O Marxismo Acadêmico: Um Campo Para As Reflexões Sociológicas



O Marxismo Acadêmico: Um Campo Para As Reflexões Sociológicas*

André R. Pureza[i]

Para abordar, em linhas gerais, sobre o campo do marxismo acadêmico no Brasil, convém discorrer a respeito de uma noção que precisa ser imediatamente compreendida. Trata-se da noção de campo, e com mais forte razão pelo que justificou Pinto (2000, p. 71) a seu respeito: "o sociólogo deve utilizar a noção de campo, sobretudo, como norte de trabalho que o obrigue a ir tão longe quanto possível na análise de cada uma das séries independentes (disposições, obras, instituições etc.)". Sociologicamente, o campo é concebido como um sistema gráfico de sinais abreviados, isto é:

A noção de campo é, em certo sentido, uma estenografia [taquigrafia] conceptual de um modo de construção do objecto que vai comandar — ou orientar — todas as opções práticas da pesquisa. Ela [a noção de campo] funciona como um sinal que lembra o que há que fazer, a saber, verificar que o objecto em questão não está isolado de um conjunto de relações de que retira o essencial das suas propriedades (BOURDIEU, 1998b, p. 27).

Para esse fim, Bourdieu (1998b) acaba por desenvolver uma "teoria geral dos campos", a qual, de acordo com suas palavras:

[...] permite descrever e definir a forma específica de que se revestem, em cada campo, os mecanismos e os conceitos mais gerais (capital, investimento, ganho), evitando assim todas as espécies de reducionismos, a começar pelo econômico, que nada mais conhece além do interesse material e a busca da maximização do lucro monetário. (BOURDIEU, 1998b, p. 69, grifo do autor).

O valor heurístico desse modelo, na concepção de Pinto (2000, p. 85), "repousa sobre a generalidade de proposições em princípio aplicáveis a qualquer campo e ao mesmo tempo passíveis de serem especificadas para explicar múltiplas configurações". Acrescenta Pinto (2000, p. 71) que "a noção de campo é menos uma 'tese' do que um método que permite controlar as condições e os limites de uso do raciocínio causal". Um campo, bourdieusianamente falando, remete à idéia de um espaço específico, relativamente (mesmo em relação ao econômico) autônomo, onde os agentes, ajustados às regras imanentes ao campo, estão constituídos não como uma soma de indivíduos justapostos, mas como concorrentes entre si, à medida que passam a desenvolver práticas direcionadas à obtenção de bens raros em disputa no campo (daí sua lógica competitiva), e à medida que estejam dotados de um capital (de saberes e fazeres mais ou menos acumulados) correlato à natureza do campo em que estão inseridos (BARP, 2001).

Bourdieu (2004) pretende resolver o problema do inconciliável conflito entre interpretações externas e internas sobre as considerações acerca dos processos de organização, produção e distribuição sociais de um dado grupo. "Digo que para compreender uma produção cultural (literatura, ciência etc.) não basta referir-se ao conteúdo textual dessa produção, tampouco referir-se ao contexto social contentando-se em estabelecer uma relação direta entre o texto e o contexto" (BOURDIEU, 2004, p. 20). A conciliação proposta por Bourdieu (2004) está, portanto, no conceito de campo, entendido este como um espaço social intermediário localizado na área concêntrica em que tangenciam influências tanto externas, quanto internas. Diz ele:

[...] existe um universo intermediário que chamo de campo literário, artístico, jurídico ou científico, isto é, o universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem a arte, a literatura ou a ciência. Esse universo é um mundo social como os outros, mas que obedece a leis sociais mais ou menos específicas.

A noção de campo está aí para designar esse espaço relativamente autônomo, esse microcosmo dotado de suas leis próprias. Se, como o macrocosmo, ele é submetido a leis sociais, essas não são as mesmas. Se jamais escapa às imposições do macrocosmo, ele dispõe, com relação a este, de uma autonomia parcial mais ou menos acentuada (BOURDIEU, 2004, p. 20-1).

Em outro estudo, Bourdieu (1983a) esclarece a respeito do campo científico, sobre o que especificamente importa tratar, aqui:

O campo científico é sempre o lugar de uma luta, mais ou menos desigual, entre agentes desigualmente dotados de capital específico e, portanto, desigualmente capazes de se apropriarem do produto do trabalho científico que o conjunto dos concorrentes produz pela sua colaboração objetiva ao colocarem em ação o conjunto dos meios de produção científica disponíveis (BOURDIEU, 1983a, p. 136, grifo do autor).

