Política educacional ambiental e sustentabilidade



Política educacional ambiental e sustentabilidade
*Luciano Matos Nobre




Classificar o meio ambiente como um bem e, ao mesmo tempo mover militantes, orientar e desenvolver políticas, bem como instituir o desenvolvimento da prática educativa, nem sempre esteve associado aos interesses públicos. Segundo CARVALHO (2008), o aparecimento de práticas voltadas para o social, com sentido pedagógico para a questão ambiental, é caracterizado como fator histórico recentemente.
Numa visão histórica, para que possamos assinalar um momento ímpar, vamos encontrar o século XVIII, que tem como marco a Revolução Industrial, cujas características sociais, proporcionavam a ordem burguesa, o domínio da espécie humana, sobretudo, o meio ambiente, inserindo a materialização nos processos tecnológicos. É através desses processos que começam a acontecer as transformações sociais e ambientais, desencadeadas pelo modo de produção capitalista.
Destaca-se nesse período, o aparecimento no espaço urbano, os primeiros sinais, a princípio moderado, de violência social e degradação ambiental. Aponta CARVALHO (2008), que na contraposição à violência social e ambiental do mundo urbano, surge a nostalgia da natureza intocada, mostrada através da sua valorização, que é desejada e apreciada pelo social, tendo como exemplos, a criação de jardins, animais domésticos, etc., elementos registrados pela literatura e pintura nos século XVIII e XIX.
Dessa forma, como caracterizar o papel da educação ambiental e cidadã? .Primeiramente temos que entender a educação ambiental através do fator político-pedagógico, cujo ideário é a construção de uma sociedade, com base em direitos. Direitos esses, ambientalmente, justos, que possibilitem dentro das esferas: Estado e mercado de consumo, a satisfação da diversidade ao qual ela esta relacionada; segundo, à intervenção ambiental, conhecida como áreas e recursos definidos como itens de reservas extrativistas, reservas da biosfera etc.
É importante ressaltar que quando observamos esse quadro, fica claro que o campo ambiental torna-se um espaço de disputa entre concepções, interesses e grupos sociais.
A ausência da crítica política e análise estrutural dos problemas na afirmação de LOUREIRO (2008), caracterizam a educação ambiental, perpetuada pelo sistema vigente, impedindo a ação educativa correta na construção de uma democracia participativa, com qualidade de vida, possibilitando a igualdade social e criando bases para a sustentabilidade .
Na afirmação de LAYRARGUES (2003), na educação ambiental, encontramos uma educação voltada para o modelo de gestão ambiental, ou seja, obtendo destaque, na probabilidade de responder aos desafios de se trabalhar, uma educação direcionada para a cidadania, com o objetivo de desenvolver uma ação coletiva, buscando resolver os conflitos socioambientais, ocorridos no nosso cotidiano.
A Conferência de Tbilisi, em 1977 na ex-URSS, realizada pela UNESCO, reforça como fator importante, a proposta da educação ambiental, afirmando que a degradação ambiental, possui sua origem no sistema cultural, sofrendo influências do processo de industrialização, norteando uma visão de mundo unidimensional, utilitarista, economicista, proporcionando um ser humano exterior a natureza.
Essa conferência, na concepção de LAYRARGUES (2003), serviu para afirmar que a educação ambiental, proporciona a construção de informações e conhecimentos, atitudes e hábitos, com valores para a participação na gestão ambiental. No momento em que analisamos os impactos ambientais, produzidos pela espécie humana, geralmente envolvemos questões referentes aos efeitos de erosão, deslizamentos de encostas, assoreamento dos rios e enchentes nas cidades etc, com esse procedimento, damos mais atenção às conseqüências do que às causas do fenômeno.
No Brasil, a gestão ambiental educacional foi formulada em termos governamentais por José da Silva Quintas e Maria José Gualda, educadores da Divisão de Educação do IBAMA. A gestão ambiental, é entendida, como um processo de mediação, para solucionar problemas gerados em conflitos. A educação desenvolvendo seu papel na gestão ambiental, proporciona condições para a participação política dos diferentes grupos sociais, formulando políticas públicas, exercendo a teoria e a prática.
Portanto é indispensável desenvolver uma educação, voltada para uma política ambiental, fortalecendo perspectivas de uma cidadania, em que o homem possa usar o meio ambiente, mas ao mesmo tempo respeitar os deveres com esse espaço, passando a ter uma qualidade de vida e iniciar a sustentabilidade ambiental.
* Luciano Matos Nobre, Professor Universitário, Sociólogo, especialista em Pedagogia Empresarial.

Bibliografia Consultada:

CARVALHO, Isabel. Educação Ambiental e a Constituição de uma Pedagogia Cultural.Rio de Janeiro, Editora Lamparina, 2008.

LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Repensar a Educação Ambiental: Um olhar crítico. São Paulo, Editora Cortez, 2008.

LAYRARGUES, Phillipe Pomier. Educação Ambiental: Repensando o espaço da cidadania. São Paulo, Editora Cortez, 2003.

Autor: Luciano Matos Nobre


Artigos Relacionados


Programa De EducaÇÃo Ambiental (pea)

GestÃo Ambiental

EducaÇÃo Ambiental Direcionada Para O Lixo Do Âmbito Escolar

Gestão Ambiental Em Recursos Hídricos: Sustentabilidade E Equilibrio Nas Relações Entre O Homem E O Meio Ambiente

Resumo Educação Ambiental

Os Diferentes Contextos Sociais Nos Projetos De Educação Ambiental Na Escola

A ImportÂncia Da EducaÇÃo Ambiental No Ensino Da Geografia