Abismos
Uma morte diferente a cada vez que olho-me no espelho e não me reconheço
Neste último segundo uma gota cristalina caiu no oceano imenso de escuridão e luzes e banhou-me em desespero e angústia e sufocou meu peito com tamanha força,
Força descomunal que não resisti...
Existem abismos enormes em nossa alma
A taça de vinho ainda quente nas palmas de minhas mãos ainda quentes são meu sudário
Enxergo agora com outros olhos a solidão que me cerca
Ouço novos versos...
Festejo em novos ritos...
Percebo como é tão suave a dança da folha com o vento e como tão insinuante são seus gestos...
Neste asilo incorporo a dor que existe
Esqueço-me do corpo ainda quente que guarda ainda o gosto doce do último vinho, tão rubro e denso como meu sangue que mancha meus lençóis...
Esta babel de sentimentos
Esta imensa ferrugem encravada em minha alma
Tão tortuosas e duvidosas são as sendas que se abrem sob meus pés
E no grimório não reconheço mais a escrita pura dos anjos que caíram
Sua poesia se esqueceu no intervalo abismal de sua queda
Sinto arder os pulsos que gotejam rubro o sangue ou o vinho de meu corpo
Perdido no espaço infinito de um segundo...
Autor: Ronaldo Campello
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