Naufrágio




NAUFRÁGIO.

Parte- 1

O exílio -

Assombro

Mais uma sombra passa sob as nossas cabeças... Na terra, lembranças dos despojos dos sacrificadores eu sou um vós sois o outro. Entregues ao gigante da cegueira... A mente regurgita em nossos cálices as mais fantásticas alegorias e contos, cenários irreais.
Cortinas de sonhos... Somos grandes personalidades em nossos sonhos.
Quadros deslizam no lago de nossos olhos, naufragamos em topos desertos? Onde as sombras dos mundos depositaram as suas imagens?
Surgem mantos negros de luzes vivas pontas ocultas de personalidades, conhecê-las é se conhecer.
Enlouquecemos! Abandonamos-nos a contemplar o ser manchado das sombras do mundo. Naufragamos em topos desertos!
Sem resposta algumas vozes se levantam, imploram aos deuses que revele a ponta do fragmentado manto negro.
Grandes cadeias pensaram todos! Correntes, laços, vastas ligações, entrelaçamentos de mentes, caos que não estamos acostumados.
Todos se olharam! Quantos ficaram cegos? Quantos se amaram?Quantos duvidaram que tudo isto existisse?
E veio o dialogo: Eu não quero mais isto, vou embora!
Tudo que se percebe de uma só vez!
Eles: Fique! A resposta: Para onde?
Eu vou para o esquecimento!
Eles: Queremos que fique! Lembra da aliança de ouro que fizemos?
Ele: Eu a esqueci, perdeu o significado, quando um dia distraído dormi e tive um sonho; sonhei que caía num grande abismo, agarrei-me ás lembranças e, quando despertei Eu estava perdido. E veio este dialogo:
Vou-me embora, não conseguirão fazer com que eu fique!
Eles: Você ficará só existe nós, o mundo dorme bem debaixo de nossos pés... Não sente o seu sono leve?
Ele: O mundo é
Ele: Não! Eu tenho que ir!
Eles: Para onde?
Ele: Vou ser uma rocha!
Eles: É tarde demais quando se é o que se é!
Ele: O que mais existe para ser?
Eles: Nada além do que tu és!
Ele: E se eu sou apenas um remendo de uma velha teia.
Eles: Então é parte deste todo!
Eles: Justamente o que eu não quero ser mais.
Eles: Eu não entendo porque não queres ser parte de algo tão glorioso e belo?
Quer você nos fazer acreditar que acima ou abaixo exista alguma coisa que se desconheça?
Você não está procurando apenas entretenimentos, visões e experiências além da banal realidade?
Ele: Agora sei o que procuro! É a força criadora!
Eles: Deram meios sorrisos.
Ele: lendo-os nos lábios disse: A força que cria é a mesma que destrói!
Eles: Respondem sarcásticos. Destrua e recrie a ti como disseste?
Ele: Eu não crio nada só destruo, estou falando da força da criação! É isto que eu quero!
Os olhares se cruzaram se desafiavam, e ele pensou; esta é á força da destruição!
E houve uma guerra, A do querer para querer para si mesmo; contra a do querer para servir a todos.
Porque todas as coisas têm livre arbítrio e faz da sua consciência o seu caminho.
Para que serve o teu glorioso eu? A quem tu serves? E segue incondicionalmente, ante as tempestades e naufrágios, as vergonhas, ao escárnio e nojo de quem te contempla neste templo de insanidades gerais? A quem tu serves? Lacaio miserável! Que maldita voz sussurra no teu ouvido palavras enfeitiçadas de egoísmo sinistro, má fé, e deslealdade a tudo?
Eu vi em seus olhos os transes; o separado que imediatamente ficou ligado (realidades eclipsadas) e, o esperado disse: Eu vejo o que você vê de você mesmo.

Parte- 2

O presente

A importância está anjo cruel se a criança tocou no jardim das flores mortas.
Eu não poderia dizer o que aconteceu naquele dia. Vejo que você quer falar, não há sentença alguma em pronunciar a voz! A eternidade te aponta o caminho aberto agora e não vira a face instante algum. A sua voz tem o silencio abissal do tumulo, que se faz sentida agora.
É melhor que seja assim! Eu penso que estou partindo e a cada instante, reconheço que o que me acompanha é reflexo rápido e seguro, com eles vejo o mundo e os abismos, na dissolução deles encontro tudo aquilo que nasceu para a morte.
Eu procurei olhar nos olhos porque sabia o que estava lá. Pequeno o que se entende de si mesmo e, grande o que entendemos de nós mesmos.
A importância ta anjo cruel, se o que você vê te envenena, mas o veneno assim é antídoto.

