A ERA COLONIAL: NA VISÃO DO PARAISO



A ERA COLONIAL: VISÃO DO PARAISO

THENILLE KALIUP DA SILVA RAMOS
TATIANA CARNEIRO DOS SANTOS

RESUMO
Procura-se fazer uma breve análise sobre o processo histórico da Literatura Brasileira e sua evolução desde os primórdios da colonização até a atualidade. Busca-se apresentar uma breve explicação sobre a fase do Quinhentismo as temáticas que marcam esse processo histórico apresentando aspectos a produção literária ocorrida em Portugal e no Brasil. Tendo como fonte, referenciais teóricos como: Alfredo Bosi, Jean de Léry, Hans Standen e Gabriel Soares.

Palavras - chave: Literatura Brasileira. Visões do Paraíso, Literatura de Informação, Literatura de Jesuítica.

RÉSUMÉ
Recherche faire une breve analyse sur Le processus histoire du Litrature Bresiliene ET sa transformation à commencer pandent La colonization jusqu?a actuallement. Recherche présenter une breve explicitation sur La fase Du "quinhentismo" lês tematiques qui replacem cette processus histoire qui présenter caracteristiques à prodution événement em Portugal ET em brésil.Comment références : Alfredo Bosi, Jean de Léry, Hans Standen ET Gabriel Soares.
Mots-Clé: Literature Bresiliene. Visions du Paradise. Literature du Information. Literature du Jesuitica.




