Incluir, Por Quê?




Incluir, Por quê?

Soa, no mínimo, absurda tal pergunta nos dias atuais aos ouvidos de quem esteja razoavelmente informado. No entanto, muitos ainda a fazem, alguns por ignorância e outros por preconceito. Ignorância porque desconhecem que o ser humano é um ser social e por isso tem capacidade e necessidade de socializar-se, de sentir-se parte de um grupo. Não sabem que todo ser humano tem capacidade e necessidade de aprender de acordo com seus próprios limites.

O resultado "natural" desse processo é o nascimento e o enraizamento do preconceito, seja ele qual for. A Constituição Federal da República, em seu artigo quinto, não dá margens a dúvidas de quaisquer espécies: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza..."

É urgente esclarecer que incluir todo e qualquer indivíduo que se encontre excluído do convívio social, em todo e qualquer espaço, não significa apenas permitir que ele conviva conosco. Significa, de fato, muito mais. Incluir é muito mais que integrar. Integrar é estar com, incluir é fazer parte de. A inclusão social pressupõe comprometimento, o que não se desenvolve unilateralmente.

Incluir, por quê? Diante dessa indagação é possível listar alguns argumentos. Porque ser diferente é ser igual! "É normal ser diferente!", dizia uma propaganda em prol da inclusão dos portadores de necessidade especiais. A singularidade do ser humano está em nossas diferenças, apesar de sermos similares em inúmeros aspectos. Não importa o gênero. Não importa a idade. Não importa a origem social. Não importa a origem étnica. Não importa o quociente de inteligência. Não importa a opção sexual. Não importa a opção religiosa. Nada justifica impedir a convivência de quem é diferente de nós nos espaços sociais.

Porque somos livres! Ser livre é ter acesso ao direito de ir e vir. A acessibilidade daqueles que possuem dificuldade de locomoção precisa ser assegurada. Esse direito não é uma prerrogativa do governo, mas de todos. Se o Brasil é um país de todos, todos devem ter acesso a todos os espaços, usufruindo de sua liberdade de locomoção. Ser livre significa poder expressar pensamentos, emoções e credos. Incluir é também compartilhar esse direito.

Porque somos cidadãos! Ser cidadão é fazer valer o direito do indivíduo, mas sobretudo, o direito da coletividade. Porque se quero ser respeitado tenho que aprender a respeitar o outro, ainda que eu tenha dificuldade em assimilar tudo o que nos torna diferentes. Ao cidadão não é suficiente falar que se respeita, deve-se demonstrar com atitudes, já que elas falam mais que as palavras.

Que a inclusão não seja apenas uma bandeira eleitoral, mas que seja algo inerente a cada indivíduo, a cada família e a todas as instituições, de modo que toda sociedade anseie por incluir aqueles que, por décadas, têm sido alijados por esta ou aquela condição. Inclusão rima com ação e não pode ser apenas um jogo de palavras, mas o resultado da vivência de uma sociedade igualitária, livre e cidadã.

Autor: Márcia Regina F. Motta


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