RESENHA DO LIVRO LINGUAGEM E PERSUASÃO DE ADILSON CITELLI



UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
UNIDADE DE PARANAÍBA
CURSO: DIREITO TURMA: 1º ANO TURNO: NOTURNO
LEILSON JOÃO REIS DA SILVA

CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 3 Ed.São Paulo:Ática,1988.

Adilson Odair Citelli, doutor em literatura brasileira pela USP. No ano de 1995 tornou-se livre docente na mesma instituição, com tese defendida sobre a educação. Professor titular de comunicação e artes da ECA/USP, trabalha principalmente com orientação e teses na área da comunicação e linguagem.
Antes porém de terminar sua graduação em letras, esteve preso em função de atos não compatíveis com a ditadura.
Vemos porém que não há discurso sem persuasão, pode acontecer que esta venha mascarada, de tal maneira que impossibilite a sua percepção caso o leitor não esteja extremamente atento ao texto.
O discurso é utilizado desde a Grécia antiga, onde os homens para mostrar que eram democráticos, expunham suas ideias através deste importante elemento. Nas escolas da época ensinava-se a dominação das palavras, através de um ensino que compreendia a gramática, dramatização, eloqüência, etc.
Ao falar de retórica temos instantaneamente a ideia de persuasão. Porém o texto nos mostra que a primeira não é a ciência da segunda e sim uma ciência que busca ensinar como fazê-la. Indiscutivelmente percebemos que a forma de ensino aplicada até os dias atuais é a mesma apresentada por Aristóteles séculos atrás.
Em dito livro Aristóteles apresenta os elementos básicos da retórica, segundo sua concepção: Exórdio (Introdução); Narração (argumentos em si); Provas (comprovação do que está sendo dito, tornando assim o discurso mais forte e persuasivo) e por fim a Peroração (Retoma-se o texto efetuando um fechamento).
Uma questão que muitas pessoas confundem num discurso é o significado das palavras verdade e verossimilhança. Descobrimos então, que a discrepância dá-se no fato de verossímil ser aquilo que se torna verídico dentro de uma lógica própria. O que pode ser claramente esclarecido pelo exemplo do super-homem. Na verdade ele não existe, porém numa "realidade" criada pelo autor do personagem, ele é verdadeiro.
Com o passar do tempo a retórica perdeu parte de sua importância, a ponto de não mais gerenciar as técnicas, e sim tornar-se mero elemento de linguagem, tempos depois volta à tona com seu real e importante papel.
Falando de retórica, porém ainda na época clássica temos três tipos de raciocínio: O apodítico; o dialético e o retórico. O apodítico dava a ideia de imperatividade. O segundo mostrava duas opções, contudo estipulava a que deveria ser acatada. O raciocínio retórico por sua vez mostrava o que deveria ser feito, mostrando também uma justificativa.
Algumas figuras de retórica são frequentemente utilizadas para fazer com que o leitor prenda sua atenção ao fato que o autor do texto emprega maior importância. Entre essas figuras podemos destacar o uso da metonímia, que é quando se utiliza um termo no lugar de outro, de forma que não altere-se sentido ou função do mesmo. Um exemplo clássico deste tipo de figura esta em: "Hoje li Manoel de Barros", ao invés de empregarmos a frase "Hoje li um livro de Manoel de Barros".
Um importantíssimo elemento da persuasão é o signo, que é composto por significado (ideia em si, parte imaterial) e significante (forma física). O símbolo é arbitrária e necessariamente aplicado aos objetos, vista a necessidade do homem em identificar e diferenciar os objetos dentro de um discurso.
Cada símbolo traz consigo uma ideologia, ou seja, elege-se determinado nome a dado objeto seguindo o pensamento de quem o faz, ou o reconhece.
Estudos comprovam que para se obter um texto mais persuasivo, o emissor deve fazer uso de signos (palavras) que remetam mais profundamente ao sentimento das pessoas, pois desta forma o poder de convencimento será maior.
Lado a lado do discurso persuasivo temos o discurso autorizado, que é aquele em que uma pessoa ou grupo faz uso de afirmações em nome de uma instituição, tal como o papa faz para com a igreja católica.
Entre as modalidades de discurso encontramos: o discurso lúdico; o polêmico e o autoritário. O discurso lúdico é aquele em que não se tem a intenção de convencimento, é tido como uma simples discussão sobre o assunto, onde têm-se caracterizada a relação entre os interlocutores.
O discurso polêmico por sua vez, como o próprio nome diz, instiga a uma competição, cujos interlocutores tentam convencer-se uns aos outros. No discurso tido como autoritário é onde vemos a persuasão agir mais fortemente. Pois é nesta modalidade que o receptor não tem uma interação direta com o emissor, a ponto que o segundo mostra sua tese como sendo única e verdadeira. Chegando muitas das vezes ao ponto de convencer o leitor que o melhor é acatá-la.
Na publicidade temos textos persuasivos que buscam convencer o leitor, através de um discurso na maioria das vezes autoritário. Nota-se que usam textos que visam destruir algum inimigo, visando assim divulgar e convencer o leitor de que tal produto o fará.
O discurso religioso por sua vez, usa o modo imperativo, porém de forma mascarada, utiliza também a função emotiva do receptor, através de metáforas. Esse discurso nos remete a ideia de algo pronto, bom e superior.
Na literatura também existe o emprego da linguagem persuasiva, porém, pode-se concluir que onde há um emprego menor deste tipo de linguagem o texto se torna mais rico em invenção.
Consideramos então, este livro como sendo muito proveitoso para quem deseja conhecer um pouco mais de nossa língua oficial, pois contém pontos que de forma simples nos dá uma real ideia de boa parte dos requisitos necessários, para um melhor desenvolvimento de nossos diálogos. Recomendamos este, não por ser um livro breve em seu texto, mas sim pelo amplo conhecimento que pode ser adquirido através dele.
Autor: Leilson João Reis Da Silva


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