IRMÃ NOELÍ LÚCIA DE MELLO: VIDA E OBRA



Odalberto Domingos Casonatto
Rosalir Viebrantz

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UMA SANTA BRASILEIRA

Talvez fosse muita pretensão, falar da Irmã Noelí Lúcia de Melo como uma santa brasileira. Pois ainda ninguém pensou em instaurar um processo canônico de Beatificação, mas certamente por sua vida, obra e busca da santidade em todos os momentos de sua vida um dia isto acontecerá.
A santidade foi uma busca constante na vida da Ir. Noelí. Desde a infância sentiu uma atração especial pela oração e pelo trabalho aos pequenos e pobres. Já na Escola se preocupava por eles e quando decidiu ser religiosa a motivação, forte, foi encontrar o Cristo em seus irmãos.
Irmã Noelí deixou seu caminho de santidade, no serviço apostólico: em sua comunidade religiosa; na comunidade paroquial da Vila Luiza; nas Creches da Assistência Social Diocesana Leão XIII e no trabalho com os pobres das periferias de Passo Fundo.
Um acidente inexplicável de automóvel tirou-lhe a vida. Enquanto exercia a caridade cristã. Irmã Noelí distribuía verduras da Chácara das irmãs aos pobres das Vilas Santa Marta e Perimetral.
Encontrou na Congregação das Irmãs Missionárias Franciscanas do Verbo Encarnado; o lugar ideal para seguir seu caminho de santidade. Passo a passo, ela caminhava na estrada de Jesus. E seguia-o através do serviço aos pobres, doentes, desprotegidos, pequenos e excluídos da sociedade.
Certamente, hoje, nos céus intercede por todas as lideranças das Vilas de Passo Fundo. Para que se organizem e encontrem saídas para uma vida mais digna e humana.

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O BERÇO

Noelí Lúcia de Melo é filha do agricultor Nilo Antônio de Melo, nascido em Garibaldi aos 7 de novembro de 1925 e de Azelinda da Silva Melo, nascida em Não-me-Toque dia primeiro de maio de 1929.
No diário particular que irmã Noelí escreveu quando fazia o noviciado no Uruguai encontramos a seguinte referência aos Pais:
"O meu Pai. É um homem bom, simples, trabalhador e humilde. Um homem que com o suor de seu rosto edificou uma família. No início teve muitas dificuldades e depois com o tempo e o crescimento dos filhos foi superando suas dívidas e começou a progredir com sua pequena granja. Educou seus filhos para o bem e a vida comunitária. Sempre desejou levar-nos ao bom caminho, fomentando a união e dando-nos toda a liberdade na escolha da vocação".
"A minha Mãe. Uma senhora muito boa, que em seus olhos celestes transparecia tanta ternura. Ela casou jovem e toda a sua vida dedicou a seu marido e filhos. Trabalhou muitíssimo para levar adiante todas as responsabilidades da casa, dos filhos e ajudava ao Pai no campo. Sempre foi a primeira a levantar e a última a deitar-se. Jamais reclamou das dificuldades que passou, educou os filhos de forma cristã sendo ela que iniciava as orações em comum da família. Era muito companheira das filhas e somente queria o bem delas".
Noelí Lúcia foi à quarta dos filhos do casal Nilo e Azelinda, nasceu linda e robusta de um parto feliz em sua própria casa, como era comum todo o nascimento da época. No dia 26 de novembro de 1956 no município de Não-me-Toque no lugar denominado Bom Sucesso nasceu Noeli Lúcia.
Logo após seu nascimento foi batizada, na comunidade de Bom Sucesso. No final do batizado os pais a consagraram a Nossa Senhora. Diante da imagem da santa, no altar lateral da capela entregaram a menina a seus cuidados. Nascia neste momento a vocação a vida religiosa da Irmã Noelí, que em outros momentos de sua vida amadureceu e tornou-se realidade na Congregação das Irmãs Missionárias Franciscanas do Verbo Encarnado.

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A INFÂNCIA

Os primeiros anos da vida de Noelí foram vividos no interior do município de Não-me-Toque, no lugar denominado Bom Sucesso. Até os três anos de idade, não podia participar de todos os brinquedos com os seus outros três irmãozinhos maiores, pois a consideravam muito pequena.
Como era costume na época, Noelí foi crismada muito cedo; com quatro anos de idade, por ocasião da visita Pastoral de Dom Cláudio à Paróquia. Isto acontecia a cada quatro anos. A cerimônia da Crisma aconteceu na Capela. A madrinha foi uma moça que ela queria muito bem. A filha da madrinha de batismo. Alguns anos mais tarde, na crisma de sua irmã Nair, criou Noelí coragem e resolveu seguir a vocação religiosa.
Com a idade de cinco anos era uma criança tranqüila, amável e tímida, tinha muito carinho por seus pais e gostava muito deles. O Pai quando retornava da cidade ou da Capela sempre lhe presenteava com caramelos.
Nesta época Noelí pela primeira vez foi ao médico. Entrou um grão de milho no nariz. Foi um susto aos pais, pois o grão começou a inchar. Seu Pai levou-a ao Hospital a cavalo.
Neste mesmo ano tiveram outro grande susto: a irmãzinha que apenas começava a caminhar. Afundou-se na fonte d?água. Quando foi encontrada estava gelada, com os olhos brancos e parecia morta. Fizeram massagens e aquecimentos com panos quentes. Devagar voltou a si, vomitando quantidade de água.
Quando Noelí completou 6 anos de idade. Sua Mãe deixava-a ir à casa da avó, quando estava adoentada. Noelí gostava de ir lá. A avó sempre tinha muitas histórias para contar.
Em casa sua Mãe não se cansava de ensinar a rezar. À noite rezavam o terço e ela rezava sentada dentro de um baú de roupas velhas.
Nesta época aconteceu algo de muito triste para sua família. Neste ano morreu o irmãozinho Neri, faltava um mês para completar quatro anos de idade, todos choravam muito no velório. Quando passou perto da Mãe ela ergueu-a nos braços e levantando o lenço que tapou o rosto de seu irmãozinho morto disse: "Noelí! olha bem para ele que depois de hoje não o veremos mais...."
Depois, nasceu outra irmãzinha. Estavam tão contentes! Colocaram o nome de Nália. Seu Pai tirava leite, fazia comida para todos e caldo de galinha para sua mãe que estava de cama, todos estavam ao redor dela e do nenê quando ela disse: "se Neri estivesse vivo também estaria contente!" Com isso compreenderam o grande amor da mãe para cada filho, desde aquele dia começaram a sentir mais amor por ela.
Autor: Odalberto Domingos Casonatto


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