A FIGURA DO REACIONÁRIO



A FIGURA DO REACIONÁRIO

Segundo a teoria Marxista, o capital e a burguesia deveriam gerar o proletariado, que se multiplicaria, e depois se voltaria contra os seus senhores, tomando-lhes o poder.
Através dos tempos tivemos no mundo algumas experiências em que de fato isso aconteceu, antes e depois de Marx.
Um dos primeiros golpes dessa natureza nos conta Maquiavel em seu livro O Príncipe, de como um sujeito de origem humilde (Agátocles, futuro rei de Siracusa), depois de entrar para as milícias, fazer carreira e se tornar comandante, acabou reunindo os maiorais da cidade numa praça pública, matando-os, de surpresa, com o seu exército, e se tornando ele próprio o soberano do lugar.
Dom Pedro I, Miguel Hidalgo y Costilla, Agustín de Iturbide, José Gaspar Rodrigues Francia, José Gervásio Artigas, Juan Antonio Lavalleja, Bernardo O?Higgins, José Francisco de San Martin e Simon Bolívar, como líderes oriundos de diferentes origens, mas em sua maioria aristocratas, são alguns dos que fizeram a sua parte, libertando ou tentando tornar independentes de seus colonizadores ou intrusos vários países da América, sem que estes, necessariamente, se transformassem em repúblicas socialistas.
Fidel Castro e Che Guevara, um advogado cubano e um médico argentino respectivamente, oriundos da classe média alta, foram os únicos a implantar aqui um regime desta natureza ao invadirem a ilha de Cuba em 1959 e tomarem o poder que estava em mãos do imperialismo e do seu último ditador Fulgêncio Batista.
O grande problema é que alguns destes líderes revolucionários, como o próprio Fidel, para proteger o seu regime, tiveram que se transformar também em ditadores e acabaram, por excesso de zelo, oprimindo de algum modo o povo que libertaram.
Porém, confirmando a teoria de Marx, fatalmente o mundo caminha para uma condição global e talvez anárquica de domínio por parte do proletariado, cuja população universal já é predominante, queiram ou não os defensores do reinado ?ad aeternum? do capital em sua forma despótica e opressora.
E é, em meio a tais circunstâncias, que vamos encontrar, aqui e acolá, a figura do reacionário, o qual, como cronista diletante e preocupado em preservar unicamente o seu ?lugar ao sol?, resolve de modo contumaz se insurgir contra essa realidade e baixar a lenha sobre seus opositores, atacando-os, sempre que possível, com sua diatribe.
Para o reacionário, os pobres e proletários serão eternamente buchas de canhão, lenha de fogueira ou pelo menos deveriam servir de combustível para aquecer as caldeiras do inferno, embora reconheça que sem eles, como peças de trabalho, a máquina do capital não funcionaria.
Um dos típicos apologistas do capital, além de alguns políticos e economistas, é justamente o reacionário, o qual, arvorando-se como seu representante e ferrenho defensor, volta-se contra todos os que não se enquadram em sua mesma condição anti-social e, em seu discurso, seja qual for, encontra um jeitinho de falar mal da classe média e dos proletários e atacá-los de alguma forma, como se estes fossem, de si e dos seus, inimigos pessoais, o que absolutamente não é verdade.
Não li o Capital de Marx, nem o seu Manifesto, mas acredito que ele tenha dedicado alguns capítulos a este tipo de personagem.
(Luciano Machado)


Autor: Luciano Machado


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