DISCRIMINAÇÃO DAS MULHERES ISLÂMICAS. O CASO DE SAKINEH NO IRÃ



Há vários dias a imprensa mundial vem relatando os horrores sofridos pela iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani e o mundo assiste atônito a mais um episódio de desrespeito aos direitos humanos.
Sakineh, que está presa desde 2006, acusada de adultério e envolvimento no assassinato de seu marido, permanece sendo torturada física e emocionalmente pelas autoridades do Irã, recebendo desde chibatadas até informações mentirosas como a de que teria sido abandonada pelos filhos.
Até um depoimento que pode ser encontrado no "youtube", divulgada em rede de televisão iraniana, ela foi forçada a prestar "confessando" seus crimes.
Vale lembrar que o Irã desde 1979, após ter sofrido a Revolução Islâmica, aderiu a uma legalidade teocrática, onde as determinações contidas no livro sagrado, o Corão, devem ser seguidas com a máxima literalidade. Com a ascensão ao poder de Mahmoud Ahmadinejad no ano de 2005, um conservador que utiliza a ditadura religiosa para sufocar os direitos das mulheres, a situação destas ficou ainda pior. Elas têm que andar cobertas da cabeça aos pés, com a fantasmagórica burqa, sob pena de serem presas e devidamente castigadas.
Ainda pelas leis islâmicas seguidas pelo Irã, e somente a título exemplificativo, a vida de uma mulher vale a metade que a de um homem; o testemunho feminino perante um juiz sobre qualquer assunto, também vale metade, sendo necessário a presença de duas mulheres para haver equivalência ao testemunho de um único homem; elas não podem se divorciar quando quiserem, mas os homens podem se casar e divorciar quatro vezes; a custódia dos filhos só pode ser mantida com as mulheres até estes terem sete anos de idade.
Esta é apenas uma pequena amostra da tirania a que as mulheres são submetidas no Irã e outros países islâmicos.
Em página da revista Veja "on-line" (http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/islamismo/contexto_debate.htm), há um artigo sobre o islamismo, em que o Corão, conforme as pregações de Maomé, é absolvido pelo tratamento desigual entre homens e mulheres nos países que seguem esta religião. De acordo com o artigo, "A exclusão feminina não está presente nas fundações do islamismo, mas apenas no edifício que se erigiu sobre elas. O Corão, livro sagrado dos muçulmanos, contém versículos dedicados a deixar claro que, aos olhos de Alá, homens e mulheres são iguais. ...Ele mostra que Deus espera a mesma fidelidade de ambos os sexos, e que a premiará de forma idêntica." (in verbis)
Ainda de acordo com o citado artigo, o que transformou o Corão em fonte de desigualdade entre homens e mulhres, foram os "Hadith", que são os ditados após a morte de Maomé feitos por seus seguidores, que "relembravam" muitas palavras e pregações do profeta, incluindo-as no livro sagrado. Estes Hadith não tinham comprovação de terem vindo mesmo do criador do Corão, havendo fortes indícios de que eram forjados para guarnecer interesses pessoais de quem os trazia ao público.
Mas... aproximadamente 1400 anos depois de Maomé, estes ditos sagrados continuam sendo deturpados e utilizados como meio de opressão, especialmente à classe feminina, reportada à crueldade da Idade Média.
A certeza da condenação à morte por apedrejamento ou pela forca de Sakineh, relembra-nos a existência de milhares de pessoas que vivem sob tão absurda ditadura e da necessidade de não desistirmos de tentar transformar nosso mundo, que nem é tão grande assim, em um lugar em que o respeito à vida das pessoas, seja homem ou mulher, esteja em primeiro lugar, e não o petróleo ou o urânio.
Sakineh já está morta! Sua sentença foi pronunciada no momento de sua prisão. Sua moral já foi enforcada. Seu corpo é apedrejado todos os dias por um sistema teocrático em que os homens são os representantes de Deus na terra e cumprem suas "determinações" castigando seres menos evoluídos, as mulheres. Que sua morte não seja em vão, Sakineh! Que seus gritos ecoem pelo planeta. Que nossos ouvidos estejam atentos. Que a civilidade um dia se sobreponha a culturas que sobrepujam os direitos mais simples da humanidade.

Autor: Paula Medeiros


Artigos Relacionados


Uma Esperança De Vida Para A Iraniana Sakineh Ashtiani Ameaçada De Morte Pelo Regime Iraniano Com A Intervenção Do Vaticano

A Religiao Que Consequente Acaba Gerando Guerras

O Fanatismo Exagerado Por Uma Religião

A Autodeterminação Dos Povos E Os Direitos Humanos

Islamismo E As Guerras

O Islamismo Hoje

Maomé