No outro extremo há um eco, canto da sombra... Caminho sepultando vozes negras e velhas na velocidade da luz. Vejo que você sabe que tenho o mesmo que você e, só te dou aquilo que não encontra em si mesmo. Não deixe que um só vôo te convença você já viu a face que te eleva, pois a tua queda já é bem conhecida.
Mãos de pedra e mãos de ouro se combatem, nesta noite haverá uma clareira na beira do abismo é a hora de clamar pela alma de pedra, queira que em tuas mãos tenha ouro e pedra.
É a fria finalidade da morte varrendo o cérebro impiedosamente. Pegadas de sangue que secam sobre o crânio vazio do cadáver que ficou preso nas ferragens das vertigens.

Vagas que açoitam de um lugar a outro.
"Devorado vivo, nada era mais falso, nada era mais falso estar vivo". O crânio aberto para a morte, uma morte viva, experenciada pouco a pouco através da eternidade. Eis que a chave estará em suas mãos, e poderá entrar nos pesadelos dos que agonizam clamando pela danação, ou clamando por glorias. E tu que a danação procura, ela te perseguira como um tigre faminto e louco. E no teu amor haverá traição e, e na tua família e amigos inimigos ocultos se alojarão. No teu sono acordarás de minuto em minuto para espantar os que tramam contra ti e, no teu prazer haverá de descobrir que riem de vós, porque não aceitam o que vem de ti.

É a liberdade que sublima, é a tirania do espírito, o cansaço eterno da mente, é a alegria a vazão dos sentidos impecáveis e honestos, é o medo e a face histérica que não se fita a si mesmo porque sabe que até ali os seus fantasmas fazem ninhos.

E o possível acaba sendo sempre a medida do impossível! Amor é a lei, mas pode ser também a isca para os desavisados desesperados, e, o que realmente existe? O vicio! O vicio medonho do medo e o medo é uma rede invisível que contra espiona a si mesmo na esperança de se flagrar nunca presta atenção que não há flagrante, quando começam eventualmente a procurar um e mesmo que o ache logo vê que foi forjado por si para si.
Ei-los feitos santos pelas turbas enlouquecidas, tomados por lendários espíritos superiores.
Quem se levantará arrastando todos ao outro extremo sem doar-lhes nenhum tipo de divida?
Quem falara uma palavra descomprometida ou apontará um caminho imune do gérmen da insanidade geral?
Quem ensinará uma nova linguagem a do coração e a do amor incondicional? Quem os equilibrará na balança dos abismos, na ampulheta do espaço e do tempo?
Quem lhes doará novos olhos já que o outro foi arrancado á força por sugestão induzida, pastoreando almas cegas para o matadouro da ilusão?
O perigo está em não se compreender a fundo a complexidade puramente real do que se passa além da mente.
Olhe por onde anda o teu corpo e a sua mente, sementes neles revelaram as tuas fotografias. Você está com receios de ver-te, não querer dar exemplos nem a si mesmo?
Mas ainda não é a hora! Lógico! Há sempre maneira de adiarmos. E terminaremos sempre ofendidos, só por termos que realizar os conceitos que os pensamentos constroem, afetados pela consciência, abafados pelos passos da fobia.
Que nos julguem acertadamente, pois sabemos realmente o que somos e por onde vamos quando abaixamos nossas cabeças.
Você só se percebe aquilo que você já é, e eis no que transformaste!
Que contra tempo procurar a si mesmo, pensando que se acha levando tempo.
Lembra alguém tocando o casco do teu corpo afundado, como se estivesse fora dele sacudido de medo e perplexidade. Paciência você não ficara mais louco do que já é!
O coração range ante as visões que permeiam a tua mente e geme de desconforto a cada momento que o caminho muda, seguindo uma seta contraria.
A tua consciência amortizada, por não ter mais utilidade, vaga ao redor do teu corpo tentando em vão reconhecer aquilo que lhe serviu de moradia.
A quem tu serves? Os conselhos dos teus momentâneos entendimentos sobre a verdade que forjaste para si próprio? Que verdades? Que é forte? O melhor? Que aqueles que te rodeiam? Que no fundo não precisa de nada e ninguém porque tu bastas para si mesmo?
Ora! Ora! Não é a vida tão ingrata a você? Logo você que nunca de maneira alguma ficou á deriva, sempre ancorado em si mesmo, sempre presente aos despachos do teu intelecto. A tua consciência amortizada, por não ter mais utilidade, vaga ao redor do teu corpo tentando em vão reconhecer aquilo que lhe serviu de moradia.
Porque pensamentos nascem de escombros de outros pensamentos, de pensamentos que fracassam, nascem também de pensamentos que vingaram gloriosos entre a chacina descomunal que há entre eles. Mas o nascedouro dos pensamentos mesmo ainda nao sabes, sabes de onde eles vêem?
E para que tu serves de tudo isto? Para pagar as contas do fim do mês? No fim da vida? Quando já é tarde demais?
Qual seria o antídoto para o pensamento? O sono? O vinho? As drogas? Freud? Religião? Filosofia? Sexo? Tudo isto e muito mais! (Pelo menos momentaneamente).
Para depois eles novamente baterem em sua porta, quando não muito entram e quem se apercebe?
Quem já pensou nos momentos que não se pensa e apenas se vive? E então vê como tudo passa numa velocidade aterradora, a velocidade silenciosa da vida, a mesma velocidade das galáxias deslizando sob o lago cósmico da gravidade.
E aí não vem o medo? A analise? Quando se para pensar e até mesmo duvidar se aqueles momentos realmente existiram ou foi pura imaginação?
É a própria contradição que se instala, e sabe por quê? Porque a vida que conhecemos é a vida racional, das estatísticas, do jornal das oitos, dos funerais alheios, das infelicidades globalizadas. E quando vivemos sem pensar nisto ou em nada (o que é totalmente impossível) parece que não vivemos que na verdade perdemos preciosos momentos só porque não conseguimos raciocinas-lhos, ou não conseguimos classifica-los.
E o medo advém de não conseguirmos controlar as nossas vidas no plano puramente social, de não conseguirmos achar que devemos estar recrutados em cada evento que acontece em nosso redor, de termos elos ou não fazermos parte da corrente, engrenagem que gira os fatos pelo qual estamos tão viciados, que achamos que sem eles não temos nada nem nós mesmos.

