DISCURSO DIRETO E INDIRETO NAS REDAÇÕES



DISCURSO DIRETO E INDIRETO NAS REDAÇÕES

A descrição só pode ser escrito no discuro indireto, pois é o autor que vai descrever o objeto.
A dissertão também só pode ser escrito no discurso indireto, os personagens não falam aqui.
A narração pode ser escrita no discuro indireto, ou seja, somente o narrador comenta o fato; somente no discurso direto ? somente os personagens falam ou usando os dois discurso. Os autores preferem sempre o último que dá um melhor aspecto ao texto. Vamos ver um exemplo dos três tipos de discursos nos textos abaixo:
CONVERSINHA MINEIRA
Fernando Sabino
- É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
- Sei dizer não senhor: não tomo café.
- Você é o dono do café, não sabe dizer?
- Ninguém tem reclamado dele não senhor.
- Então me dê café com leite, pão e manteiga.
- Café com leite só se for sem leite.
- Não tem leite?
- Hoje, não senhor.
- Por que hoje não?
- Porque o leiteiro não veio.
- Ontem ele veio?
- Ontem não.
- Quando é que ele vem?
- Não tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no dia que devia vir, não vem.
- Mas ali fora está escrito "Leiteria"!
- Ah,isto está sim senhor.
- Quando é que tem leite?
- Quando o leiteiro vem.
- Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?
- O quê: Coalhada? Então o senhor não sabe de que é feito a qualhada?
- Está bem, você ganhou: me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?
- Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
- E há quanto tempo você mora aqui?
- Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos.
- Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
- Ah, o senhor fala a situação? Dizem que vai bem.
- Para que partido?
- Para todos os Partidos, parece.
- Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.
- Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que é outro. Nessa mexida...
- E o Prefeito? Que tal é o Prefeito?
- O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
- Que é que falam dele?
- Dele? Uai, esse trem todo falam de tudo quanto é Prefeito.
- Você, certamente, já tem candidato.
- Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
- Mas tem ali o retrato de um candidato pendurado na parede.
- Aonde, ali? Ué, gente: Penduraram isso aí...

ÍNDIO PRECISA ANDAR COM CALÇA
Maria José Dupré
Uaú cavocou e arrancou mandioca, cavocou mais quase sem parar. O suor escorria-lhe pelo rosto cor de bronze, pelas costas e braços.
Samba arrancou minhocas da terra. Um desenterrou mandioca, outro minhoca.
Estavam assim nesse desenterrar sem fim e a manhã se passou. Havia um monte de mandioca no chão. Uaú parou de trabalhar, exugou o suor da testa e ficou pensando, tinha grande problema a resolver. Não sabia como carregar essa porção de mandioca. Coçou a cabeça, fumou cigarro de palha, que fazer?
Samba sentado nas patas traseiras, olhava admirado o companheiro pensativo. Uaú olhou a camisa dependurada. Se pusesse as mandiocas na camisa e fizesse uma trouxa? A camisa ficaria cheia de terra. Então? De repente veio uma idéia na cabeça de Uaú. Tirou as calças num instante, amarrou as barras dando um nó bem forte. Encheu-as de mandioca.
Assim ele voltou para a Missão: nu, levando solenemente as pernas das calças carregadas de mandiocas. Ao lado dele, Samba trotava.
Irmã Aquiléia foi recebê-lo na porta da cozinha. Levou um susto, teve vontade de rir mas ficou muito séria. Pegou as calças cheias de mandioca e despejou tudo na cesta no canto da cozinha. Disse para Uaú:
- Vista as calças, Uaú. Não pode carregar mandioca nas calças, eles são para vestir. Índio precisa andar com calça.
Ele riu e disse:
- Ué, onde Uaú punha mandioca:
- Devia vir aqui pedir uma cesta, respondeu a irmã.
- Muito longe, fica muito cansado. Tira mandioca da terra, sua muito, vem buscar cesta, volta, põe mandioca, traz mandioca, fica muito cansado...

