Estabelecimento de Mentha pulegium L.



ESTABELECIMENTO IN VITRO DE Mentha pulegium L.
ROCHA, A. B.
Laboratório de Cultura de Tecidos de Plantas ? UNI-RIO


1 ? INTRODUÇÃO

No Brasil e no mundo as plantas medicinais têm sido usadas amplamente para tratamentos profiláticos e paliativos para várias enfermidades, levando-se em conta os baixos índices de efeitos colaterais observados em seus consumidores (BALBACH & BOARIM, 1993).
O Poejo (Mentha pulegium) é uma planta rasteira, perene, do gênero Mentha, família da Lamiaceae, conhecida popularmente como: menta selvagem, erva de São Lourenço, poejinho, poejo-real. O seu óleo essencial possuí odor característico, quando extraído apresenta-se na cor amarela, dos 21 componentes identificados (grupo dos monoterpenos oxigenados) o constituinte de maior concentração foi a pulegona (73,4%) (PAZ et al, 2001), essa substância em estado puro quando utilizada em doses elevados pode induzir ao aborto (CENTENO et al, 1998).
Na antiguidade essa planta foi muito utilizada como importante condimento para o aumento da vida útil do leite e sua fumaça pode atuar como repelente natural de pulgas (CENTENO et al, 1998).
Atualmente as ações antrópicas tem influenciado negativamente o ecossistema, propiciando um alto índice de contaminação dos vegetais. A importância da utilização das técnicas de micropropagação, esta na reprodução de um grande número de espécies sadias, livre de patógenos e geneticamente uniformes.
A micropropagação de espécies medicinais justifica-se pela crescente demanda da indústria farmacêutica por plantas indexadas, livres de vírus, com alta qualidade fitossanitária e fisiológica e com a capacidade de síntese de metabólitos secundários potencializada, através do melhoramento genético (RUBIN et al). A utilização da multiplicação in vitro proporciona um grande número de mudas, sendo importante a elaboração de um meio que otimize a regulação do crescimento e da morfogênese de tecidos e órgãos. A principio o meio de Murashige e Skoog, 1962 (MS) é um meio universalmente usado (PASQUAL, 2001) especialmente para morfogênese (BALBACH & BOARIM, 1993)e estabelecimento da técnica in vitro.
O objetivo deste estudo é protocolar um processo de desinfestação de plantas e estabelecimento de culturas de segmentos nodais para a micropropagação de Mentha pulegium, determinando os meios mais eficientes para o seu crescimento, desenvolvimento e estudos pertinentes aos efeitos de reguladores de crescimento.



2 ? MATERIAL E MÉTODOS

Para o estabelecimento do cultivo in vitro, utilizaram-se como explantes, segmentos nodais com aproximadamente hum cm de comprimento, proveniente de Piraí, RJ.
O grau de desinfestação e a resposta do explante podem variar conforme o material usado (CID & ZIMMERMANN, 2006).
1º Processo Desinfestante: As mudas foram lavadas com sabão de coco, imersas em solução de água sanitária comercial a 2% por 10 minutos. Após enxague em água corrente os segmentos foram cortados (totalizando 43 SN), sendo submetidas à agitação magnética por 15 minutos em água estéril e inoculados em cultivo in vitro na câmara de fluxo laminar asséptica: 23 SN em meio MS/sólido e 20 em meio MS+Carvão ativado/sólido. Após 14 dias os segmentos nodais foram avaliados, verificando se o processo de desinfestação foi eficiente.
Outras três mudas de mesma procedência, foram submentidas aos seguintes tratamento:
2º Processo Desinfestante: As mudas foram lavadas com sabão de coco, imersas em solução de água sanitária comercial a 80% por 15 minutos, submetidas à agitação por 15 minutos, na câmara de fluxo laminar asséptica, os segmentos nodais foram isolados totalizando 47 SN implantados em cultivo in vitro: 25 em meio MS/sólido, 20 em meio MS/líquido e 2 em MS+Ca/sólido. Após 21 dias os segmentos nodais foram avaliados.
3º Processo (Trânsferência de meio): Todos SN cultivadas em MS/sólido, foram introduzidas em meios sólidos contendo diferentes reguladores de crescimento: 5 em MS+ BAP/2 mg.L-¹, 3 em MS+ANA/2 mg.L-¹ e 3 em MS+TDZ/2 mg.L-¹. Após 8 dias os segmentos nodais foram avaliados, verificando-se o desenvolvimento vegetal.
As culturas permaneceram em sala de incubação a temperatura de 25 +- 2°C, com fotoperíodo de 16 horas e ~23 µmol/m²s.