Parte 3

A historia

"Pensamentos ilhados em pensamentos, náufragos e desertores do sonho ser."
Até hoje não se sabe se houve a dissolução destas duas forças antagônicas primordiais, se, se consumiram em seus próprios devaneios ou se simplesmente foram por diferentes caminhos depois do confronto. (fica para você adivinhar o resto).
As diversas versões sempre nos levam a analises das causas, as causas aos efeitos e, os efeitos nos mostram que o pensamento é dividido em dois pólos: Razão e coração, Movimento ou estagnação, ascensão ou dissensão.

Parte 4

A voz do pensamento primordial

É a única voz, portadora de indícios, pistas que nos levam a indagar sobre outras identidades, será loucura falar dos outros sem nunca tê-los visto de fato?
Será loucura dar-lhes vida?Ou melhor, larga da minha vida vai sugar outro! Por isto é que estou sempre literalmente vazio? Eu sempre volto a mim e nada me satisfaz. É a minha mente o por quê? Porque não há meios de satisfazer completamente a sombra fugaz por detrás da mascara da realidade terráquea.

No fundo eu sou uma miragem, contenho restos que parecia ser uma grande embarcação, quem chega ao fundo verá salva-vidas furados boiando sob o meu mar mental.
Eu levo o mundo ao ponto de partida; O começo de tudo e ao final de nada.
Afirmo que o começo de tudo contem tudo! E o final de nada é nada, ou zero em sua própria origem.
Afirmo que nada realmente começou e, que não há mais nada para acabar.
Que o começo sempre começa em si mesmo. E o fim, como já propriamente diz: Um começo de nada.
Falar que não existo, já não é impossível! Falar que existo, terei que provar.
Me permitindo o luxo de me enxergar através de meus próprios olhos.
Falar que existirei futuramente é o mesmo que falar que já é possível que eu exista.
O que sou? Talvez um vaga-lume gigante. Pisco para me ver e para que não me mire novamente pisco de novo.

TEXTO-CÉSAR VALÉRIO MACHADO-ESCRITO-07-07-85

Autor: Cesar Valerio Machado


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