INTERRELACIONAMENTO ENTRE A TEORIA DE CRHISTOPHE DEJOURS, QUALIDADE E VIDA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E O DOCUMENTÁRIO BABILÔNIA 200



INTERRELACIONAMENTO ENTRE A TEORIA DE CRHISTOPHE DEJOURS, QUALIDADE E VIDA E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO E O DOCUMENTÁRIO BABILÔNIA 200
INTRODUÇÃO

O tema qualidade de vida no trabalho (QVT) surgiu nos anos 70 e, atualmente, integra as discussões da realidade empresarial e social.
Qualidade de vida (QV) é um termo que descreve a qualidade das condições de vida, considerando a saúde, a educação, o bem-estar físico e psicológico do indivíduo, e que envolve ainda fatores como família, amigos, trabalho, lazer e outros de cunho pessoal.
O presente estudo tem como objetivo promover a inter-relação entre o Documentário Babilônia 2000, que contempla as reflexões e expectativas dos moradores do Morro da Babilônia, no Rio de Janeiro, para a virada do milênio e o tema qualidade de vida, baseado principalmente na teoria de Crhistophe Dejours.


HISTÓRICO

Para Monaco (2000) o tema QV é bastante recente e, até o momento, são raras as discussões que produzam instrumentos válidos sobre o tema, que vem sendo amplamente debatido no meio acadêmico e empresarial.
Esta idéia de inovação também é defendida por Seidl (2004) quando afirma que na área da saúde o interesse é relativamente recente e decorre dos novos paradigmas que tem influenciado as políticas e práticas do setor nas últimas décadas, onde a melhoria da QV passou a ser um dos resultados esperados tanto das práticas assistenciais quanto das políticas públicas.
Oliveira (1997) por sua vez, também deixa esta idéia, dando a entender que o tema é relativamente recente e carente de aprofundamento. No entanto se distancia dos demais no que se refere a histórico, dando foco a relação entre o PQT e QV.
Em sua conceituação histórica Seidl (2004) apresenta que já em meados da década de 70 Campbell (1976) tentou explicar o termo Qualidade de Vida, atribuindo uma definição clássica para o assunto, e aludindo Andrews (1974), que diz que "qualidade de vida é a extensão em que prazer e satisfação têm sido alcançados". Continuando o histórico apresenta que somente na década de 90 começa-se a consolidar um conceito entre os estudiosos de que a QV é permeada por subjetividade e multidimensionalidade, e que esta só pode ser avaliada pela própria pessoa.
Monaco (2000) faz contraponto a condição de consenso, trazendo à tona que ainda na década de 90 a definição sobre QV gera polêmica entre os estudiosos.


A INTER-RELAÇÃO DOS TEMAS

Dejours em sua bibliografia cita que o individuo para manter a sanidade ou estado de saúde, utiliza meios de defesa como negação, fuga, projeção, entre outras, de forma inconsciente e aleatória. Estes recursos de defesa possibilitam ao ente formar uma percepção sobre o que é conceituado como qualidade de vida. Como tal conceito é permeado por subjetividade, Seidl (2004) sugere que cada pessoa pode formar uma visão diferente do que vem a ser qualidade de vida. Neste sentido o documentário Babilônia 2000 mostra, em sua principal abordagem, que o conceito depende dos valores presentes na vida dos indivíduos, e que muitos são os fatores que contribuem para tal percepção, como a religiosidade, o respeito à família, a vida em comunidade, o lazer e outros de cunho pessoal, sendo que vários dos entrevistados demonstraram ter prazer na vida, harmonia nas tarefas e relações e principalmente consideram-se felizes. Mesmo estando em um ambiente precário aceitam as pessoas como elas são e sabem conviver com a diferença, ou seja, utilizam-se de meios de defesa.
Vista de fora, esta situação pode ensejar o contrário, em especial se o observador possuir conceitos e condições de ambiente, de lazer, de finanças, de saúde e de religiosidade diversas daqueles que estão inseridos no meio sob análise.
Desta forma, quando transportado para a realidade empresarial o conceito também é válido, uma vez que a resiliência, ou capacidade de adaptação, se faz presente no cotidiano dos funcionários, em especial no que se refere às relações interpessoais de superiores e subordinados, onde os últimos buscam formas de negar as dificuldades, ou de adaptar-se a elas, como forma de promover condições mínimas de convivência e trabalho ou, em suma, de qualidade de vida no trabalho.
Assim, também nas empresas, os colaboradores tem percepções diferentes do vem a ser QVT e, como no documentário, tais desenhos são formados de acordo com os valores e a cultura da organização em que estão inseridos.


CONCLUSÃO

De acordo com o exposto, concluímos que o tema Qualidade de Vida é extremamente subjetivo, pois depende da forma com que cada um enfrenta os desafios do seu dia a dia, bem como do meio em que se vive. Esta subjetividade fica muito clara no momento em que os moradores entrevistados no documentário afirmam ser felizes, apesar de, em questões financeiras e de ambiente, serem menos favorecidas que os moradores da parte "rica" da cidade. Outro ponto que corrobora com a subjetividade é a expressão de um morador do morro que diz que "os lá de baixo ficam presos dentro de suas casa por medo de assalto, enquanto os do morro andam a vontade".
Pode-se ainda concluir que não há um certo ou errado em relação ao conceito pois, conforme foi visto, cada um percebe a Qualidade de Vida de uma forma, o mesmo valendo para a Qualidade de Vida no Trabalho, e busca tornar o ambiente de vida e de trabalho confortável ou adequado (adaptado) aos padrões de vida em que se encontra. Desta forma entende-se, também, as dificuldades pelas quais passam os gestores quando da elaboração e implantação de um Projeto de Qualidade de Vida que tenha êxito pleno dentro de uma organização, pois as necessidades e aspirações individuais são diferentes. E que é necessário fazer um estudo muito bem fundamentado antes de colocá-lo em prática, sendo imprescindível conhecer a realidade de cada colaborador para o sucesso seja encontrado.

Autor: Geraldo Da Silva Freitas


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