RESENHA CRÍTICA DO LIVRO DE SAULO RAMOS, "O CÓDIGO DA VIDA''



Jocinei Costa Curitiba; Lucilene Mariani; Joice Emnuelle; Fernanda Bernardi .

CREDENCIAIS DOS AUTORES:

José Saulo Pereira Ramos (Brodowski, 1929) é um jurista e escritor brasileiro.
Membro da equipe de Jânio Quadros, consultor-geral da República e Ministro da Justiça durante o Governo Sarney, membro da Academia Ribeirão-Pretano de Letras, Saulo Ramos lançou em 2007 o livro de memórias "O Código da Vida", onde a partir de um polêmico caso judicial, conta sua trajetória de vida e fatos que marcaram a história do país.
"A minha vida é a advocacia", diz Saulo Ramos. Aos 78 anos, esse paulista de Brodowski ? cidade do pintor Cândido Portinari, seu amigo ? participou de momentos cruciais da vida pública brasileira. Foi oficial-de-gabinete do governo de Jânio Quadros e defendeu políticos e intelectuais de esquerda nos processos abertos pela ditadura militar. No governo Sarney, serviu como consultor-geral da República e Ministro da Justiça. Também foi advogado vitorioso ? do Senado no processo que garantiu a cassação dos direitos político de Fernando Collor de Mello, que renunciaria antes do impeachment na esperança de conservar a elegibilidade.
As saborosas histórias dessa longa carreira jurídica estão reunidas em Código da Vida (Planeta), livro de memórias que já teve 50.000 exemplares comercializados e está a 23 semanas na lista de mais vendidos da VEJA.
Recentemente recuperado de um câncer, Ramos segue ativo, mas afastado dos tribunais e fóruns ? chega a cobrar 200 000 reais por um parecer jurídico. Na entrevista a seguir, concedida na sua casa de campo na Serra Negra, São Paulo, Ramos mostra por que é uma das mentes jurídicas mais aguçadas do país.
Membro da Academia Ribeirão-Pretano de Letras, Saulo Ramos lançou em 2007 o livro de memórias O Código da Vida, onde a partir de um polêmico caso judicial, conta sua trajetória de vida e fatos que marcaram a história do país.
Saulo foi fundador da Academia Santista de Letras, como ele mesmo relata no livro citado.
Não raramente, os escritórios de advocacia cuidam de casos que, na vida real, ultrapassam, em emoção e suspense, os romances de ficção, os filmes de mistério, drama, ação e comédia, as novelas de televisão. Mas acabam nos arquivos. O sigilo profissional impõe aos advogados o dever do silêncio eterno. O público jamais conhecerá essas histórias fascinantes dos dramas humanos vividos nos processos que correram em segredo de justiça, ele resolveu contornar essa regra ética, sem quebrá-la. No livro escrito por Saulo Ramos "Código da Vida", para cativar o leitor ele narra paralelamente à sua própria história e suas ponderações, as dificuldades e deslindes de um misterioso e complexo caso, no qual atuou como advogado.
É impactante uma senhora acusa o ex-marido de praticar atos obscenos com os próprios filhos menores e propõe contra ele ação judicial para extinguir seu direito de ver as crianças. O juiz concede medida liminar e proíbe o pai a ter qualquer contato com os menores. Desesperado, o pai procura um advogado, que se recusa a defendê-lo. A prova é cruel: uma gravação. Os filhos contam atos terríveis e imorais que foram forçados a praticar.
Ameaçando suicidar-se, o cliente pede socorro no escritório de Saulo Ramos. Ele e seus companheiros aceitam a causa. Começa neste instante uma fantástica e emocionante história de conflitos incríveis. Ódio, psicose e amor, atuação de um Magistrado excepcional e de um Curador de Família exemplar, expoentes do Judiciário brasileiro. Advogados trabalhando como detetives, batalhas de inteligência, raciocínio, jogos de deduções, enigmas que atormentam os profissionais do direito, mas eles sabem como resolvê-los.
Devido à morosidade no andamento dos processos judiciais e a dificuldade na cuidadosa produção de provas, permite que Saulo Ramos jogue com o tempo virtual e assim interrompe a narração em vários pontos, aproveitando para contar fatos da vida pública de nosso país, alguns dos quais os brasileiros não conhecem em seus detalhes. A obra apresenta uma aura de autobiografia, sempre arraigada em interessantes e relevantes fatos da recente história política do Brasil, além de divagações variadas sobre temas internacionais e algumas abstrações.
Nos comentários políticos e jurídicos, o livro é bastante ácido e impiedoso com certas figuras de nossa história, principalmente com alguns indivíduos que integraram e integra diversas posições no Poder Judiciário brasileiro.
