Crack: O abismo para pobres ou ricos



Edson Silva

Um dia desses no jornal matutino de uma grande emissora de TV, um colunista falou sobre as drogas que se alastram (faz tempo) em nosso país e deixou transparecer o abismo entre dois mundos: o dos ricos e o dos pobres, que infelizmente é realidade no Brasil, apesar de alguns avanços. Os motes do comentário foram dois tipos de drogas: o crack e a cocaína, que na verdade é praticamente uma só, sendo que a primeira seria "destinada" aos pobres, por ser mais barata, nada mais é que restos mal refinados da cocaína, como a escória de metais de uma fundição, por exemplo.

Em determinado momento, o colega jornalista, muito experiente de profissão por sinal, disse que o crack só faz mal ao usuário, que abreviará a vida, já que a droga vicia mais rápido e em pouco tempo será letal, destruindo caráter, autoestima e levando a morte. O comentário é ilustrado por "exércitos de zumbis da droga", formado por homens, mulheres e até crianças extremamente magros. Achei a visão simplista, afinal não foi levado em conta que os tais viciados que estariam fazendo só a si mesmos têm famílias, rede de amigos e outra coisa, qualquer vida é valiosa e o crack está em todas as camadas da população.

Há relatos de pessoas da alta sociedade perdendo tudo com este vício, deixando estudos e profissão. Há que se levar em conta também que o vício estimula ainda mais a criminalidade, com ocorrências cada vez maiores de furtos e roubos, que são as formas que os escravos dessa droga encontram para a manutenção do vício, mantendo assim o lucro deste comércio, muitos vezes mantido com a conivência de autoridades. E quanto a sociedade em geral, sempre há desculpa que o problema não é comigo, além da questão da insegurança.

Este mundo de vício fomenta assassinatos, sejam praticados por viciados obstinados em conseguir mais drogas ou nos quais eles são vítimas em função de dívidas com chefões e intermediários. Mas voltando ao comentário televiso, o colunista cita a cocaína como droga dos ricos e, como fosse testemunha ocular de fatos, insinua que alguns políticos variam de humor e influenciam suas decisões em relação ao povo ao trabalharem sob efeito da mesma... Ele disse que ocorre em nosso país, mas aqui tudo vira "denuncismo", quase nada se prova.

Sem querer ser redundante, temos que "chover no molhado", mesmo nestes tempos de seca. Contra as drogas licitas ou ilícitas, é preciso mesmo estancar as fogueiras que fomentam tal problema e isso só se consegue erradicando miséria, dando ensino de qualidade e mantendo nossas crianças ocupadas o maior tempo possível em atividades de educação, esporte, lazer, tudo longe da rua, com o carinho da família e a segurança e proteção de um estado que faça valer que dos seus filhos é mãe gentil.

Edson Silva, 48 anos, jornalista, nasceu em Campinas e trabalha como assessor de imprensa em Sumaré.
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Autor: Edson Terto Da Silva


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