Com base no que acima foi exposto sobre a noção sociológica de campo, é que se pretende abordar, ainda que brevemente, o campo do marxismo acadêmico. A história do marxismo acadêmico no Brasil, analisando-a segundo um ponto-de-vista bourdieusiano, tornou-se realidade na literatura científica (através de inúmeros trabalhos dos quais Tavares (1983), Carone (1986), Moraes (1995) e Ricupero (2000) fazem parte) em virtude de interesses tendencialmente pragmáticos, ou seja, interesses brotados das circunstâncias de emulação num campo específico onde já atuavam (conscientemente ou não) frações pertencentes a um grupo, que direta ou indiretamente construiu, ao longo do século passado, vínculos com a cultura marxista mais ampla (BOURDIEU, 1998).

O caráter pragmático que se observa daqueles que resolveram incorporar organicamente a história do marxismo no Brasil ao próprio habitus e, por conseguinte, ao concurso estratégico de sua autopromoção, é revelado pelas limitações de seu recorte histórico não raro centrado no Sudeste do país. Daí se pensar, ainda conforme a análise bourdieusiana, a história do marxismo acadêmico como a história do próprio grupo que fala de si mesmo. Há uma tendência a universalizar discurso e prática quem (fração ou grupo) logre reunir condições para jogar e, ao mesmo tempo, impor dentro de um campo específico (em que tenha vislumbrado maiores ganhos a partir de uma parte de seu capital correlato à natureza do campo — neste caso, do campo da historiografia do marxismo no Brasil) sua vontade como vontade geral (BOURDIEU, 2001). Faz-se uso das palavras de Bourdieu (2001) a fim de bem esclarecer esse ponto:

Cada campo é a institucionalização de um ponto de vista nas coisas e nos habitus. O habitus específico, imposto aos novos postulantes como um direito de entrada, não é outra coisa senão um modo de pensamento específico (um eidos), princípio de uma construção específica da realidade, fundado numa crença pré-reflexiva no valor indiscutível dos instrumentos de construção dos objetos assim construídos (um ethos) (BOURDIEU, 2001, p. 121).

Mas, se o que existe em termos de história do marxismo acadêmico no Brasil responde, em boa parte, aos anseios de tal ou qual grupo herdeiro e não prioritariamente aos anseios de todo e qualquer indivíduo ou grupo que julgue fazer parte desse campo genericamente constituído, tal qual o marxismo brasileiro, isto requer incrementos e não, ao contrário, confrontações motivadas por bairrismo, regionalismo e assim por diante; afinal, qualquer empresa de historiar o marxismo, hoje, não é inteiramente exeqüível sem um lastro erigido por quem quer que tenha feito e/ou continue a fazer a história do marxismo brasileiro com seus próprios passos, assim como por quem tenha complementado, registrando tais passos e/ou imprimindo outros tantos. Bourdieu (2001) afiança este posicionamento ao dizer:

Na realidade, em lugar do habitus tácita ou explicitamente exigido, o novo postulante deve trazer para o jogo um habitus praticamente compatível, ou suficientemente próximo, e acima de tudo maleável e suscetível de ser convertido em habitus ajustado, em suma congruente e dócil, ou seja, aberto à possibilidade de uma reestruturação (BOURDIEU, 2001, p. 121).

A complexidade da questão herológica do marxismo brasileiro não permite que, neste modesto espaço, dê-se conta de todos os seus meandros, a começar, por exemplo, por suas infindáveis filiações no meio acadêmico ou partidário ou, ainda, na interseção ou confluência dos mesmos. A propósito desse estudo, alui-se a formas de conflito social muito freqüentes no campo do marxismo, em que se enredam intelectuais marxistas não em função do embate teórico-ideológico com grupos não-marxistas – embora também válidos a análises sociológicas de tal natureza (como marxistas versus liberais, cristãos, anarquistas, foucaultianos, dentre outras formas tipológicas que possam ser acrescentados), e, sim, consigo mesmos.