UMA BOTA DIREFERENTE
Graciliano Ramos
Acordei de madrugada. Sentei-me, fiz o pelo-sinal, gritei aos homens, que se levantaram e foram pegar os animais. Já sabem que me tinha deitado com roupa e tudo, como é de costume quando a gente se aboleta nos descampados. Marombando, preguiçando, deixei a morrinha sair do corpo. Depois estirei um braço e procurei as botas que tinha largado ali perto na véspera. Achei uma bota, notei pelo jeito que era do pé esquerdo e calcei-me sem novidade. Mas quando fui calçar a outra sucedeu-me uma dos demônios. Meti a perna pelo cano, a perna entrou, entrou e nada de chegar ao fundo. Uma bota regular vai até ao joelho de um homem, não é isto? Pois essa passou o joelho, passou a coxa e tocou o pé da barriga e se mais perna houvesse, mais teria entrado. "Certamente alguém me arrancou a sola do calçado enquanto eu dormia", pensei. Quem se havia atrevido áquela brincadeira maluca? Dei um grito de raiva. Nesse ponto os arreeiros voltavam do campo com os animais no cabresto. Trouxeram um pedaço de facheiro aceso, aproximaram-se de mim e perderam ação: olharam uns para os outros embasbacados, amarelos como defundos. Sabem vosmecês o acontecido? Nem gosto de me lembrar. Uma jibóia tinha enrodilhado junto da fogueira. Perceberam? Calcei bem a primeira bota, mas quando ia calçar a segunda, agarrei a bicha nas queixadas e enfiei-lhe a perna boca adentro.

DISCURSO DIRETO, INDIRETO E MISTO

Para a produção de qualquer texto precisamos prestar atenção ao linguajar, ao modo de falar, ao modo de escrever este texto. O texto pode ser em 1a. ou em 3a. pessoa do singular.
Assim temos três tipos de discursos. O discurso direto, o indireto e o misto.
O discurso direto é quando o personagem fala diretamente no texto, sem interferência do autor, de explicações. Do jeito que ele falar, será escrito. Usa-se uma abertura de parágrafos e o travessão sempre que se mudar de interlocutor. Também as frases são escritas em 1a. pessoa do singular ou do plural. Ex:
- Pedro, você pode me emprestar o livro de Inglês?
- Não, Paulo. Preciso estudar para a prova de amanhã.
Já no discurso indireto o narrador explica o que os personagens falaram. Usa-se portanto a 3a. pessoa do singular ou do plural. É o discurso típico da maioria dos textos. Ex:
Paulo perguntou a Pedro se ele poderia emprestar o livro de inglês e Pedro disse que não, pois precisaria estudar para a prova no dia seguinte.
Os discursos podem ser curtos ou longos, dependendo de como a pessoa fala ou escreve. Não há uma norma específica para seu uso a não ser as duas regrinhas acima.
O discurso direto é encontrado em diálogo entre várias pessoas, onde cada uma fala, comenta, dá a sua opinião.
Usa-se a 1a. pessoa do singular ou do plural neste tipo de discurso: portanto Eu ou Nós. As frases também não podem ser muito longas para dar o tempo suficiente da outra pessoa falar, comentar, dar opinião.
O discurso indireto existe na maioria dos livros técnicos, científicos, históricos e todo o material de estudos.
Existe também o discurso misto. É um discurso importantíssimo para os escritores, pois é este tipo de trabalho que eles vão usar em seus romances, já que aqui e acolá os personagens falam, bem como são necessárias as explicações do narrador.
Sem os discursos seria impossível a produção de livros ou qualquer coisa escrita, portanto precisamos estar atento a eles e saber usar adequadamente um e outro.
Podemos transformar tranqüilamente um tipo de discurso em outro, dependendo da situação. É o que vamos tentar agora. Faremos umas pequenas transformações para entender melhor o assunto. É claro que no texto usaremos o que melhor nos convier.

1)Transforme o discurso direto em indireto:
A. - Mamãe, quero comer
- Ainda não está pronto, filha.
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B. - Vou à festa hoje com os amigos, pai.
- Pode ir, Carlos, mas muito cuidado.
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C. - Professor, posso tirar um 10 de português?
- Pode sim, Carla, é só você estudar muito.
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2.Transforme o discurso indireto em direto:
A) Jonas disse a seu pai que iria pescar no rio Amazonas com o Manoel e o pai disse que fosse, mas levasse também uma espingarda.
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B) Márcio foi à livraria e perguntou ao proprietário qual o preço do livro de ciências e este informou que o livro citado estava em falta, mas logo chegaria uma nova edição que ele aguardasse um pouco mais.
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C) Manoela perguntou à mãe se no tempo dela as moças ficavam até 1 hora da madrugada na rua e a mãe disse que não pois os pais ficariam umas feras.
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Autor: Henrique Araújo


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