O Líder No Processo De Gestão



Quem nunca enfrentou uma situação difícil na vida? Quem não se sentiu desanimado diante de um problema que parecia não ter saída? Essa fase na vida, em que tudo parece dar errado, é uma espécie de processo de aprendizado obrigatório para todos os seres humanos. Há quem diga que os privilegiados financeiramente, aqueles que nunca tiveram problemas de falta de dinheiro, não sabem realmente o que é ter problemas na vida. Contudo, esse é um terrível engano.

É alto o índice de separações conjugais entre o seleto grupo dos abastados, por exemplo. Logo, é medíocre pensar que a situação financeira é o fiel da balança, é a divisão entre alegria e tristeza, entre sucesso e fracasso profissional. A natureza, sábia em suas ações, consegue escolher caprichosamente, somente aqueles problemas que realmente afetarão a pessoa.

Ao contrário dos homens, ela não erra em suas ações. É justamente desse efeito que decorre a mania que muitos profissionais têm de efetuar comparações negativas entre si. Trata-se de uma espécie de disputa para ver quem tem mais desgraça na vida.

A competição, sentimento nato do ser humano, acaba por prevalecer mesmo nos momentos que em deveria ser substituída pela união. Ao invés de disputar, o correto seria o auxílio mútuo. Em vez de criticar, melhor seria perguntar como você pode ajudar. Entretanto, em qualquer tipo de crise, é a capacidade que a própria pessoa tem de aceitar a ajuda oferecida que faz a diferença. É a capacidade de reversão de uma situação negativa em positiva, de transformação de um problema em uma fonte de motivação para o desenvolvimento que determina o resultado final. Resumindo: diante de um problema, todas as ajudas oferecidas pelos amigos não produzirão qualquer efeito sem que a própria pessoa queira promover uma mudança real de comportamento.

Por que alguns problemas só aparecem durante uma crise? Muitos empresários relutam em tomar atitudes mais drásticas quando se vêem diante de uma crise iminente. Nestes casos, costuma-se utilizar o princípio da represa, na tentativa de estimular a pessoa a partir para a ação.

Visualize uma represa que está completamente cheia. O que você vê é um lindo espelho de água, uma espécie de planície aquática onde se pode navegar com tranqüilidade e sem qualquer tipo de obstáculo. Entretanto, imagine o que acontece quando uma seca atinge aquela região e o nível da represa se reduz drasticamente. Agora, o que se vê são inúmeros galhos e troncos de árvores que foram submersas durante a inundação daquele lago.

A navegação agora passa a ser perigosa por causa de um tronco submerso que pode colocar em risco a sua embarcação. Nesta hora, existem dois caminhos distintos. O primeiro é fazer de tudo para que o lago recupere seu nível máximo. Se isso acontecer, todos os galhos e troncos sumirão e a situação volta ao que era antes. Porém, uma outra alternativa é aproveitar o acesso àquelas árvores e promover alterações radicais na maneira de navegar. Isso requer uma adequação dos barcos ao novo perfil do lago.

Outra alternativa é a retirada dos galhos e troncos que traz como vantagem principal a adequação do lago às necessidades dos seus usuários. Por esta segunda opção, o esforço da retirada dos galhos é compensado pela volta da capacidade de navegar, ainda que em níveis mais baixos de água no reservatório.

Com as empresas também é assim. Quando uma crise chega, muitos gestores preferem apostar na retomada do crescimento como uma tentativa de esconder os problemas que existem na empresa ao invés de aproveitar a situação, justamente para tomar atitudes que embora nem sempre sejam perceptíveis, podem colocar em risco todo o negócio da organização.

Como conviver com pessoas que estão passando por uma crise?

Trabalhar com pessoas que enfrentam problemas na vida é uma tarefa complicada, mas não impossível. Isto por que, na maioria dos casos, as soluções estão disponíveis para a própria pessoa. Basta apenas serenidade para enxergá-las de forma clara e precisa.

Entretanto, por que isso acontece? Simples. Porque a pessoa que está em envolvida no problema não consegue realizar uma análise fria e coerente da situação. Tudo que era simples há alguns segundos, agora parece ter se transformado no mais complexo dos problemas.