No campo do marxismo acadêmico, está, de um lado, o grupo mais ou menos coeso de professores-pesquisadores que vê as teorias marxianas/marxistas não só como instrumentos de análise científicos da realidade, mas como objeto de análise sociológico; de outro, o grupo mais ou menos coeso de professores (mas não só destes), cujas preocupações com o marxismo se fundem menos em estratégias exegéticas que pragmáticas face à necessidade de alfabetizar politicamente os grupos sociais que tendem a engrossar os movimentos sociais urbanos e/ou rurais. Em uma palavra, trata-se dos marxistas acadêmicos e marxistas partidários. Nesse caso, interessa refletir brevemente sobre grupos de marxistas, que antagonizam no interior do espaço acadêmico universitário do sudeste brasileiro.

Tenciona-se tratar do tema sem a preocupação com uma delimitação rigorosa do que seja peculiar a este ou àquele grupo social e de como historicamente se constituíram dentro ou fora de instituições acadêmicas universitárias. Esclarecidos esses pontos, dá-se prosseguimento à análise, mostrando que o acurado e sistemático estudo sobre o marxismo acadêmico ganhou, no Brasil, fôlego, ou melhor, estatuto de cientificidade, no momento em que os universitários das principais instituições de ensino superior do Sudeste (mormente de São Paulo) o incorporaram à sua agenda científica; incorporaram-no quando a maioria dos membros do PC brasileiro demonstrava um desinteresse histórico por questões teóricas, como aventam estudos a respeito (KONDER, 1980; CARONE, 1986; MORAES (org.), 1995; RICUPERO, 2000).

Razão por que foram vistos, não raro, membros da intelectualidade partidário-comunista reagirem contrariamente às ambicionadas análises marxistas feitas por intelectuais universitários. O conteúdo de que se serve, agora, para refletir a respeito das lutas fraternais no campo do marxismo, são algumas críticas pontuais de Nelson Werneck Sodré, historiador marxista que antagonizou com marxistas uspianos[ii]. A importância de Nelson W. Sodré está baseada, também, no que Ricupero (2000) acentuou a seu respeito: além de suas contribuições ao desenvolvimento do pensamento social brasileiro, figura entre as exceções dentro do PC brasileiro que legaram profusos estudos sobre o marxismo. E em particular, por desferir sua diatribe contra os marxistas acadêmicos[iii]. É escusado dizer que a crítica de Sodré (1986) é formulada contra o famoso "grupo d'O Capital" ou, na definição de Roberto Schwarz, o marxismo uspiano. Segundo Espírito Santo Jr. [2004] (2008):

O marxismo uspiano é definido por Roberto Schwarz: 'Quando os jovens professores se puseram a estudar O Capital pensavam em mexer com a faculdade (...). O Brasil entrava por um processo de radicalização, e a reflexão sobre a dialética e a luta de classes parecia sintonizar com a realidade, ao contrário das outras grandes teorias sociais, mais voltadas para a ordem e o equilíbrio do que para a transformação. Entretanto, a conseqüência principal do seminário pode ter sido a inversa: através dele, a Faculdade é que iria influir de forma decisiva sobre o marxismo local' [...] (ESPÍRITO SANTO JR. [2004], 2008).

É a esse grupo, os marxistas uspianos, que Sodré (1986) endereça sua crítica:

Os magos e profetas suburbanos não têm originalidade, mas têm arrogância. Dominando as engrenagens culturais — burocráticas ou universitárias, às vezes mesmo quando fora delas, prestigiados por isso mesmo — decretam novas tábuas de valores, novas consagrações, assim como determinam o que os jovens estudantes a que orientam devem ler ou acatar. Quando indagados sobre autores ou professores que não lhes acompanham os ensinamentos ou reverenciam as obras, respondem que estes não são científicos, mas ideológicos. Ser ideológico — como se eles não o fossem, como se houvesse ciência que não o fosse — é heresia (SODRÉ, 1986, p. 54).

