Romântica e política: a Arte Raulseixista



Edson Silva

Quem conhece um pouco da vida do roqueiro baiano Raul Seixas, o "Maluco Beleza", morto em agosto de 1989 aos 44 anos, sabe que ele dizia ter aversão a política. Isto não quer necessariamente dizer que Raulzito não era político, não na concepção da palavra, aquele de fazer campanha, buscar votos, mas no sentido de suas músicas e shows serem verdadeiros discursos e manifestos politizados, neste caso podemos citar o cérebre: "... faz o que tu queres, pois é tudo da Lei...", da anárquica Sociedade Alternativa, que em nada agradou ao Regime Militar imposto durante anos à todos nós brasileiros.

Em outra música, Raulzito diria não querer ser eleito e acabar assassinado e que nem mesmo precisa ler jornais, pois para mentir era capaz de fazê-lo sozinho, uma explicita crítica a ditos profissionais de imprensa, que fazem o jogo patronal sem o menor pudor, senso crítico ou compromisso com a democracia e com o futuro da maioria da população. Estão aí os festivais de "denúncias eleitoreiras" vindos à tona na época de alguma Eleição e que depois dispersam como fumaça até um próxima oportunidade, ou melhor (acho que é pior) até outra Eleição, se convier.

Muitas de minhas convicções de jovem estudante universitário dos anos 80 ainda as mantenho, mas nem por isso me considero anacrônico, pois me mantenho em paz com minha consciência, mesmo sem a juventude e os cabelos, agora mais raros e muito mais brancos. Não vejo utopia em projetos que visam ampliar oportunidades de estudos, de trabalho e mesmo para que alguém tenha o sagrado e elementar direito de comer com dignidade um prato de comida. Volto a citar o Raulzito e se isso for utopia quero mesmo continuar sendo este utópico para continuar tentando mudar a direção do trem da história de que as coisas são como são e que continuarão assim.

Para encerrar, peço licença ao Marcelo Nova e aos familiares do infelizmente falecido Raul Seixas para citar um trecho da música "Carpinteiro do Universo", composta por ambos. "...Estou sempre/pensando em aparar o cabelo de alguém/E sempre tentando mudar a direção do trem./À noite a luz do meu quarto eu não quero apagar/Pra que você não tropece na escada, quando chegar/O meu egoismo, é tão egoísta,/que o auge do meu egoismo é querer ajudar./Mas Não sei por que nasci/pra querer ajudar a querer consertar/O que não pode ser.../Não sei pois nasci para isso, e aquilo,/E o inguiço de tanto querer..."

Edson Silva, 48 anos, jornalista, nasceu em Campinas e é assessor de imprensa em Sumaré.

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Autor: Edson Terto Da Silva


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