O aluno e a construção do saber na visão Piagetiana e Vygotiskyana



Introdução
Quando se pensa em motivação na sala de aula, o mais importante é aprender algo que faça sentido, descobrir por traz das palavras que se constroem significados conhecidos e experimentar o domínio de uma habilidade, encontrar explicação para um problema relativo a um tema que se deseja compreender. A atenção do aluno ou aluna nesses casos se concentra no domínio da tarefa e na satisfação da sua realização. Em outros casos busca-se, sobretudo, evitar sair-se mal diante dos outros, o que se pode traduzir em tipos de comportamentos contrários.
Assim, podemos comprovar que muitas vezes não se tenta aprender, no sentido profundo do termo, simplesmente porque não se sabe como fazê-lo, nem que estratégias empregar para abordar um tema, superar uma dificuldade ou resolver um problema (TAPIA, 1999, p.17).
Para esclarecer melhor este ponto vamos analisar a perspectiva Piagetina.
1. Perspectiva de Piaget

De acordo com Chiarottino (1984) Piaget distingue aprendizagem de conhecimento. Aprender, para ele, é saber realizar. Conhecer é compreender e distinguir as relações necessárias é atribuir significados às coisas, levando em conta não apenas o atual e o explícito, mas também o passado, o possível e o implícito (MORÃES, 1997, p.139).
Segundo Moraes citando Piaget conhecer um objeto é agir sobre ele, transformá-lo, aprendendo os mecanismos dessa transformação vinculados com as ações transformadoras. É por meio do aprendizado, da interação sujeito- objeto, sujeito-mundo que o indivíduo assume o comando de sua própria vida. (IBIDEM, 1997, p.140).
Piaget faz um paralelo entre a dimensão biológica e psicológica do ser humano, analisa as relações entre organismo e ambiente e explica o funcionamento cognitivo como um caso especial do processo vital de adaptação.
A análise da pesquisa piagetiana, indica a necessidade de serem consideradas os diferentes níveis de desenvolvimento do aluno e as possibilidades de priorizar situações que signifiquem melhores experiências para os alunos, e também tornar a experiência escolar um fator significativo para o desenvolvimento cognitivo.
A crítica que se faz a Piaget que seu método clínico de observação priorizou o desenvolvimento dos processos intelectuais que são comuns a todas as crianças, não se preocupando, pois, com as diferenças individuais, como os representados da perspectiva psicométrica.
2. Perspectiva de Vygotsky

Vygotsky tem uma perspectiva sociocultural, para ele a inteligência se desenvolve a partir da experiência social.
A valorização do contexto e o destaque ao papel do outro e da linguagem no desenvolvimento é um dos fatores imprescindíveis para a compreensão da natureza da inteligência humana.
Vygotsky em seus estudos parte do conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) cujo entendimento de que as interações com outras pessoas são a origem do processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. Nesse sentido, a ZDP pode ser identificada como o espaço no qual, com a ajuda dos outros, uma pessoa pode realiza tarefas que não seria capaz de realizar individualmente. A contribuição do conceito de ZDP está relacionada à possibilidade de se especificar as formas em aula, ajudando os alunos no processo de significação pessoal e social da realidade.
2.1 Para trabalhar o conceito de Vygotsky indicamos algumas metodologias.
? Inserir atividades significativas na aula;
? Possibilitar a participação de todos os alunos nas diferentes atividades, mesmo que os níveis de competência, conhecimento e interesses forem diferenciados;
? Trabalhar com as interações afetivas e emocionais;
? Introduzir modificações e ajustes ao longo da realização das atividades;
? Promover a utilização e o aprofundamento autônomo dos conhecimentos dos conhecimentos que os alunos estão aprendendo;
? Estabelecer relações entre os conteúdos e os conhecimentos prévios dos alunos;
? Utilizar linguagem clara e objetiva evitando mal- entendidos ou incompreensões;
? Recontextualizar e reconceitualizar a experiência.

3. Considerações finais

Tanto a perspectiva piagetiana como vigotiskyana vê o aluno como um ser aprendente, cuja estrutura do pensamento tanto pode ser inata como oriunda de uma interação social. Para entender melhor este processo da qual se efetua a construção da aprendizagem no educando, é pertinente analisar como se articula as relações afetivas no ato de aprender. Para tal, tem que ter um; "olhar" dentro do viés da psicanálise.
Trabalhar a partir dessas concepções caracteriza desafios à prática educativa que não está isenta de problemas e limitações. Porém, entende-se que esse esforço, mesmo que acompanhado de lentos avanços, é decisivo para a aprendizagem e o desenvolvimento das escolas e das aulas.

4. Bibliografia

BZUNEK, José Aloyseo. As crenças da auto-eficácia e o seu papel na motivação do aluno. In: BORUCHOVITCH, Evely e BZUNECK, José Aloyseo (org.). A motivação do aluno : Contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis/RJ: Vozes, 2001, p.116-133.
COLL, César e outros. O Construtivismo Na Sala de Aula. São Paulo : Ática, 2006.
MORÃES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas : Papirus, 1997.
PIAGET, J E INHELDER. Biologia da criança. São Paulo: Difusão Europeia do livro, 1968.
TAPIA, Jésus Alonso & FITA, Enrique Cartula. A motivação em sala de aula, o que é, como se faz. Trad. Sandra Garcia, 4°ed. São Paulo : Loyola, 1999.
VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente : desenvolvimento dos processos psicológicos superiores : (org.) Michel cole. Trad. José Apolla Neto, Luís Silveira Mesma Barreto, Solange Castro Afeche, 6ºed. São Paulo : Martins fontes, 1998.
Autor: Rosimeire Cristina Dos Santos


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