É óbvio que essas passagens que abusam das críticas são as mais divertidas do livro, além de serem igualmente deleitosas as reflexões de Saulo Ramos sobre as enraizadas mazelas causadas pela corrupção em nosso país, que apenas se repetem em novos episódios com o passar dos anos como somos forçados a concluir com a exposição constante no "Código da Vida". Ele descreve as espantosas circunstâncias em que tudo isso se deu, algumas cheias de mistérios, que até hoje não entendemos. .
No livro ele relata com todos os detalhes, que foi um menino pobre do interior de São Paulo, começou a vida como caminhoneiro, ingressou no jornalismo e, depois, na advocacia pela mão de um gênio: Vicente Ráo, por meio de uma intriga urdida por um grande poeta, Guilherme de Almeida. A advocacia foi seu sarcedócio, sua desgastante e suave obsessão, foi um longo caminho, com muitas pedras no caminho, inclusive as atiradas contra ele, conforme ele cita neste livro. No trajeto, porém, conheceu Jânio Quadros, bebendo caipirinha num bar do Guarujá, e depois, presenciou a tragédia de sua renúncia à Presidência da República, o que resultou em regime militar durante 21 anos.
Fatos e coincidências vão acontecendo, conhece Mário Covas, lança-o a pedido de Jânio, candidato a prefeito de Santos, perdendo a eleição, o candidato eleito morre antes da posse, com isso ele enfrenta mais uma demanda judicial contra a investidura do vice, vinte e um anos depois, ocorre caso semelhante com a doença de Tancredo Neves, e vem a oposição à posse de José Sarney, novamente, Mario Covas e ele envolvido pelo destino no desate da questão, ele de um lado, Mário do outro. Saulo Ramos estranha à coincidência de estar lá vivendo tudo como a 21 anos sem conseguir desvendar a codificação que esses fatos desenham em sua vida.
Aproveitou para narrar, sem quebra de ética, algumas histórias curiosas de várias pessoas célebres com as quais ele se envolveu no exercício profissional: Roberto Carlos, Che Guevara, José Sarney, Sérgio Armando Frasão, Ronaldo Cunha Lima, Alceni Guerra, Eurícledes Formiga, José Frederico Marques, Mário Simonsen, Juscelino Kubitschek, Lázaro Brandão, Celso da Rocha Miranda e outros. Fez crítica amarga a ministros do Supremo Tribunal, chegou até a mandar um deles a merda. Censurou severamente políticos, suas mazelas e mediocridades, e a tentativa de golpe na Constituinte, denunciou os agentes da ditadura que cruzaram seu caminho.
Disse ainda, com repulsa, que a putrefação do governo Lula e a patriótica corrupção do partido dos trabalhadores, que fundou, afundando-se, a escola da imoralidade para fazer o bem político e que acabou na vida privada de seus agentes batendo uma lamentável espécie de Recorde na história brasileira das grandes vergonhas ou da falta delas, inclusive a de deixar os pobres cada vez mais pobres para industrializar esmolas em troca de votos.
Ele enfim volta à história das crianças submetidas a um simbólico, meio feroz, tiroteio entre os pais separados. O julgamento foi emocionante, conduzido por um juiz fabuloso. Todas as provas eram contra a esposa do acusado, os peritos, tanto da parte autora quanto da parte ré, até chegarem às crianças para fechar com chave de ouro através principalmente de Clotilde que fez amizade com elas, o nobre magistrado ia perguntando para as crianças, elas iam desmentido à mãe naturalmente.
Após o magistrado prolatou a sentença favorável à parte ré, mas, devemos ressaltar que eles saíram do Fórum juntos como uma família deve ser. Ninguém ficará sabendo naquele momento qual o motivo levou a mulher a acusar o seu marido dessas barbaridades. Mas o incrível desfecho da história fora desvendado mais de vinte anos depois em Londres, cidade predileta dos escritores de mistérios policiais, lá estava Clotilde, quando escutava um casal de turista brasileiros comentando o caso, que isto só aconteceu devido à mãe das crianças ter sido molestada pelo seu próprio pai quando ainda criança.

O referido pai citada no processo foi morto por outro, devido uma criança que foi molestada sexualmente no passado.
Saulo Ramos finaliza a história dizendo que todos os fatos narrados no texto são absolutamente verdadeiros, com nomes fictícios nas causas de Direito Privado. Nas questões públicas, os nomes dos políticos são extremamente mencionados.
Concluindo a história podemos dizer que é uma autobiografia, o advogado e ex-jornalista traça, como fio condutor, um caso verídico e surpreendente. Entre uma revelação e outra, torna público bastidores da sua vida pessoal e da sua trajetória, profissional e política, principalmente em momentos chave da história brasileira, como a curta passagem de Jânio pela presidência, o golpe militar, a eleição de Tancredo Neves, a Assembléia Constituinte, entre outros.
Autor: Jocinei Costa Curitiba


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