Enlace das duas famílias: Flores e Ferreira - quarta história



Meu avô Aguinel Ferreira, depois de alguns anos morando na Fronteira Brasil/Paraguai, já havia conseguido se estabilizar na cidade de Amambaí, isso já aos 32 anos. 
Um dia, só de passagem por um casebre, pediu abrigo a uma família muito humilde para descansar da estrada. Não o conheci, mas dizem que era muito simpático, muito prosador, fazia amizade muito fácil. Com o chefe da família não foi diferente. Com tanta prosa que tinha pra contar fez amizade fácil e o dono da casa pediu que alguém fizesse o mate para agradar a visita e emendar a conversa. 

Com o mate pronto, eis que veio entregar a cuia uma menina, Bertolina Flores, de seus 16 anos, muito mirradinha, vergonhosa. Com tanto acanhamento da visita do rapaz que nem levantava os olhos. Muito envergonhada por conta vestido puído pelo trabalho pesado, rasgadinho, aqui e acolá, costuradinho em outras partes que mais parecia um retalho. 

O rapaz, vendo o acanhamento da moça, mas nem ligando muito para os detalhes, se apaixonou pelo sem jeito de menina e, principalmente, pela sua beleza de moça. Quando terminada a prosa, mesmo depois de saído não a conseguiu esquecer. Pra falar a verdade nem a moça a ele.
Passado dias, já se fazendo de pretendente, lá vem ele fazer uma visita. De presente, para pedir a mão da moça em casamento, trouxe dois cortes de tecido pra vestido, detalhe: da mesma estampa. O pai da moça não demorou muito em aceitar, não parecia mal negócio, foi com a cara do sujeito. Por isso que minha avó sempre dizia que foi trocada por dois cortes de tecido, falava isso principalmente quando estava braba. 
Se casaram depois de um ano, ela com 17 ele com 33 anos, e tiveram oito filhos e filhas, dentre as meninas a minha mãe. Mas infelizmente, meu avô não perdeu seus costumes, toda vez que ia comprar tecido pra fazer roupa pra molecada, comprava pra todo mundo corte de tecido da mesma estampa. Minha avó fazia o que podia: camisas, bermudas, vestidos, blusas, saias, pra criançada toda e pra ela mesma. Todos da família com a mesma estampa. Imaginem: deveria parecer um grupo de coral.


Autor: Márcia Ferreira Marques


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