PELADOS NO ÔNIBUS



PELADOS NO ÔNIBUS

Manuel chega ao bar do Joaquim, todo melado. Lá encontra a rodinha de amigos, todos bebendo e contando mentiras. Jogam também um baralhinho. Contam estórias, todas sem graça, mas sem graça mesmo são os bebuns. Manuel se abanca. Já nem pede mais nada. Vai chegando e pegando o primeiro copo que encontra. Os outros acham ruim, tentam afastá-lo, mas ele não liga.

O calor está insuportável. Manuel sente-se impaciente. Quer tirar a camisa e acaba tirando-a. Ali ele enche a cara, mas como ninguém liga pra ele, resolve ir embora. Vai para uma zona lá no Porto. Quem sabe lá percebem que ele existe. Pega o ônibus, mas está super lotado. Já pensou um bêbado no ônibus superlotado, numa estrada poeirenta, toda esburacada e num calor de 40o.? Assim estava aquele carro. Manuel sente vontade de tirar a roupa, mas não pode nem se mexer. E se o homem tirar a roupa, todo mundo vai gritar. A mulherada anda por aí, quase nua. Por falar nisso, há muita mulher no coletivo. Como seria bom se tivesse todo mundo nu ali. Cada mulher que valia a pena. Por que inventaram esta tal de roupa? De quem foi esta idéia maluca? E se aquelas mulheres ali estivessem todas peladas, não seria ótimo? Claro, e muito mais bonito. Seria um verdadeiro paraíso. Ele poderia ver os seinhos delas, alisá-los, beijá-los. E as coxas? Mas por outro lado seria muito ruim. Já pensou se houvesse 40 homens pelados no ônibus e o carro quando freasse? Todo mundo pra frente e depois todos pra trás. Não. Seria terrível. Quem inventou a roupa tinha boas idéias, sim. Era inteligente, Manuel é que era burro mesmo.

Manuel chega lá na tal zona.? Tem pouca gente. Bebe alguma coisa. Fica pior ainda. Vai a um barzinho e lá rouba as cervejas. Joga as garrafas na rua com toda força. Quase acerta o delegado que fica de olho nele. Manuel até esfria. Entra em outro bar. Vai lá pro quintal. Tem um pato lá. Manuel tenta roubar o pato e pega o bicho. O pato abre o bico e faz quaac, quaac. Manuel tenta de novo e o pato quaac. Na terceira tentativa a dona do bar aparece e vê o que está acontecendo. Que está fazendo aí, Manuel? Já é tarde. Precisa ir para casa. Tou mijando, diz Manuel. A dona encara-o bem. Sabe o que Manuel estava fazendo, mas não fala sobre isto. Trate de ir para casa. Amanhã é dia de trabalhar. Aliás você não trabalha mais, né, Manuel? Trabalhar como - pensa Manuel. Ninguém quer dar mais trabalho para ele. Resolve aceitar a idéia da dona e se mandar. Afinal só ele se encontra ali.


Autor: Henrique Araújo


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