O vento e o grão



O VENTO E O GRÃO

Simônides Bacelar


Sopra o vento uma semente
Em rumo ao deserto vão
Chora o grão em vivas súplicas:
? Deixa-me, vento, no chão!

Deixa-me no solo quente
Onde terei vida e luz
Onde darei tenras flores
Às borboletas azuis.

Abrigarei sob a copa
O cervo, o gado, o corcel
Produzirão as abelhas
Do meu pólen todo o mel.

Deixa-me, vento, pousado
No fofo e úmido chão
Do germe que trago ao seio
Frutos e flores virão

Mas pleno de ufano e pressa
E das súplicas em vão
O vento impávido e forte
Zunia levando o grão.

Ao deserto, oh, não me leves
Não me leves para a morte
Não me deixe sobre as pedras
Das secas cruéis à sorte!

Ai, vento, por que me fazes
Fenecer em meio incerto
Ai, quero brotar da terra
Não me deixes no deserto

Milagre da natureza
Eu sou da terra a guarida
Deixa-me, deixa-me, vento
Do orvalho sorver a vida!

Insuflando o espaço, as nuvens
Inflado em feroz rojão
Ia o vento rumo às dunas
Levando, levando o grão

Como os amores que passam
Por correntes de paixão
Minha vida vai ao rumo
Da história do vento e o grão
Será sempre triste e infértil
Fora do teu coração.

Autor: Simônides Silva Bacelar


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