Uso do Hibiscus rosa-sinensis em Projetos de Paisagismo



O USO DE Hibiscus rosa-sinensis EM PROJETOS DE PAISAGISMO

Autores: Carlos Humberto Biagolini
Carlos Humberto Biagolini Jr.
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RESUMO:

Há muito tempo que o paisagismo é praticado pelo homem, com a intenção de tornar seu ambiente confortável e bonito. A busca por vegetais que atendam a estas necessidades sempre foi praticada. O Hibiscus rosa-sinensis é um vegetal pertencente à família das malváceas, gênero Hibiscus-sp, que apesar de exótico, atende as diversas necessidades que um paisagista procura. Está altamente adaptado ao clima brasileiro e por isso é resistente a diversas pragas que atacam plantas, produz flores o ano inteiro, não apresenta raiz agressiva que quebra e destrói pisos, já possui uma fauna relacionada devido ao tempo em que se encontra no país é de fácil reprodução e suas flores são atóxicas. Foram realizados testes de desenvolvimento de estacas com diferentes tipos de solos para identificar quais as melhores condições de plantio definitivo ou na produção de muda por estaca e os resultados indicam que o vegetal nos estágios inicial após o plantio de estacas, se desenvolve melhor com um substrato combinado entre terra, fertilizantes NPK (10-10-10) e torta de mamona, utilizados nas proporções indicadas pelo fabricante. Através de pesquisa realizada com paisagistas que normalmente incluem Hibisco em seus projetos, detectou-se que as principais vantagens de utilização da planta estão na beleza de suas folhagens, na variedade de cores de suas flores, na presença de raiz não agressiva e na vocação de atração de aves de pequeno porte.

INTRODUÇÃO

O paisagismo é prática antiga e nas descobertas arqueológicas; Babilônia, Egito e Pérsia foram as mais antigas civilizações a terem jardins. Os jardins naquela época e naquelas regiões eram bem diferentes dos jardins de hoje, pois os terrenos eram áridos, secos, frios em determinadas épocas do ano e muito quente em outros momentos. As árvores na maioria das vezes eram frutíferas e haviam muitos condimentos cultivados e o paisagismo era dominado por plantas em linhas retas (Camargo, 2003).
Havia o hábito dos governantes buscarem a construção de réplicas de lugares bonitos que um dia teriam visitado. Mesmo os governantes que comandaram países com "mãos de ferro", viviam em grandes castelos com lindos jardins. Os jardins suspensos da Babilônia (3500 aC), uma das sete maravilhas do mundo antigo, continha exemplares de vários lugares, trazidos como troféus. Já o Jardim Oficial de Tebas, no Egito (2000 aC) era descrito como sendo um espaço retangular com canteiros de flores, cercas-vivas e um grande caramanchão de parreiras, além de uma piscina cercada por altos muros.Este modelo persistiu por milênios até que em 500 aC, na Pérsia, surgem os primeiros registros sobre o cultivo de flores perfumadas, tal como rosas e violetas (Camargo, 2003).
Mais tarde, no Renascimento, surgiu a curiosidade pelo mundo natural e o interesse em buscar formas harmoniosas para os jardins, outrora confinados eram agora espaços maiores e abertos aos visitantes e à circulação de pessoas. O Castelo de Versailles passou a ser o expoente máximo do paisagismo formal. Com canteiros repletos de diferentes plantas, associado a chafarizes de formas variadas, deixa claro o porque de ter sido o máximo em sua época (Camargo, 2003).
Assim, verificamos que o paisagismo surge com o principal objetivo de criar caminhos que despertem sensações que um jardim pode causar. O arquite e paisagista, transformam o espaço, proporcionando ambientes de lazer e satisfação bem diferenciados, tendo como propósito principal o homem em contato com a natureza. Desta forma, são utilizados elementos naturais distintos e fundamentais à vida humana; a madeira, a pedra, o verde e a água (Hanazaki, 2003).
Na busca de plantas que atendam então os anseios dos projetistas arquitetos, o Hibiscus-sp, embora seja uma planta exótica está altamente adaptado ao clima, solo e fauna brasileira e também ao gosto da população que o utiliza em plantios domésticos em calçadas, jardins, cercas vivas. É também encontrado em praças, calçadas públicas, parques e áreas de mata que sofreram ação do homem. A floração ocorre o ano todo e suas flores podem ser brancas, amarelas, vermelhas, laranja, lilás ou creme, sendo estas as cores mais populares (cnip. org.Br, 2003; CESP, 1988).
O Hibiscus rosa-sinensis, pertence à família das Malvaceae, e apresenta controvérsia quanto à origem. Enquanto para alguns autores são citados como planta originária da América do Norte, para outros o Hibisco tem origem no continente asiático, mais precisamente na China, onde é conhecido como Rosa-da-China (Benton, 1996; Averbuck, 2001; Vernooy, 2001). Há, no entanto espécies que são provenientes da África como o Hibiscus sabdariffa e Hibiscus schizopetalus (Lorenzi, 2001).
Hoje é possível encontrar Hibiscos de diversas cores e formas, resultado da combinação entre espécies e assim chamados de híbridos. Os Hibiscos híbridos apresentam maiores dificuldades de enraizamento e desenvolvimento. Em contrapartida, a maioria dos híbridos possui folhas maiores, mais brilhantes e flores maiores ou muitas vezes com maior número de pétalas, popularmente chamadas de "dobradas".
Em 1990, um grupo de 10 produtores de Hibiscos da Holanda, uniram-se para promover o desenvolvimento genético destas flores de cores fortes e variadas com o objetivo de produzir plantas com características que atendessem diversas necessidades do mercado consumidor e também de produtores. As plantas provenientes destes cruzamentos passaram a apresentar maior resistência nas folhas, resistindo mais à falta de cuidados que outras variedades exigem. As flores são maiores que as convencionais (Vernnoy, 2001).
Atualmente, algumas flores chegam a atingir até 28 cm de diâmetro em vários tons de cores. (Florida?s Garden, 2001).
Por todas as vantagens que o Hibisco apresenta, este vegetal pode em muitos casos ser a solução de arborização urbana, pelo pouco espaço que ocupa e pela preservação estrutural do imóvel onde é plantada.

