Em nome da democracia



Em nome da Democracia

Estamos em plena época de campanha eleitoral. Época de dar boas risadas com as propagandas políticas veiculadas no horário obrigatório gratuito.

No caminho de casa até o trabalho, costumo enfrentar o trânsito congestionado de São Paulo ao som de uma bela música. Contudo, nesta época, como boa cidadã, a música é substituída pela propaganda eleitoral. Afinal, preciso conhecer as propostas de cada partido. Para isso serve o horário gratuito garantido aos candidatos não é mesmo?

Mas, estamos no país tropical, abençoado por Deus. Aqui, vale tudo, inclusive transformar a propaganda política num verdadeiro show de piadas que perde até mesmo para o "Pânico na TV". Haja criatividade!

Existem os bons candidatos, não nego, são poucos, mas existem. O que me impressiona é a capacidade de alguns em fazer o povo rir da própria desgraça. Há candidato que pergunta algo mais ou menos assim: "Você, eleitor, sabe o que faz um deputado? Eu não sei, mas vote em mim que vou descobrir".

Isso é que chamo de desafiar a capacidade intelectual dos brasileiros. E ainda nos sentimos no dever de prestar atenção no que dizem. Só podemos mesmo ser um povo abençoado por Deus, ou condenado pelo Diabo quem sabe.

Concordem ou não comigo, temos que ter algo de especial pra enfrentar tudo isso. Levantar cedo, andar com os vidros do carro fechados por medo de ser assaltada no farol e ainda chegar disposta, bem humorada e de preferência bem informada no trabalho. Preciso manter o emprego, afinal, é meu ganha-pão. Mas, depois de ouvir tanta piada no horário político, chegar bem humorada seria fácil se conseguisse deixar de lado minha consciência.

Consciência que falta a muito candidato que considera o povo ignorante e se dá o direito de ocupar seu tempo com piadas em vez de apresentar propostas de trabalho.

Consciência que falta ao eleitor que vota em candidatos que não possuem se quer uma proposta, mas são criativos para fazer piada com a cara do povo.

Quem se importa se há gente morando na rua, se há criança pedindo esmola, pai desempregado? Fazer carreira na política é futuro garantido. Nenhum político precisará trabalhar 35 anos e se aposentar com salário mínimo. Tampouco precisará prestar o ENEM para ter a chance de ingressar em uma Universidade pelo PROUNI. Estudo não é exigência para ser político. Sem estudo, o brasileiro não consegue ser gari neste país, mas pode ser político.

Para ser funcionário público é preciso prestar concurso. E os cargos políticos, não pertencem à mesma categoria? Não seria justo submetê-los também a algum tipo de avaliação? Fico imaginando quantos candidatos seriam reprovados.

Isso sim é piada. Ainda mais engraçado é ouvir dos partidos que a Educação é prioridade quando há inúmeros candidatos com formação precária tendo a chance de uma carreira promissora e bem remunerada. A conta, certamente irá para os eleitores, tenham ou não votado neles. A verdade é que todos pagam o preço.

Isso é democracia? Melhor dizer demagogia.

Neusa Maria Cesarino Martins
Psicopedagoga

Autor: Neusa Maria Martins Cesarino


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