Conversando com Lula no bar



Edson Silva

Há quem capitalize sonhos, ganhando dinheirinho, eu os socializo, dividindo-os neste espaço democrático gentilmente oferecido. Pois, bem ! Sonhei madrugada dessas que estava num bar pedindo um PF (não é Polícia Federal, não, é Prato Feito), quando entra o presidente Lula. O interior do bar era quase todo de madeira, ambiente meio escuro, embora eu não conheça bem a Capital, que devia lembrar estabelecimentos simples e tradicionais de bairros paulistanos, como Bixiga ou Barra Funda.

Eu pegava o prato de arroz branquinho e vi o presidente sentar-se junto de uma mesa de madeira onde estava um de meus irmãos. Lula ficou num banco alto e redondo, desses que ficam nos balcões, pedi licença e coloquei meu prato na mesa. Não sem antes mostrar a antiga capa de título de eleitor em que Lula era candidato a governador com número 3, não 13. Cumprimentei o presidente e me apresentei como jornalista. Então disse se podia fazer uma pergunta, no que fui atendido. Como citei, era um sonho, devíamos estar em 2.011, Lula curtia vida normal de dever cumprido como ex-presidente e estava alegre por eleger Dilma como sua sucessora.

Devia estar frio, o presidente (ou melhor, ex-presidente) usava pesadas roupas de lã, estava calmo e lhe perguntei se ele se considerava ícone dos trabalhadores brasileiros mais por sua atuação como sindicalista nos anos 70 e 80 ou pela atuação na Presidência da República, entre 2003 e 2.010 ? Ele nem pensou muito para começar dizer: "Companheiro, penso que nosso trabalho foi importante sim no sindicalismo, tivemos muitas conquistas..."

Ele deu uma pausa antes de continuar... "mas, na Presidência, quando peguei este país com milhões de desempregados, em recessão e vendendo estatais e vi que era possível fazer o Brasil crescer, distribuir renda, preservar empregos e enfrentar a crise mundial, posso afirmar companheiro jornalista: meu governo foi sim muito importante para os trabalhadores e todos os brasileiros, pois nunca há história desse país..."

Antes de acordar, vi o presidente pegar seu boné, tipo boina, de brim azul intenso, na hora achei que deveria ser vermelho, se despedir e ir embora. Fiquei algum tempo pensando quando militava para o recém nascido PT na faculdade de Jornalismo da Puccamp, numa época que a maioria dos estudantes era filiada, militante ou simpatizante do PCB, PC do B ou PMDB. Lembrei do debate de candidatos a prefeito, em 82, na Faculdade, da vez que colei praguinha do PT na atriz Regina Duarte, que na época elogiava nossos sonhos e não ia representar (para a oposição) cena de medo da esperança. Enfim, eu tinha acordado de um sonho, mas continuava num país melhor... Ah, o título é alusão a uma bela música do Milton Nascimento.

Edson Silva, 48 anos, jornalista, Campinas, trabalha como assessor de imprensa em Sumaré

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Autor: Edson Terto Da Silva


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