Fundamentação Teórica
Entre 1500 e 1600, muitas mudanças ocorreram no âmbito literário. As primeiras manifestações literárias brasileira remontam do século XVI, onde os portugueses que chegavam depararam-se com belezas nunca antes vista em suas viagens.
Os índios, seus costumes e a natureza em abundancia, foram fatores que levaram muitos estrangeiros a catalogar e descrever em minuciosos detalhes tudo o que vira na terra recém ? descoberta.
É somente a partir das terras recém ? descobertas é que ocorre um interesse por parte dos europeus. Interesse este que se deu através dos relatos que chegaram ao rei D. Manuel, dando noticias sobre a terra descoberta. A esta ficava encarregada ao escrivão Pero Vaz Caminha (1450-1500), que acompanhava a expedição de Pedro Álvares Cabral.
Seus textos eram considerados de modo geral ufanistas, pois representavam de forma exagerada as qualidades da terra, o que pode ser lido abaixado no trecho da "carta" considerado a "certidão de Nascimento do Brasil".
"E neste dia, a hora de Véspera houvermos visita de terra isto é principalmente d?um grande monte, muito alto e redondo, e d?outras serras mais baixas a sul dele de terra chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome a Monte Pascoal é a terra de Vera Cruz" [...].
(Bosi, 1994. p.15)
É possível perceber a grandeza com a qual Caminha descreve a terra, sem mesmo nela ter pisado. Segue a carta descrevendo as primeiras imagens dos índios, seus costumes, exaltando a beleza indígena.
Ainda sobre as primeiras impressões do "Brasil", Caminha a descreve com "visão do paraíso", uma terra promissora, em que tudo dava, onde as pessoas que nela habitavam andavam nuas, mostrando suas vergonhas de forma natural. O índio é visto como paisagem dinâmica.
A este respeito descreve ao rei D. Manuel para que sejam enunciados Jesuítas a fim de cristianizar. Os jesuítas logo se fizeram presentes em terras brasileiras, deste podemos subtender o longo processo de aculturação que os índios sofreram, através não só da cultura como também da religiosidade, pois os portugueses acreditavam que os mesmos não tinham um Deus, através das poesias de cunho religioso, foram instruídos no cotidiano dos índios as tradições e costumes dos brancos.
Tendo como principal representante dessa atividade o Padre José de Anchieta (1534-1592), poeta e pesquisador. Chegou a produzir um dicionário em tupi-guarani, para facilitar o trabalho de "catequização".
O Brasil tornou-se então colônia de Portugal por muitos anos, as cartas passavam a se chamar de tratados, pois implicitamente ocorriam relatos de interesses econômicos. Em uma de suas "cartas", Caminha deixa transparecer uma ideologia mercantilista, descrevendo que ainda não avia encontrado ouro ou coisa alguma de minério.
Outro escrivão que passou pelo Brasil foi Gândavo, que em seus tratados realizava uma "propaganda de imigração", para que a terra fosse habitada pelos portugueses.
A literatura do século XVI ficou conhecida por muitos com Quinhentismo, dentro desse período destaca-se duas tendências, a literatura de informação, que representa os primeiros relatos do escrivão ao rei D. Manuel a este respeito Alfredo Bosi, lamenta o fato de nossos primeiros registros se estarem em mãos estrangeiras, e a literatura dos Jesuítas, apriore responsáveis pela catequização dos índios, acabaram aculturando-os, moldando-os conforme a necessidade dos brancos para isso utiliza-se cunhos religiosos.
Os primeiros registros da literatura brasileira foram escritos por estrangeiros, por serem os únicos letrados no brasil. Aos poucos se foi ganhando independência, iniciando um longo processo durante o século XIX, atingindo a ápice com a semana de Arte Moderna (1922).
Tendências Românicas ? 1ª Geração: A Idealização do Índio
Em 1825, é ano marco inicial do Romantismo em Portugal, neste mesmo ano Almeida Garrett publica na França, o poema Camões.
A primeira geração românica foi marcada em Portugal com a permanência de alguns traços clássicos, principalmente na poesia de Antônio Feliciano de Castilho. Almeida Garrett e Alexandre Herculano, como também outros dessa geração, embora tendo influência da informação clássica, seus interesses voltam prioritariamente para uma recuperação de um passado histórico Português, esta escolha irá evidenciar o caráter nacionalista de suas obras.
Almeida Garrett, com sua maturidade poética como autor romântico, chego a publicar Folhas Caídas, que é seu último livro de poema. Neste relata uma vida partícula do autor, onde mostra a paixão por uma mulher casada, a Viscondessa da Luz (Rosa Montúfar Barreiros), o escândalo dessa paixão causou a origem de versos de um tom confessional. Garrett tem como características em seus poemas a valorização, o amor espiritualizado e vê o desejo como uma manifestação dos baixos instintos do ser humano. Além de produzir romances, é também conhecido por ter escrito uma obra prima teatral: Frei Luíz de Souza (1843). Em suas obras o autor faz uma dualidade do amor, onde mostra o amor e desejo, o querer e o não amor, e afirma que esse amor é a vida.
Alexandre Herculano, junto com Almeida Garrett, foram os responsáveis por um programa estético, que tinha como objetivo a reconstrução da Cultura Portuguesa. Garrett tem como característica a reconstituição do passado como base para a construção de uma identidade nacional, poesias de ficção. Herculano inovou na concepção de História, valorizando as lutas sociais em lugar de privilegiar os feitos individuais, do romance histórico ao exagero sentimental.
"Os romances históricos de Alexandre Herculano e os poemas de amor de Almeida Garrett deram inicio a um processo de "educação" dos leitores apresentando pouco a pouco às características fundamentais da nova escola literária."
(Abaurre, 2000. p.432)
