MANUEL E O DELEGADO
Manuel sai dali e vai pra outro bar. Bebum encontra bebida de graça em qualquer lugar. Um copo de leite ou um pão ninguém dá, mas pinga todo mundo dá. Assim ele enche a cara num outro bar e quer bater na cara do dono. O dono é uma dona que chama a polícia que leva Manuel. Lá ele dorme e faz faxina na delegacia. Vai embora depois do almoço. Manuel aprendeu uma coisa: toda vez que quiser comer é só ir em um bar, aprontar a sua e ir preso. No outro dia faria a faxina, almoçava e ia embora. Já estava totalmente desleixado o nosso Manuel. Passou a fazer isto por muito tempo.
Manuel estava quase todos os dias na delegacia. O delgado não sabia mais o que fazer. O problema era a comida. Sim, comida. Estava aí o problema do Manuel. Ele queria ficar comendo por conta do delegado.
Um dia Manuel aprontou mais uma. Foi preso e conduzido ao delegado. Este ao ver Manuel, já foi dizendo: você de novo aqui, Manuel? Não toma vergonha na cara? Pois é, delegado, parece que os policiais aqui, gostaram de mim. Por isto me trazem aqui todos os dias. Soltem este homem, disse o delegado. Manuel abre um olhão. Já são 11 horas e a barriga do Manuel já estava roncando. Mas delegado, eu fiz isto, aquilo e aquilo e o senhor não vai me prender? Soltem este homem, eu já disse - manda o delegado. O senhor não vai me prender mesmo? Prender o quê, seu malandro, então você apronta uma todo dia pra vir preso e comer aqui na delegacia? Tá pensando que aqui é pensão ou a casa da sogra? Vá comer no raio que o parta. A delegacia não tem dinheiro, tenho pagado comida com dinheiro do meu bolso. Estou me sacrificando pra encher a barriga de beberrão. Toma vergonha na cara. Tou frito, pensa Manuel. Agora tinha que arrumar um outro lugar onde comer. Que azar? Não vai-me prender mesmo delegado? Então vou dar um peido aqui brrr...
Manuel sai pisando duro da delegacia. Até passou a bebida. Onde é que ele ia arrumar comida agora? O pai não quer que ele vá mais lá. Não ajuda mais em nada e ainda bate nas irmãs. E a vergonha de ir pra casa agora. Que faria então? O jeito era ir para casa do velho mesmo. Caso contrário morreria de fome. Ele vai cambaleando. O pai está em casa. Manuel entra e já recebe um carão ali mesmo. Não liga e vai direto pra cozinha. Enche a pança e dorme.
Autor: Henrique Araújo
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