MATERIAL E MÉTODO

MATERIAL

O material de estudo, foram exemplares de Hibiscus-sp .

MÉTODO

Foi elaborado questionário com a intenção de verificar o grau de aceitação da planta Hibisco em projetos de paisagismo.

Realizou-se também teste de desenvolvimento de 7 variedades em 4 tipos de solos diferentes, perfazendo um total de 28 estacas, a saber:

.04 estacas de Hibiscus rosa-sinensis variedade rosa claro;
.04 estacas de Hibiscus rosa-sinensis variedade rosa comum;
.04 estacas de Hibiscus rosa-sinensis variedade vermelho mini
.04 estacas de Hibiscus rosa-sinensis variedade variegatus
.04 estacas de Hibisco rosa dobrado híbrido
.04 estacas de Hibisco vermelho gigante híbrido
.04 estacas de Hibisco salmão dobrado híbrido

Tipos de substratos testados:

Terra + NPK (10-10-10) + Torta de Mamona.
Terra + Torta de Mamona
Terra + NPK (10-10-10)
Terra pura

Assim sendo, cada recipiente de teste, com um tipo de solo, recebeu 7 estacas de variedades diferentes. As estacas plantadas nos devidos recipientes foram mantidas em estufa de plástico, coberta com tela de nylon, tendo sido regadas a cada dois dias, oferecendo-se quantidade igual de água para cada grupo. Ao final de 60 dias corridos, as estacas foram retiradas do substrato para serem analisadas quanto ao desenvolvimento de folhas e raízes. Os resultados foram os seguintes:

? As estacas de Hibisco rosa claro simples obtiveram brotamento em todos os tipos de solo, porém com maior eficiência na mistura de terra com adubo NPK (10-10-10)+torta de mamona, na proporção indicada pelo fabricante do fertilizante, nas demais combinações os resultados foram inferiores.
? As estacas de Hibisco rosa mais escuro obtiveram brotamento em todos os tipos de solo, porém com maior eficiência na mistura de terra com adubo NPK (10-10-10) mais torta de mamona, na proporção indicada pelo fabricante do fertilizante, nas demais combinações de solo os resultados foram inferiores.
? As estacas de Hibisco vermelho mini (híbrido), não obtiveram brotamento satisfatório em nenhuma das combinações testadas.
? A estaca de Hibisco vermelha variegatus obteve brotamento satisfatório em pelo menos 3 estacas na combinação de solo terra comum + torta de mamona e também na combinação terra comum+torta de mamona+ NPK (10-10-10), nas demais combinações de solo os resultados foram inferiores.
? As estacas de Hibisco rosa dobrado híbrido obtiveram brotamento satisfatório em todas combinações de solo testadas, sendo eles: terra+NPK+torta de mamona, terra + torta de mamona e terra comum e terra + NPK
? As estacas de Hibisco vermelho gigante híbrido não apresentaram resultados favoráveis em nenhuma das misturas testadas.
? As estacas de Hibisco salmão dobrado híbrido, apresentou brotamento em apenas 2 estacas estas inseridas no substrato terra+NPK+ torta e terra comum pura.

Assim sendo concluímos que as variedades puras, não híbridas, apresentam melhor desenvolvimento na reprodução por estacas.


Na pesquisa realizada com paisagistas, entre 25 profissionais procurados, os resultados foram os seguintes:



? 14 Utilizam hibisco com freqüência.
? 08 Utilizam hibisco às vezes, dependendo da possibilidade.
? 02 Utilizam raramente.
? 01 Não usa, mas acredita que pode vir a utilizar.


CONCLUSÕES FINAIS

? As variedades mais conhecidas e utilizadas em projetos de paisagismo são o rosa e vermelho simples, não híbridos.
? A utilização de solo com terra comum sem implementação de fertilizantes, favorecem ao brotamento das variedades simples não híbridas.
? O Hibisco é conhecido por profissionais da área de paisagismo, embora seja uma planta exótica.
? Das variedades híbridas, a que mais se destaca em facilidade de brotamento e desenvolvimento é o Hibisco rosa claro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMARGO, N. A . 2003. Os Grandes Jardins da Antiguidade. Site www.ojardim.com.br/jardim.PI e II.

CESP, 1988. Guia de Arborização. 3a edição., São Paulo.

LORENZI, H. & SOUZA, H.M.; MOREIRA, H., 2001. Plantas Ornamentais no Brasil: Arbustivas, herbáceas e trepadeiras, 3a Ed, Nova Odessa: Instituto Plantarum.

VERNOOY, R. 1999. Boletim Panorama Flores. Holambra. Ed. Interna.

FLORIDA?S GARDEN. 2003. Flores de Hibisco, Maricá, Site www.hibiscos.com.br/floresexoticas.html.
Autor: Carlos Humberto Biagolini


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