REAÇÕES RELIGIOSAS AO CAPITALISMO



João Paulo Filgueiras1

A Revolução Industrial e, sua conseqüência, a Revolução Francesa aceleraram a evolução capitalista, provocando reações nas classes exploradas e nos grupos tradicionais que foram inseridos à força na economia mundial. Uma das formas foram às novas ideologias religiosas.
Esse momento assistiu a decadência de formas tradicionais de se exercer a religião, e a ascensão das inovações que atraíam as massas incapazes de compreender a dinâmica dos novos tempos e que precisavam de respostas para as mudanças que revolucionaram o seu mundo e as suas vidas. O Islã conseguiu se re-elaborar no período pós-revolucionário, mesclando idéias nacionalistas e orgulho religioso para criar uma nova identidade capaz de resistir a expansão Ocidental no seu território. Sua expansão nas fronteiras Africanas e Asiáticas - África Subsaariana, Sudeste Asiático e Ásia Central foram às fronteiras mais abertas a esse processo - mostra o declínio que as religiões tradicionais destas terras sofriam e o repúdio que o cristianismo imperialista sofreu nestas regiões.
Na Europa protestante e nos Estados Unidos, as igrejas fundadas na reforma já não ofereciam muito. As elites, influenciadas pelo iluminismo, optavam pelo ateísmo, especialmente nos meios mais intelectualizados. As massas exploradas e minorias discriminadas aderiam a seitas que ofereciam um cristianismo menos burguês e mais popular, adequado aos sentimentos e idéias desses grupos que buscavam novas ideologias para reagir ao desumano mundo no qual eram obrigadas a viver e para tentar modificar ou, pelo menos suportar, essa nova realidade.
As regiões católicas resistiam a essas seitas, sua cultura era mais conservadora sendo preferível manter-se nominalmente católico, embora houvesse um abandono em massa a qualquer prática cristã. No entanto, existiram movimentos messiânicos como Canudos e Contestado, o primeiro, embora recorresse ao catolicismo popular, impregnado de elementos do milenarismo medieval, reagiu à modernidade promovida pela República Brasileira, lembrando a resistência mórmon (EUA) e, devido a influencia moura na Península Ibérica, com aspectos culturais do Islã.
A força desses movimentos foi significativa. Mas eles predominaram nas classes menos favorecidas da sociedade e mais tarde perderam espaço para um socialismo racionalista - o Islã foi uma exceção. Já as elites adotaram o pensamento laico e racional, predominante ainda hoje.

1 Aluno do VII Período do Curso de Licenciatura em História - Faculdade de Ciências Humanas do Sertão Central
FACHUSC. Salgueiro - PE.
Autor: João Paulo Filgueiras


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