Pela Estrada da Insensatez



Ando descalço pelo caminho da insensatez humana. Meus pés, feridos, já não suportam mais as farpas desta sinuosa estrada.

Sinto a dor e o cheiro de sangue brotar de minhas entranhas, e a cada passo, os corvos da fraqueza e da insegurança ameaçam pousar em meus ombros.

Ouço tiros, e uma explosão. Ao fundo avisto o cogumelo da destruição. Gases e fumaças levantam do horizonte, trazendo infestação.

Mas mesmo cansado e atormentado, meu corpo, avança desprovido de medo e de esperança.

Sinto o calor, o suor correndo pela testa. Subo a coxilha, e vejo o fogo em dia de festa.

No meio das chamas, corpos de seres humanos e destroços de máquinas queimando. E saindo la do fundo um ser estranho caminhando.

- Ei meu camarada! - uma voz rouca e grave, ecoa em meio àquela destruição.

Vejo duas calotas vermelhas dentro da densa fumaça, era ele, o rei da desgraça.

- Não me interprete mal. Fala a voz novamente - Tudo isso é natural. A destruição quando chega não tem nada de anormal.

- Meu dever esta cumprido, tudo desorganizado e bagunçado, o caos está formado.

- A partir de agora eu lavo minhas mãos, vou pra outra terra, e deixo essa nas mãos da luz da criação.

- E você, pode continuar seu caminho, que esse não era seu ninho.

E, abriu-se, em meio a densa neblina, um canal, em forma de esquina.

Ao fim da fumaça econtro uma grande garça.

Ela me diz:

- Vem comigo, senhor, que vou te levar ao destino.

Embarquei em um cesto de pano, que ela carregava em seu bico, e bateu suas asas em rumo ao infinito.

Autor: Leonardo Heitor Barden


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