A crítica acima evidencia a reação de um grupo a outro, que se firmava fora do campo específico do marxismo institucionalizado sob a tutela partidária. Do ponto de vista teórico, tratou-se, no entanto, de um marco histórico, para o "marxismo brasileiro" (RICUPERO, 2000), o surgimento de estudos universitários, especialmente de marxistas (e mesmo não-marxistas) uspianos.Estes, por seu lado, rebatiam as críticas daqueles marxistas cuja carreira intelectual se consolidou mais ou menos fora do âmbito universitário, aos quais aqueles atribuem a reprodução de um marxismo demasiadamente empobrecido por um viés resultante dos embates ideológicos promovidos por inúmeras vertentes partidárias (marxistas, trotskistas, maoísta etc.) (MORAES (org.), 1995; RICUPERO, 2000). Percebe-se, com isso, que a luta no campo específico do marxismo não se dá apenas contra ideólogos burgueses, supostamente ou propositadamente, servindo à classe capitalista.

O conflito ideológico manifesto na indignação tanto de Sodré (1986) em relação a determinados marxistas acadêmicos, quanto destes em relação àquele e a tantos outros que se posicionaram de maneira contrária e hostil aos postulados acadêmicos, acaba por revelar uma forma de (re)atualização das relações de força, para usar um termo de Bourdieu (1983b), não muito suspeita (e convencional) aos olhos dos leigos. No campo do marxismo, há uma luta pelo monopólio dos meios de classificação e avaliação dos "bens" (aulas, livros, conferências) em circulação, e para tanto se vêem em busca de uma "retórica da objetividade", do "metadiscurso" que imporá aos demais a verdade do campo. Qualquer forma desviante serve de mote para os grupos de marxistas em conflitos. Sodré (1986), por exemplo, cita Marx para desqualificar os oponentes marxistas uspianos:

Houve um tempo, como na Idade Média, em que não se trocava senão o supérfluo, o excedente da produção sobre o consumo. Houve também um tempo em que não somente o supérfluo, mas todos os produtos, toda a existência industrial, passaram ao comércio, em que a produção inteira dependia da troca. [...] Veio, finalmente, um tempo em que tudo o que os homens tinham encarado como inalienável tornou-se objeto de troca, e podia ser alienado. Este foi o tempo em que as próprias coisas que, até então, eram transmitidas, mas jamais compradas — virtude, amor, opinião, ciência, consciência etc. —, em que tudo enfim passou ao comércio. Este foi o tempo da corrupção geral, da venalidade universal, ou, para falar em termos de economia política, o tempo em que tudo, moral ou físico, tornando-se valor venal, é levado ao mercado, para ser apreciado no justo preço (MARX In: SODRÉ, 1986, p. 54)

Face ao excerto marxiano acima, Sodré (1986) permite abrir um clarão no cerrado conflito entre ambos os grupos de marxistas, que, unilateralmente, intentam impor a todos no campo do marxismo brasileiro as "tábuas de valores" werneckianas ou uspianas. Por detrás desse conflito perene, não encerrariam questões de ordem material, uma vez que todos os oponentes inseridos no campo do marxismo são, a um só tempo, "adversários e cúmplices" (BOURDIEU, 1998b; 1983a, p. 153)?

Num certo nível de realidade simbólica, essas escaramuças teóricas parecem oferecer, como élan, tão somente a oportunidade efetiva de objetivar um novo e combativo consenso contrário ao anteriormente logrado por quem quer que se afigure como dominante e, mais do que isso, de poder, a um só tempo, erigir sobre os futuros escombros do edifício cultural e ideológico rival a vir abaixo, um outro, no qual a verdade encontrou, finalmente, seu autêntico endereço.

Mesmo Sodré (1986), que afirma com todas as letras o caráter venal da produção do conhecimento universitário, a exemplo do excerto em que diz que "A citação, obviamente, destina-se apenas a lembrar que o saber é também mercadoria, como a opinião" (SODRÉ, 1986, p. 54); mesmo Sodré, um "pensador mais independente" (RICUPERO, 2000, p. 101), ao atacar destarte os intelectuais marxistas acadêmicos, não parece estar isento da mesma crítica ou suspeição, ainda que se sinta "marginalizado" num campo em que as regras do jogo, desde meados de 1950, são instituídas por seus desafetos universitários, e por ele, de um modo ou outro modo, reproduzidas.

Teóricos de esquerda que laboram no campo do marxismo, a partir do habitus partidário, mesmo como representantes de um grupo relativamente indigitado na academia, acabam por reproduzir práticas assentadas no campo científico ao tentarem deslegitimar seus oponentes, com a acusação de que estes (no fundo) estariam motivados por fatores meramente econômicos. Interesses esses que tendem a ferir a base e o fundamento de um habitus, quese pretende depurado de elementos estranhos (exógenos) à lógica do campo científico. Nesse caso, o desinteresse material, determinado pelo princípio da neutralidade axiológica, não estaria sendo observado pelos marxistas acadêmicos.

