Dizemos isso porque sabemos que no mundo atual, as crianças têm contato com diversas formas de tecnologias desde que nascem. Para elas, a utilização de todos os aparatos tecnológicos se dá naturalmente. Sendo assim, sabemos que o computador, a Internet e as outras tecnologias podem facilitar o envolvimento do aluno em atividades escolares, pelas possibilidades com que são utilizadas no dia-a-dia da vida deles fora da escola.
Nossa hipótese é de que o ponto chave para a abordagem educacional não é determinar qual tecnologia deverá estar disponível na escola, mas como será utilizada no processo pedagógico.
Para que pudéssemos realizar essa proposta tivemos que contar com o apoio de todos os professores da instituição educacional, tanto nas atividades que seriam desenvolvidas, quanto nas reflexões a cerca do tema proposto.
Pautamos nosso trabalho nos seguintes objetivos: possibilitar um ambiente de aprendizagem interativo; estabelecer relações entre educação, comunicação e informática, de forma crítica, considerando o contexto social em que vivemos; proporcionar uma reflexão sobre a necessidade da utilização dos recursos tecnológicos na sala de aula; identificar a aplicabilidade dos instrumentos tecnológicos como apoio ao trabalho do professor; construir propostas de trabalho com o uso do computador e da internet; analisar e refletir sobre o uso de softwares educativos.
É importante salientar que, em si, as tecnologias da informática não conduzem às ligações entre o aluno e a máquina. Isto exigirá trabalho cooperativo do professor, desenvolvimento de formas de uso de ferramentas que não são fáceis e que demandam tempo, trabalho em equipe e experimentação.
A existência de uma cultura de Informática numa escola significa, em linhas gerais, a utilização freqüente dos recursos informáticos por uma parcela significativa das pessoas que compõem os vários grupos da escola e do sistema escolar, idealmente interagindo com a comunidade fora da escola.
Nesse sentido, pretendemos com esse projeto, inserir na proposta pedagógica da escola o uso freqüente e correto da tecnologia, especificamente: o computador, os softwares e a internet, proporcionando uma educação desafiadora construída coletivamente. Se assim for, será realizado um grande laboratório de aprendizagem, pautado na construção através da descoberta coletiva.

DESENVOLVIMENTO


Para o desenvolvimento do projeto, organizamos a nossa proposta da seguinte forma: leitura e discussão do texto "O Pensamento de Paulo Freire Sobre a Tecnologia: Traçando Novas Perspectivas"; produção de um livro sobre o assunto do texto, utilizando um software denominado: Story Book; planejamento e apresentação de uma aula utilizando o computador e seus recursos como: PowerPoint, internet, software e outros e, o datashow, finalizando o nosso projeto com a avaliação dos seguintes softwares: Puff ? inglês, Math Blaster ? matemática e Story Book - português.
O primeiro momento foi à discussão do texto "O Pensamento de Paulo Freire Sobre a Tecnologia: Traçando Novas Perspectivas". Vários pontos foram levantados a cerca do assunto que foi exposto em powerPoint e datashow. A participação dos professores se deu de forma satisfatória, pois levantaram questionamentos e reflexões significativas sobre o assunto, emitindo opiniões e construindo significados.










Após a reflexão sobre o texto nos dirigimos à sala de informática onde os professores construíram um livro com base nas informações discutidas. Para a elaboração do material foi disponibilizado o software Histry Book.

















No segundo momento, os professores planejaram uma aula sobre temas desenvolvidos na sala de aula e fizeram a apresentação da mesma com a utilização do datashow. Para a realização dessa atividade utilizaram o computador e seus recursos como: PowerPoint, internet, software e outros.
Vários temas foram abordados pelos professores, entre eles: Alimento e Movimento; Los animales, Movimento da Terra; Figuras Geométricas; O Desenvolvimento Humano; Planeta e Acentuação; Ruas Antigas de Barreiras; As profissões. As disciplinas envolvidas foram: Língua Portuguesa; Espanhol; Matemática; Ciências; Geografia; Inglês e História. Tiveram a oportunidade de desenvolver um trabalho interdisciplinar e puderam entender os recursos de que o computador dispõe para a realização de uma proposta interessante.
As aulas planejadas foram ricas em criatividade, pois os professores realizaram um verdadeiro laboratório de descobertas, que a cada apresentação despertava, nos membros presentes, o encantamento.
O terceiro momento foi à análise e avaliação de software. Foram avaliados os seguintes softwares: Puff ? inglês, Math Blaster ? matemática e Story Book - português.
Iniciamos o trabalho com a leitura e reflexão do texto: "Avaliação de Software Educativo: reflexões para uma análise criteriosa", esse material proporcionou aos professores melhor conhecimento a cerca do assunto para que pudessem fazer uma avaliação coerente.
Na avaliação dos softwares foram analisados os seguintes aspectos: I) Identificação ? autor, firma, objetivo, resumo, idioma, duração, preço, armazenamento. II) Base Pedagógica ? concepção teórica de aprendizagem, realização do ciclo descrição-execução-reflexão-depuração-descrição, de que forma o feedback é dado ao aluno, processo de construção do conhecimento, análise dos resultados, integração entre disciplinas. III) Classificação ? tipo, nível de aprendizado. IV) Aspectos Técnicos. V) Conclusões.
O grupo que avaliou o Story Book constatou que é um software de produção textual onde o aluno é o autor. Dispõe de muitos recursos audiovisuais para a produção de histórias. Seus pontos positivos são: teoria de aprendizagem construtivista permitindo livre atuação do aprendiz, pode ser trabalhado em qualquer disciplina, desenvolve a criatividade e testa as competências para a produção de textos. Notaram como pontos negativos: instruções só em inglês, não dá feedback ao aluno.
Após a avaliação do software Math Blaster, o grupo constatou que o mesmo proporciona ao aprendiz situações desafiadoras, proporcionando a resolução de problemas a fim de construir o conhecimento de forma significativa. Pontos positivos: linha construtivista, instruções em português, dá feedback ao aluno, possibilita a integração de diferentes disciplinas. Ponto negativo: não apresenta as instruções de forma clara.
O terceiro software a ser avaliado foi o Puffy. Após análise, o grupo constatou que o mesmo é um programa interessante, divertido, colorido, porém não possibilita outros caminhos para a solução das situações, seguindo uma linha Behaviorista de aprendizagem. É um software cansativo necessitando de aproximadamente duas horas para a finalização.
Todo esse trabalho proporcionou um grande conhecimento e entendimento da importância das tecnologias da educação para a prática do professor.