É interessante perceber que o romantismo tem o estilo artístico de grande facilidade de penetração popular, onde incentiva o aumento de leitores de romances, que eram publicados na forma de folhetos.
O principal estimulo para o surgimento do Romantismo se deu com a Proclamação da Independência, o Período Colonial, em termos culturais almejando uma identidade Brasileira, que também era a preocupação dos primeiros românticos.
Com a idealização de um povo indígena, passa-se a produzir nos poemas românticos Brasileiro, a pureza de nossas origens, representada de forma natural, relatando em versos seus costumes.
Segundo Abaurre (2000), "[...] correm livres em meio a uma natureza exuberante e incomparavelmente bela [...]".
Percebe-se, que os poetas românticos projetam em seus poemas, no índio o espírito do homem livre, corajoso, bravo e honesto, fazendo uma imagem literária seja completamente idealizada, com a realidade histórica dos índios.
São visíveis as características do Romantismo, visando a negação dos valores pregados pelo arcadismo. A arte deve ser subjetiva, emotiva, sua força deve estar no conteúdo onde o artista expõe seu sentimento interior como bem entender, seja de forma sentimental ou imaginária.
Principais Poetas Românticos: Gonçalves Dias e José Alencar
Gonçalves Dias abordou em sua poesia os três temas fundamentais românticos: a Natureza, a Pátria e a Religião. Dentre as várias produções poéticas brasileiras da 1ª Geração romântica, será quase impossível encontrar versos tão conhecido quanto os da "Canção do Exílio", onde o eu lírico se manifesta pelo amor de sua pátria, mostrando a superioridade do Brasil, fazendo um extremo saudosismo: não há, no mundo, terra mais bela, compôs mais floridos, céu com mais estrelas e um sabiá que canta tão bem no cimo de uma palmeira.
O poeta ficou conhecido como "o Poeta dos Índios". Em versos de os Timbiras, Canto do Piaga, deprecação e do mais conhecido, I ? Juca - Pirama, construiu literariamente a imagem heróica e nobre dos índios brasileiros, cujo o tema tupi equivaleria "o que há de ser morto" ou "o que é digno de morto". Neste verso é contada a historia do último descendente da tribo tupi, aprisionados pelos valentes timbiras que observavam a idealização do índio e a exaltação da natureza.
José de Alencar é o mais famoso romancista brasileiro, que criticava Magalhães pelo tom classicizante, e pela incapacidade de retratar, de forma fiel a natureza brasileira. Escreveu varias obras importantes, entre elas os romances que mais se destacam: O Guarani (1857) e Iracema (1865). Alencar tinha um ambicioso projeto de elaboração de um programa da historia e da cultura brasileira, relatando-os em seus romances ficcionais um cenário era exigido para que representasse o passado e o presente, a cidade e campo, o litoral e o sertão, onde era visível perceber a recente conquista da independência cultural.
Foi no romance Iracema, que José de Alencar alcançou a perfeição, onde nos mostra o relacionamento amoroso entre Iracema, um jovem da tribo dos Tabajaras, e um dos colonizadores portugueses que aportaram na região, Martim. O autor descreve a índia Iracema de forma inesquecível, que desenvolve uma caracterização baseando-se nos elementos típicos da fauna e flora. O nome Iracema é um anagrama (palavra formada pela transposição das letras de outra palavra) de "América".
Além, muito alem daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu habito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, amorena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreiro tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
(José de Alencar. In Abaurre, 2000. p.438)
O conquistador português Martim, observa Iracema sair do banho e enamora-se da virgem. O grande amor que nasce entre os dois supera todos os obstáculos, fazendo com que Iracema abandoe sua tribo para ir viver com o conquistador. Tempo depois nasce desse romance Moacir, o "filho da dor", segundo Alencar este nascimento representa a formação do povo brasileiro, fruto da miscigenação do sangue indígena com o sangue português.
Alencar representa em o Guarani, a imagem de um índio como nosso antepassado heróico, nesse romance percebe-se o relato da idolatria do índio Peri (completamente idolatrado) por Cecília, filha do fidalgo português D. Antônio de Mariz.
Peri se caracteriza na cena final do romance, no momento em que o índio para salvar sua amada arranca com as próprias mãos uma palmeira do chão. Diante deste fato que José de Alencar cria em seus romances indianistas, uma imagem gloriosa do povo indígena. O romance o guarani apresenta a descrição de um cenário que desenrola o enredo mais célebre do Romantismo Brasileiro.
Considerações finais
São inquestionável que décadas a Literatura Brasileira esteve resumida as descrições de viajantes, e que é somente a partir de 1830 que a Literatura Nacional toma formas próprias.
Apesar do sucesso, críticos não poupam palavras em considerar que produz uma literatura meramente comercial, chegando a apontar vários erros de português em suas obras.
Deixamos de ser colônia, mais será que deixamos de ser aculturados? Quantos não se deixam levar por literaturas mercantilistas que ditam a forma como se deve falar ou ate mesmo se vestir, o que comenos é o que realmente o que desejamos? Deixamos de ser índios aculturados pelas falsas ideologias presentes nestas literaturas, onde estão nossas raízes? O fizeram e ainda continuam fazendo com os índios? Certamente entre encontros e desencontros procuramos um caminho para acertos e busca da nossa identidade.
Não deve se esquecer que a literatura produzida no Brasil possui papel de destaque na cultura do país.

Referência Bibliográfica
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo ? SP, Cultrix, 1994.
ABAURRE, Maria Luiza. Português, Língua e Literatura. São Paulo ? SP, 1ªEd. Moderna, 2000.

Autor: Thenille Kaliup Da Silva Ramos


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