Algumas Características do Quilombo do Povoado Cruz



O povoado da Cruz da Cidade de Delmiro Gouveia em Alagoas, (fotos 01 a 08), noutros tempos fora chamado de Cruz de Silvana em atribuição ao local da morte da assim conhecida Silvana Quilombola (foto 18 e 19) ? Observamos que a cruz das fotos em anexo representa uma forma de cristianizar Silvania Quilombola em detrimento da sua verdadeira religiosidade. Diz-se ainda que essa mulher era descendente de realeza africana, mas na condição de escrava acompanhava a comitiva de Dom Pedro II, que se dirigia de Piranhas indo à Angiquinho. Segundo José Floresço, ao se aproximar do canyon do Rio São Francisco, fugira com outros quilombolas e esconderam-se numa gruta (foto 21). Assim, acamparam no local hoje conhecido como povoado Cruz. A notícia de sua presença no local sensibilizou outros negros quilombolas, tanto de quilombo de Água Branca quanto de outras regiões, até onde a notícia pode chegar. Uma pequena comunidade foi surgindo ali com a conivência do Barão de Água Branca que, dizem alguns moradores, era uma espécie de protetor para essa comunidade específica. A partir daí surgiu a Comunidade Quilombola do Povoado Cruz. Eles subsistiam da caça e pesca, visto que essas perduram até hoje.
Nos seus primórdios e depois de algumas poucas gerações, esse quilombo se viu por décadas fechado em si mesmo, antes mesmo do surgimento do povoado onde está inserido. Viu-se fechado inclusive a acréscimos genéticos. Acerca das famílias que aí se desenvolveram, é interessante expressar que "se um número de famílias tem casado entre si (...) sem apreciável adição de sanguinidade exterior, elas estarão todas fechadas no parentesco e, ao mesmo tempo, traços ancestrais aparecerão em todas elas" (Boas, 1987, p. 26). Assim, atualmente são comprovados alguns casos de doenças congênitas como surdez e mudez entre os descendentes de quilombolas, por causa de alterações genéticas relacionadas a esse grau de parentescos, principalmente pela constatação do casamento entre primos, em primeiro grau e segundo grau, evidenciando casos típicos de endogamia.

Autor: Wellington Amâncio Da Silva


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