A Nova Seleção Brasileira de Futebol de Mano Menezes



ARTE & MANHAS
A jovem seleção brasileira, sob o comando do Mano Menezes, que venceu a dos EE.UU, demonstrou claramente ao mundo, em geral e aos brasileiros, em particular, a viabilidade de se compatibilizar o futebol-arte com a garra e obter excelentes resultados. A equipe anterior, sob o comando do Dunga, começou a perder a Copa partir da própria convocação. Enquanto o Brasil exibia um time, os demais exibiam uma seleção. Há muito que não víamos um elenco com um desempenho tão previsível. À exceção do Júlio César e do Robinho, os demais já haviam alcançado seus limites e esgotados os seus repertórios. A perda da Copa proporcionou uma saudável solução de continuidade de um esquema tacanho, simplório e covarde. É inimaginável ficarmos diante da TV à espera de um contra-ataque que poderia resultar numa falta ou numa penalidade máxima. Foi enfadonho sentarmos no sofá e ver o tempo correr ladeira abaixo, sem que tenhamos um momento sequer de emoção. Como foi doloroso termos que arranjar alguma coisa para fazer nos intervalos das partidas, simplesmente pela impossibilidade da TV reprisar sequer um melhor momento.. Foi duro, assistirmos um Lúcio, valente e guerreiro, ousar passes de 50 metros ou se mandar desordenada e desengonçadamente para o ataque. Vencer é bom? Claro que é. Mas vencer convencendo é muito melhor. Ficávamos constrangidos de nos juntar aos amigos, pois não havia o que comentar. Nem gols bonitos, nem dribles desconcertantes, muito menos passes bem dados (hoje assistências). Não cheguei a ponto de torcer contra a seleção, mas no fundo, no fundo, não queria que o Brasil ganhasse a Copa. Levantarmos o caneco e institucionar a mesmice, estimular a troca de passes laterais entre os zagueiros, a devolução de bolas dos volantes para a defesa (aliás parecia fórmula 1, sobravam volantes) e a enormidade de passes errados a menos de metro e meio, convenhamos, seria puro sadismo contra uma juventude que já se conformara, pensando que aquilo que viam era o melhor do futebol. Jovens que compram camisas dos seus clubes, que integram torcidas organizadas, que lotam os estádios, não mereciam ser enganados por quase uma década. Hoje, os jovens que assistem filmes de 58, 62, 70 e 82 pensam tratar-se de montagem, truques, ilusionismo ou coisa que o valha. Atingir resultados e metas é ótimo para empresas, mas mesmo que os clubes sejam transformados em empresas, os resultados financeiros devem ser obtidos fora das quatro linhas. A arte, a beleza, o equilíbrio, o conjunto, a objetividade, a astúcia, são ingredientes fundamentais para o espetáculo das multidões. Perder é do jogo, diz o jargão popular, mas a perder, que se perca com luta e competência. No memorial do futebol temos um não-mais-acabar de jogos e gols perdidos que se eternizaram pela qualidade e beleza dos lances; enquanto, por outro lado, está registrada uma infinidade de jogos precários, sem o mínimo de qualidade, além de um balaio de gols feios e ilegais que levaram seus protagonistas à vitória e à celebridade. As performances das seleções do Brasil em 50 e 82, da Hungria em 54 e da Holanda em 74, entraram para a história do futebol como o que há de melhor e nenhuma delas sagrou-se campeã do mundo. Que bom recordar a plasticidade do lance da cabeçada de Pelé e a defesa de Banks, contra a Inglaterra; o lance refinado em que o mesmo Pelé driblou de corpo o goleiro do Uruguai e pegou o zagueiro no contra-pé, passando a bola rente a trave, sem que o gol se concretizasse. Ao revés, temos o gol de mão de Maradona, dando o título à Argentina; a performance vergonhosa da seleção do Peru, facilitando a vitória da Argentina, somente para prejudicar o Brasil. Aliada ao descalabro do anti-futebol, ainda tínhamos que assistir e torcer por jogadores que não jogavam nos nossos times. Não era uma seleção, mas uma legião estrangeira. Como querer motivação em campo, exigir a petulância de um drible desconcertante, uma intervenção mais forte de um zagueiro, se nossos jogadores e os adversários defendem o mesmo clube no exterior, são vizinhos, se visitam, frequentam os mesmo eventos, as mulheres vão juntas aos shoopings, aos supermercados, os filhos estudam nos mesmos colégios? Como diz o canhotinha: é brincadeira!!!. Ao final, passo pra você, em primeira mão, um trocadilho que me ocorreu neste instante: a torcida brasileira cansou de chamar o Dunga de animal, de burro. Daí, o novo técnico tinha que ser o Mano...


Autor: Sergio Murillo Ferreira


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