Viver de verdade



Viver é estar sob os trilhos velozes de multiplicidade de fenômenos mentais ou estados que esforçamos muito para manter (uma aparente normalidade) a cabo todos os desejos e desígnios deste reino encantado quase sobrenatural.
Mas cansado de levar pernadas e tapas dessa mesmíssima mesmice fica ainda pior, vira uma maquina de cuspir a mesma asneira contaminada que circula o tempo todo por aí.
Hei! Isso até que já deu para perceber, mas como não se tem uma alternativa, a única coisa que se tem que fazer é engolir essa coisa toda a qual chamamos de vida goela abaixo?
Oh! Sim! Viver é delirar constantemente sob si mesmo e não chegar à conclusão alguma, e fingir que entendeu tudo e ainda dar uma de sabichão.
É se aceitar lá no fundo que você é uma grande piada, mas se ninguém ficar sabendo e não ficarão porque não seria besta de contar, tudo vai ficar bem é só não deixar perceberem a imensa fraude circense que tudo é e pronto, tcham, tcham, tcham, você é um ser humano, capaz de tirar dez numa prova de ciência e se esquecer levantar a tampa do vazo e melecar totalmente o respectivo troninho.
É se encarar no espelho e dizer Eu sou Eu e o resto é o resto, mas uma voz incomoda lá no fundo sussurra rapidamente, cala a boca seu idiota! E não é que você se cala imediatamente. Cala inconformado pensando quem é este que me assusta tanto?
É ser o maioral no topo da seleção sapiens, sábio doutor das letras e dos números de contas corrente das estatais, máquina cerebral de copiar, computar toda a labuta que há para dela se apropriar, sugar, usurpar, para depois imediatamente cuspir fora e logo em seguida começar tudo de novo e de novo e de novo.
Mas viver de verdade poucos souberam, mas os que conhecem o caminho das pedras dizem que no meio de tudo isto, entre o aquilo de lá e o aquilo de cá, sempre resolveram por ali as suas pendengas com o mal.
Na verdade os poucos que descobriram que precisavam de verdade forjar a alma o fizeram com maestria e doutrina de sábios, como diria o rabino bina.
E aqueles que vieram ao léu, desprovidos da lembrança do futuro e pessimistas demais com o presente malchut, se surpreendem deveras com todo o mundo criado pelo criador - para uns, mas para outros apenas uma obra do acaso, uma espécie de mistura química muitas vezes explosivas mas que no final com um pouco de sorte e uma pitada de dendê deu certo. Fomos paridos dessa engenharia cósmica meio que sem rumo em direção ao espaço tempo do aqui e agora, ou pelo menos por enquanto, enquanto estamos vivos.
O cuidado e esmero para se tentar ao menos tocar as bordas desta estrada, desse caminho que leva para sempre a nova alma criada para o além das margens do infinito El.
Não! Não é um sonho, sonho vem da mente que quer se deixar levar pelo doce veneno do ego, que sussurra docemente ao ouvido despretensioso: esquece tudo e se concentra só em mim, só eu existo o resto dorme e sonha os sonhos de espelhos e fumaça que se evapora rapidamente no ar.



Autor: Cesar Valerio Machado


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