O que salta da tela em Cidade dos Homens?



O filme começa em um cenário muito simbólico: A escola. Aula de história do Brasil apresentada em slides sob os olhares dispersos dos alunos e da aparente falta de estímulo da professora que tenta explicar na medida do impossível algo que ela mesma não acredita.

A cena antológica e muito "falante" satiriza a História do Brasil registrada no livro didático em suas quimeras curriculares e é apresentada de forma mitificada e quixotesca, altamente tendenciosa, relatada em um heroísmo romântico (porque buscava um fim justo, belo esteticamente e épico) sendo assimilada aleatoriamente pelos estudantes, segundo seu repertório mental, cultural e vocabular cujo resultado é uma interpretação de símbolos, imagens e palavras de forma debochada e caótica.

Essa cena representa para mim, uma hipérbole da incompreensão geral a que passamos em matéria de dissociação entre o Brasil imaginário (Pátria Amada, Idolatrada, Salve! Salve!), tradicional, frio e mentiroso embutido nas lingüiças didáticas e o Brasil da realidade, feito de carne e osso, suor e sangue, depreciado por ser miscigenado e, por isso mesmo, deixado ao ocaso porque a "ciência" não consegue sufocá-lo no tubo de ensaio da frieza metodológica da classe que domina para depois expô-lo em estatísticas descontextualizadas e autopromocionais. A favela brasileira é um mundo complexo demais para se gastar em pesquisa.

Autor: Wellington Amâncio Da Silva


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