CONCLUSÃO

Sabemos que conhecimento vem passando por constantes transformações. A ciência por ser uma verdade relativa cria novos conceitos a cada descoberta e, todo esse processo de construção é influenciado pelas realidades vivenciadas em todo o mundo através da globalização.
Dentro dessa contextualização a tecnologia está cada vez mais presente, ou quem sabe, é a protagonista dessas mudanças.
A tecnologia deixa de ser vista como aparelho meramente mecânico e passa a ser considerada essencial no processo de construção. Essencial, não determinante, pois o ser pensante é o homem e não a máquina.
Essa transformação tecnológica chega a todos os âmbitos da sociedade, inclusive na escola. A escola passa a ser uma das grandes responsáveis na construção desses novos saberes.
Acompanhar o desenvolvimento tecnológico não é uma tarefa nada fácil para a escola. Investir na tecnologia requer um orçamento alto, que nem todos os governantes estão dispostos a pagar.
Esse investimento vai muito além de simplesmente adquirir máquinas, pois as mesmas por serem administradas por profissionais, estes precisam estarem preparados, e assim não assistirmos ao desperdício do dinheiro público quando constatamos que laboratórios inteiros estão sendo destruídos pela ferrugem, sem que um computador sequer tenha sido ligado.
De acordo com Assmann (1998), temos três analfabetismo a combater, o primeiro seria o da lecto-escrita, saber ler e escrever, o segundo é o sociocultural, saber em que tipo de sociedade se vive e o último é o tecnológico, saber interagir com máquinas complexas. E acrescenta que, toda escola incompetente em alguns desses aspectos é socialmente retrógrada.
Deveríamos achar as colocações de Assmann absurdas, pois vivemos segundo alguns autores, na aldeia global, na era da informação, na sociedade do conhecimento, mas quando saímos da teoria e vivenciamos a prática, suas idéias se confirmam, uma vez que, para alguns educadores a tecnologia é um bicho de "sete cabeças" a ser combatido.
Nessa perspectiva nos questionamos, até quando aceitar e conviver com essa situação?
No momento em que percebermos que as tecnologias não conduzem naturalmente as ligações entre princípios teóricos e práticos e para se tornar útil é necessário o trabalho cooperativo do professor no desenvolvimento de formas de uso dessas ferramentas, que não são fáceis e que demanda tempo, sendo necessário um trabalho de experimentação.
A palavra é essa, "experimentar", o conhecimento, a tecnologia é ciência e ciência é experimentação.
O professor precisa ousar mais, sair da acomodação e passar para a ação. Buscar se aperfeiçoar e aproveitar todas as oportunidades que surgirem.
Se aprendermos a lidar com a tecnologia como uma seqüência natural da evolução, conseguiremos desenvolver um trabalho pedagógico voltado para as novas tecnologias e assim proporcionarmos aos nossos educandos, momentos mais prazerosos, contextualizados, interdisciplinares e ricos de experimentações e descobertas.
Com base no trabalho desenvolvido com os educadores, pudemos constatar esse pensamento. A escola possuía toda condição de se desenvolver uma prática voltada para a tecnologia na educação, mas pela acomodação ou poderíamos dizer, falta de conhecimento, embora preferíssemos ficar com a primeira alternativa, esse trabalho não era realizado com freqüência.
Ao iniciarmos o referido projeto tivemos a preocupação de não sermos correspondidos, mas esse pensamento não se concretizou, pois todos os professores se mostraram dispostos e entusiasmados. E ao concluirmos o projeto perceberam a importância da nossa proposta. E o melhor de tudo, foi ter a felicidade de acompanhar a mudança, uma vez que passaram a rever sua prática pedagógica no que diz respeito às novas tecnologias aplicadas à educação.

Autor: Eudira Da Silva Pinto Almeida


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