A auto-estima cai em patamares mínimos e a visão se torna confusa e segmentada. Confusa porque pequenos problemas passam a ser tratados com o mesmo critério e dedicação das grandes situações. A pessoa perde a noção de equilíbrio e grandeza entre os problemas que enfrenta. Já a visão segmentada limita a pessoa a somente perceber os pontos negativos.

Por conseqüência, nada de bom que aconteça tem força suficiente para servir como elemento de motivação. Para os amigos, essa é uma situação terrível. Em muitos casos o sofrimento por solidariedade acaba sendo maior do que a própria pessoa está passando.

A recomendação para as pessoas que tem amigos passando por situações difíceis que, primeiramente, não falseiem a realidade na tentativa de animar o colega. O melhor é justamente auxilia-lo a compreender a gravidade da situação. O segundo passo é demonstrar que encarando a realidade é que a pessoa poderá conseguir perceber o caminho da reversão.

Resumindo: amigos não ajudam quando deturpam a realidade, mas quando conseguem utilizá-la para fazer o colega enxergar as oportunidades que ainda restam.

A crise pode ser uma boa escola para fortalecer o espírito empreendedor?

Basta perguntar a quem já superou uma forte crise na vida para aprender duas grandes lições. A primeira é que não há um problema sequer que possa ser resolvido quando se age movido pelos sentimentos e não pela racionalidade. Segundo: que toda crise também é uma grande lição.

Por exemplo, foi o que aconteceu com o Manoel. Sua empresa era bem sucedida e ele tinha orgulho da posição que havia conquistado em seu mercado de atuação. Sua empresa crescera lentamente, mas de maneira sólida, ao longo de vários anos.

Manoel tinha uma estrutura invejável e uma equipe muito bem equipada. Entretanto, o vento da crise fez com que a empresa fosse à falência. No início, sua postura era compreensível. A derrota provocou um baque violento em seu espírito empreendedor. Acontece que, na medida em que o tempo foi passando, ele também foi percebendo que cometera muitos erros, e em uma nova oportunidade não iria repetir.

Ele também percebeu que tinha capacidade para muito mais do que apenas para a área na qual atuava antes. Ao invés da sensação de incapacidade, ele encarou o espelho e orgulhoso disse "agora você está preparado para vencer. Você já aprendeu o quanto é ruim perder".

Infelizmente, no meio empresarial, nem sempre as pessoas se deixam envolver pela lição de crise e otimismo do recomeço. Embora ainda tenham muito potencial a ser explorado, preferem resignar-se a eterna lamentação sobre como a vida dá voltas ou, sobre como poderiam ter sobrevivido se tivessem agido de forma diferente no passado.

Resumindo: a saída não é perguntar a qualquer pessoa que já enfrentou uma crise para saber que após a tempestade vem a bonança, mas sim, perguntar a si mesmo se você está disposto a realmente aprender esta lição.

Qual o primeiro passo a ser dado para superar uma crise?

Não se pode afirmar que enfrentar uma crise faz parte do processo de aprendizado de um bom empreendedor. Não basta reunir pessoas que já passaram por dificuldades financeiras para ter certeza que um empreendimento será bem sucedido.

Acontece que esse grupo de profissionais é constituído por pessoas que trazem na alma marcas de insucessos e problemas que mudaram de uma hora para outra toda sua vida. Para alguns, foi um revés na cotação do cambio que mudou o rumo de seus negócios. Para outros, foi uma mudança radical no mercado. Tanto faz. Independente do motivo, essas pessoas sabem o quanto é amargo o caminho da reversão de uma situação negativa.

Entretanto, ao mesmo tempo elas também olham para trás com certo ar de gratidão. Isso mesmo! Nem sempre uma situação difícil gera apenas conseqüências negativas. Em meio ao caos, sempre há um importante aprendizado a ser aproveitado. O problema é que alguns indivíduos preferem assumir o papel de eterna vítima e chegam ao final dos seus dias reclamando que "se tivesse acontecido isso..." ou "se algo não acontecesse eu estaria em uma situação bem diferente hoje...".

De forma prática, um processo de crise exige decisões firmes de um profissional. Lembre-se: quem reluta em mudar uma realidade pode estar, na verdade, parcialmente satisfeito com aquela situação. Isso significa que lamentações, desculpas e justificativas não constroem solução, é por isso que quando a crise chega, somente uma decisão é necessária para mudar o rumo das coisas: ou você está do lado do problema ou do lado da solução.

Autor: Aldo Marinho Dias de Souza


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