3 ? RESULTADOS PRELIMINARES E DISCUSSÃO

Os resultados preliminares mostraram que os procedimentos utilizados e os tipos de meio (sólido ou líquido) interferem nos resultados de desinfestação, estabelecimento do cultivo in vitro dos explantes e desenvolvimento de raízes e folhas.
Na primeira e na segunda etapa do experimento foram testadas procedimentos de desinfestação. O 1º procedimento (figura 1) foram ineficientes para a limpeza dos explantes, 100% dos segmentos nodais cultivados em MS+Carvão ativado/sólido apresentaram contaminação por fungos, apenas 35% dos cultivados em MS/sólido estavam saudáveis.
No 2º procedimento (figura 2), no meio líquido houve 100% de contaminação, os segmentos cultivados em meio sólido estavam saudáveis (100% em MS+Ca e 4% em MS), estabelecendo o cultivo, já sendo observado a presença de raízes em ambos os meios.
Os explantes saudáveis: MS (35% - 1º procedimento), MS (4% - 2º procedimento, com raiz) e MS+Ca (100% - 2º procedimento) foram inseridos em meios contendo reguladores de crescimento (BAP, ANA e TDZ).
Ao final de 28 dias: 20% dos segmentos nodais cultivados em BAP apresentaram raízes e folhas, 40% dos cultivados em BAP e 67% em ANA apresentaram raízes (figura 3 e 4), iniciando o estabelecimento da rizogênese e parte aérea das plantas cultivadas in vitro.


Figura 1: Resultados do 1º procedimento (14º dia de observação).


Figura 2: Resultados do 2º procedimento (21º dia de observação).


Figura 3: Resultados do 3º procedimento (28º dia de observação).



Figura 4a e 4b: Aspectos de desenvolvimento in vitro de SN de poejo.

A ? Rizogênese de Mentha pulegium (1,0 cm = 0,8 cm)
B ? Parte aérea de Mentha pulegium

4 ? CONCLUSÃO

O 2º procedimento de desinfestação se mostrou eficiente para estabelecer o cultivo in vitro de Mentha polegium. O MS/sólido e MS+Ca/sólido proporcionaram o maior número de segmentos sadios e rizogênese, o segundo também proporcionou o desenvolvimento da parte aérea da planta, fenômenos otimizados com BAP e ANA.

5 ? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALBACH, A. & BOARIM, B. As Hortaliças na Medicina Natural ? 1. Ed. Rev. E ampl. ? itaquaquecetuba, SP: Editora Missionária, 1993.


CENTENO L. M. M.; BEATO M. T. A. & BOBILLO M. S. Plantas Medicinales Españolas. Mentha pulegium l. (Labiatae). (poleo, poleo ?menta) Spanish Mecicinal plants. Mentha pulegium L. - artigo, p. 2 - Universidad d Salamanca - Salamanca, Spaña: Departamento de Botânica, Facultad de Farmacia, 1998.


CID, L. P. B. & ZIMMERMANN M. J. A Contaminação in vitro de Plantas ? 1ª edição, p. 9 - Brasília, DF: BOLETIM DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA EMBRAPA, 2006.

PASQUAL, M. Meios de Cultura. Universidade Federal de Lavra FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão - Capítulo 1, p.2 ? Lavras, MG, 2001.


PAZ, D.; DELLACASSA, E.; DAVIES, P.; VILA, R. & CAÑIGUERAL, S. Essencial oils of Mentha pulegium and Mentha rotundifolia fom Uruguay ? Vol 45, nº 4 ? Curitiba, PR: Brasilian Archives of Biology and Technology , 2002.

RUBIN, S.; LIMA, C. S. M.; SANTOS, L. S.; PETERS, J. A & BRAGA, E. J. B. Adequação de Protocolo para micropropagação de Mentha viridis L.- Artigo científico ? Laboratório de Tecidos de Plantas, Universidade Federal de Pelotas ? Pelotas, RS. Disponível em: http://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&q=ADEQUA%C3%87%C3%83O++O+DE+PROTOCOLO+PARA+MICROPROPAGA%C3%87%C3%83O++O+DE+Mentha+viridis+L.&btnG=Pesquisar&lr=&as_ylo=&as_vis=0 > acesso em 15 de julho de 2010.







Autor: Adriana Barbosa Da Rocha


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