O tempo



Um som grotesco impregnava o empoeirado ambiente em intervalos de um segundo.O velho homem golpeava o pequeno relógio redondo empunhado o pesado martelo de ferro com a mão enrugada enquanto comprimia os ressecados lábios.O antigo objeto construído para marcar as horas tinha sido presente do seu avô quando ele ainda era criança e, logo se tornou um item indispensável no bolso de suas vestes diária. Desde então, passou a viver controlado pelo tempo,antes de fazer qualquer coisa buscava sempre olhar e examinar o marcador a fim de saber quantos minutos restavam para o dia terminar.Dia após dia, ele se tornava cada vez mais refém daquele presente o qual tinha ganhado. O elegante tic tac do relógio passou a vida toda lhe dizendo o que deveria fazer. Quando dormir, acordar,sair, comer, trabalhar,namorar e estudar. Agora,beirando os 80 anos,ele queria fazer de qualquer maneira aquilo parar de funcionar,não aguentava mais a tortura de assistir o ponteiro trabalhando a favor do responsável por lhe envelhecer. O suor deslizava de suas têmporas através da barba cor de neve até pingar silenciosamente na mesa de marfim, juntando-se a minúscula poça formada pelas demais gotas. Ele batia com força,fúria, e o pomposo objeto insistia em lhe mostrar as horas parecendo debochar do seu esforço inútil. Cansado de tentar em vão destruir o tormento da sua vida, o velho lançou abruptamente o presente do falecido avô pela única janela estreita da sala, o fazendo despencar do décimo andar. E assim, se livrou para sempre do importuno mecanismo."Não adianta lutar contra o tempo" Pensou o velho,escorado sobre a parede."Ele nunca irá parar,você pode estagnar,mas ele nunca pausará. È traiçoeiro e avança depressa esse tal de tempo e,se não tomar cuidado,quando olhar no espelho,vai estar velho sem ter notado que algum dia viveu um passado"
Caminhado distraída pela calçada, a criança parou de repente ao ver um majestoso relógio perdido no chão.Curiosa, ela agachou recolhendo o velho objeto circular que se encaixou perfeitamente na palma de sua mão. Acostumada com os relógios digitais,ficou deslumbrada com aquele profundo tic tac produzido pela majestosa peça que segurava.

- Vamos filha, não temos tempo a perder. - chamou o pai mais a frente,esperando impaciente pela menina.

Ela apressou os passos em direção ao pai, e sorriu feliz, guardando no bolso o instrumento raro que havia encontrado na rua.

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