Se beber vote, mas não dirija!



Edson Silva

Para a alegria e prosperidade de donos de bar, boteco, birosca, restaurante, mercado, supermercado, ambulante e hipermercado em geral e, porque não da parte da população, que não abre mão do aperitivo, em especial da cervejinha gelada, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo suspendeu, este ano, a famosa Lei Seca, que proíbe em dia de Eleição vender de bebida alcoólica e em alguns casos até fiscaliza casas de cidadãos para ver se não são botecos enrustidos.

Particularmente, sempre considerei a Lei Seca meio absurda. Afinal proibir consumo de bebida no dia da Eleição em estabelecimentos que eficácia tem, se qualquer pessoa dada ao costume etílico pode muito bem se abastecer na véspera e aproveitar para encher geladeira, estante, embaixo da pia, tudo no dia anterior ? Então, se a preocupação é que o eleitor vote sob efeito de álcool, o negócio seria constar em lei que isso é proibido e fiscalizar (quem sabe?) com bafômetros nas sessões eleitorais.

Importante a se ressaltar é que em dia de Eleição ou não, se ingerir bebida alcoólica não dirija carro, moto ou qualquer veículo. Quanto a votar, o ato deve ser consciente, esteja ou não o eleitor sob efeito de uma dose, preferencialmente pequena, já que todo excesso é prejudicial à saúde, de álcool. Exageros podem levar a não lembrar números, errar teclas, não ver foto do candidato escolhido, enfim situações que podem atrapalhar a livre e democrática escolha, algo que se deve ter até na hora de optar se a pessoa quer ou não tomar seu copo de cerveja no barzinho preferido antes de ir votar.

Além da categoria de comerciantes, não é meu amigo Carlão Show de Bola? Já vejo outros profissionais contentes com a decisão de abolir a Lei Seca nesta Eleição em SP. Policiais, por exemplo, podem se dedicar a segurança pública, ao invés de recolher garrafas e tirar eleitores das ruas, ou melhor, de bares, levando-os para uma Delegacia. Repórteres não precisarão checar Plantões sobre problemas de eleitores etílicos detidos, podendo dedicar mais tempo ao andamento da Eleição e as apurações. Enfim, pode ter mais ganho que perda ao deixar o povo exercer livremente sua vontade, mesmo a de beber um pouco e curtir seu feriado após votar.

Para encerrar lembrei da música dos anos 80, do Accioly Neto, chamada ironicamente de "No Nosso é Refresco". Aliás, ela é um toque bem atual para todos paulistas. "... Aos assaltos nem gritei/ Aos apertos nem gemi/ Aos pacotes engoli legal/ Mas se boicotar o ?mé?/ Eu vou retribuir ao Cals/ Convocando os sóbrios/ Pra ?agitar? aqui! Oh, yes, ?nóis? have ?pobrema?/ ?Nóis num? have mesmo é solução/ Pondo pinga no motor/ Vai faltar pro eleitor/ Anestesiar o coração..."

Edson Silva, 48 anos, jornalista, nasceu em Campinas e trabalha como assessor de imprensa em Sumaré
[email protected]

Autor: Edson Terto Da Silva


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