É compreensível tal refrega, observando-a, principalmente, a partir da perspectiva dos que se afastam, na hierarquia do grupo de marxistas, da objetividade cultivada hegemonicamente no campus universitário, ou porque não dizer, no campo do marxismo acadêmico. Na medida em que a relação entre o marxismo e a universidade brasileira foi-se constituindo, no país, aumentou o drama dos não autorizados cientificamente (ou seja, dos não vinculados ao campo universitário, como os acadêmicos que estão dispostos a observar os critérios instituídos pela ciência) à fala ou ao veredito final, como é o caso dos militantes de esquerda, ensaístas, intelectuais free lancers etc. A propósito, Bourdieu (1998b) é quem reforça a compreensão destes fenômenos políticos não convencionalmente manifestos no campo propriamente científico. Segundo a análise de Bourdieu (1998b):

[...] a luta pelo monopólio da elaboração e da difusão dos princípios de di-visão do mundo social está cada vez mais estreitamente reservada aos profissionais e às grandes unidades de produção e de difusão, excluindo de facto os pequenos produtores independentes (a começar pelos 'intelectuais livres') (BOURDIEU, 1998b, 194).

Utilizando-se daqueles que, por longa data, têm tido a seu favor (quer sejam intelectuais "livres", quer pertençam a instituições partidárias, universitárias ou burocráticas) o poder hegemônico da palavra ou das "disposições duráveis" pautadas em condições objetivas para assumi-lo (de modo que ao falarem silenciam outras vozes), esse rápido périplo vem servir para mostrar que, em outros contextos sociais e culturais do país, os estudos sobre o marxismo no Brasil têm nuances ainda não vislumbradas pela sociologia. Provavelmente, esse processo de constituição simbólica do marxismo acadêmico tem reflexos em muitas instituições partidárias e universitárias do país, principalmente pelo fato de determinadas universidades sudestinas terem se constituído, ao longo do século XX, em centros difusores do pensamento social brasileiro – o mesmo não deixando de ocorrer com instituições partidárias de esquerda.

Do ponto de vista sociológico, o campo do marxismo acadêmico em universidades difusas por outras regiões, conquanto não tenha se constituído com igual envergadura de produção, circulação e consumo (tanto de bens, quanto de serviços), não deixa de apresentar similitudes, constituindo-se como parte de um mesmo e abrangente processo histórico de enraizamento da cultura marxista no pensamento social brasileiro. E sobre o qual ainda falta um esforço de síntese capaz de compreendê-lo em sua magnitude histórica e sociológica.

REFERÊNCIAS

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CARONE, Edgard. O Marxismo no Brasil (das origens a 1964). Rio de Janeiro (RJ): Dois Pontos Editora, 1986.

ESPÍRITO SANTO JR., Lúcio E. [2004] Cultura e Política 1980-90. Disponível em: www.midiaindependente.org. Acesso em: 25/04/2008.

GORENDER, J. Combate nas trevas. 5a ed., São Paulo (SP): Ática, 1998.

KONDER, Fábio. A democracia e os comunistas no Brasil. Rio de Janeiro (RJ): Edições Graal, 1980;

MORAES, João de Quartim (org.) História do Marxismo no Brasil (v. II). Campinas (SP): Editora da Unicamp, 1995.

PINTO, Louis. Pierre Bourdieu e a teoria do mundo social. Rio de Janeiro (RJ): Editora FGV, 2000.

PUREZA, A. R. O campo do marxismo na UFPA: a trajetória do marxismo acadêmico a partir das contribuições dos docentes ufpianos nos anos 80 (TCC). Belém (PA): UFPA, 2004.

RICUPERO, Bernardo. Caio Prado Jr. e a nacionalização do marxismo no Brasil. São Paulo (SP): EDUSP, 2000.

SODRÉ, Nelson Werneck. A classe operária e a abertura. São Paulo (SP): Cerifa, 1983.

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TAVARES, José Nilo. Marx, o socialismo e o Brasil. Rio de Janeiro (RJ): Civilização Brasileira, 1983.

Notas




Autor: André Pureza


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