JOAQUIM NABUCO ? BIOGRAFIA
Em 1872, vendeu o Engenho Serraria que herdou de sua madrinha e com a venda, passou um ano na Europa, fazendo contatos com intelectuais e políticos e se preparando para o futuro Joaquim Nabuco cursou Humanidades no Colégio Pedro II e Direito, sendo que os três primeiros anos fez em São Paulo, concluindo esses cursos em Recife. Tinha 21 anos quando se formou. Sendo advogado e jornalista, chegou à carreira diplomática por influência do seu pai. . Foi adido de Legação em Washington, de 1876 a 1877 e no ano seguinte em Londres. Tornou-se Deputado Geral e legista de 1879 a 1881. De sua atuação política registrou-se a defesa de eleições diretas, a participação não católica no Parlamento e a emancipação dos escravos.
Em 1872, estreou seu livro "Camões e os Lusíadas" por ocasião do tricentenário de "Os Lusíadas". Dois anos depois, escreveu, em francês, a poesia "Amour et Dieu". Após quase uma década sem nada publicar, lançou em 1883 o livro "O abolicionismo" no qual empregou pela primeira vez a expressão "Reforma Agrária" e defendeu as idéias de que " a democratização do solo" e a emancipação dos escravos eram interligadas.
De formação conservadora, filho de urna das mais tradicionais - famílias do país, ligada à economia açucareira nordestina e à política imperial, o monarquista Nabuco apresentou, em agosto de 1880, minucioso projeto de lei propondo a abolição da escravatura em 1890 e a indenização de seus proprietários. O projeto se chocava com a proposta dos militantes radicais, em geral republicanos, que queriam abolição imediata e sem indenização. Isto fez com que Nabuco não conseguisse a reeleição em 1881.
Em 1882, depois de um exílio voluntário em Londres, retornou ao Brasil em 1884, tornando-se Deputado em 1885. Publicou, em 1895, "Balmaceda" e um ano mais tarde "A Intervenção estrangeira durante a revolta". Casou-se com Evelina Torres Soares Ribeiro, filha do barão de Inhoã e fazendeiro em Maricá, na província do Rio de Janeiro, em 1889. Foi um político monarquista que se viu obrigado ao recolhimento enquanto figura pública, após a Proclamação da República, 1889. Desse momento em diante amadurece o escritor, pois, de 1890 a 1900 seus livros passam a aparecer na Revista Brasileira e no Jornal do Comércio. Nabuco foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, junto com Machado de Assis, sendo o primeiro ocupante da Cadeira nº 27 da qual Maciel Monteiro era Patrono. Uma de suas obras-primas "Um estadista no império", em que narra sobre a atuação política do seu pai, um líder da Magistratura e da Câmara com passagem brilhante pelo Ministério da Justiça. Um livro com mais de 1.000 páginas que foi para as livrarias em 1898 e 1899.
Já no início do século XX escreveu "Minha Formação" em que descreve e justifica seu Projeto Memorialista e Historiográfico de Político Monarquista. É nesse livro que Nabuco trata das suas impressões sobre a sua terra Pernambuco, do engenho Massangana, na zona do Cabo, da sua madrinha, a viúva Ana Rosa Falcão de Carvalho e da grande influência que essa mulher teve na sua formação, pois ficou sob seus cuidados quando os pais viajaram para a Corte. Em Massangana ele passou a infância, até a morte da madrinha, tendo contato direto com a escravidão, podendo compreender o mal que isto fazia ao país.
"O traço todo da vida é para muitos um desenho da criança esquecido pelo homem, mas ao qual ele terá sempre que se cingir sem o saber. Pela minha parte acredito não ter nunca transposto o limite das minhas quatro ou cinco primeiras impressões. Os primeiros oito anos da vida foram assim, em certo sentido, os de minha formação, instintiva ou moral, definitiva". (Massangana - Minha Formação, 1900.)
Gilberto Freyre prefaciou uma edição comentando o quanto o livro foi escandaloso na época, porque Nabuco demonstrou orgulho pelo fez e viveu em um período que estava na moda ser republicano, enquanto ele se confessa monarquista sem pudor de tratar das relações de poder.
Em 1899, o Presidente Campos Sales o convidou para ser o advogado do Brasil na questão dos limites com a Guiana Inglesa e, um ano depois foi para Londres, sendo nomeado ministro. Foi embaixador do Brasil em Washington no ano de 1905 e lá mesmo faleceu, cansado e surdo, de arteriosclerose, a 17 de janeiro de 1910.
Após sua morte, os próprios republicanos passaram a reconhecer a firmeza de caráter e ideologia liberal de Joaquim Nabuco, sendo comum encontrar-se em todo Brasil homenagem a esse grande político, em nomes de ruas, de escolas e de entidades populares. Um exemplo é o do Município Joaquim Nabuco em Pernambuco, em que as autoridades locais para homenageá-lo deram seu nome, em 1953, à localidade que se formou com o distrito sede, Joaquim Nabuco, e pelos povoados de Usina Pumati, Arruado e Baixada da Areia que, em 1892, pertencia ao município de Palmares.
Nos dias 19 e 20 de agosto, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) está realizando o Seminário Nacional Joaquim Nabuco e a Nossa Formação. O evento faz parte de uma série de atividades que estão sendo programadas, em 2010, em comemoração ao Ano Nacional Joaquim Nabuco. De acordo com a programação, a abertura do Seminário começa a partir de Mesa Solene de Abertura com Fernando Lyra, presidente da Fundaj, Thomas Shannon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, e Eduardo Campos, governador do Estado de Pernambuco.
Referências Bibliográficas:
CAMPOS, Eduardo, Imprensa Abolicionista, Igreja, Escravos e Senhores: estudos. Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desporto / Banco do Nordeste do Brasil, 1984.
FREYRE, Gilberto, Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 2005.
INSTITUTO PROGRESSO EDITORIAL, Obras completas de Joaquim Nabuco XII, Campanhas de Imprensa [1884 ? 1887]. São Paulo: Instituto Progresso Editorial S.A, 1949.
NABUCO, Joaquim, Minha Formação. Porto Alegre: Paraula, 1995.
NABUCO, Joaquim, O Abolicionismo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
WWW. Culturadigital. Minc/nordeste Comunicação - Representação Regional Nordeste do MinC, 2010.
Autor: Djalmira Sá Almeida
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