Solitude aeternus - no vale das sombras



toda a sua sombra generosa e sublime

Solitude Aeternus
no vale das sombras

Sob as sendas da noite escura
Segue em devaneios perdido sobre esta terra fecunda
Corpo etereal de celeste plano
Tão somente só em tal desengano
Habita imperiosa carne que não deseja morrer
Solitário moribundo que tem fome
Plena a noite que a luz consome
Sente o frio no escuro do tempo
Congelado no abismo de seus pecados
Onde sob seus olhar nebuloso, se erguem diferentes formas...
cólera

Caia sobre mim noite nefasta e sem luz, pois a terra úmida hei de voltar, derrame sobre mim sua maldita expiação, pois a morte aqui vim buscar, basta de sofrimentos e langores, quero apenas dormir, esquecer as lamúrias e viver os últimos encantos, sentir nas formosas faces um último riso de alegria, ainda que impuro seja o sentimento...
Aqui neste leito sinistro de pedras disformes me vem ao olhar todo o mal que nunca pude um dia imaginar...
Brindo a loucura que vem aos olhos em tão formosa escultura, pálida de mármore erigida nas naves mais sombrias deste inferno, berço eterno de lamúrias, ruínas infernais, cóleras que não me deixam mais sentir, os tenebrosos prantos, vis praga mortais que levaram meu sorriso, minha tão bela vida de encantos, mas hei aqui, só e louco tateando no sinistro inferno, no seio de tantas mágoas, lagrimas e sombras...
Rudes ignoram a tanta insanidade e dor, pois de sofrimento basta-me o meu.

réquiem

Não se desespere, pois de tua dor aqui todos padecem.
Aqui a noite ou ao dia todos se entristecem
Teu sofrer com muitos outros partilhas
Em tão vis, débeis e tortuosas trilhas.
Teu imenso suplicio aqui é vário
Em tão tenebroso calvário
Aqui para todos não há luz
E vergam-se ao peso de tremenda cruz
Não estas só em infando mundo
Mesmo aqui em abismo profundo
Há sim o grande perigo, mas há abrigo
Para teu tenebroso castigo
Ainda que tão nefasto seja teu mal
Há esperanças afinal
Pois, em lágrimas e dor, pendido descansa
Incrustado em mágica lança
Teu cruento amor, pois há esperança
Mesmo que um dia
Seja um século de agonia
E que os vermes tuas carnes roam
Ouvirás na terás os sinos que soam
Ao raiar de um novo dia
E que dobram em tão fúnebre melodia
Sinistra ciranda que recito
Tua mal aqui esta escrito
Oh pobre alma de amores
De lânguidos fulgores
Que esta na escuridão
Implorando desesperado perdão
Dolente drama que as brumas na noite afagam
E que tão pesadas cruzes que carrega esmagam
Ainda que derradeiro seja seu fim
Esperando um verdadeiro sim
Em tétrica e dorida expiação
Só ouves forte negação
A tuas queixas e dramas
O sangue que derramas
Aqui lamúrias são, e de nada valem ao mal de toda a criação...

Hum oceano profundo

Pálida lua de agruras ouça minhas súplicas e me diga o que posso fazer?

Inerte em fundas sepulturas
De um oceano negro de agruras
Esta meu forte amor
Que sofre com tanta dor

Quero recostar-me em seus braços e sonhar
Desejar seus beijos e lhe amar
Meu anjo puro infestado com tanto mal

Padece em tão sombrio vendaval

Agoniza em medonhos desertos
Caminhos tortuosos incertos
Onde torrentes fortes bravejam
Meu amor seus beijos desejam

Pois, quando a face da lua o mar tocar
E a névoa do espaço dissipar
Seguirei tua sombra dos céus
Desvelarei tuas faces dos véus
E, em hum oceano profundo irei te encontrar
E teus lábios de beijos velar...

requietórium


Torres frias e imundas elevam-se aos céus
Revelando suas majestosas potestades
Abaixo, sombrias tumbas de malditos réus
Em cruentas; ditosas e infinitas insanidades
Desvelam tristezas e sofrimentos eternos
Selam a pureza em cruéis infernos

Autor: Ronaldo Campello


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