MANUEL GANHA NA LOTO



MANUEL GANHA NA LOTO

A vida de Manuel se torna insuportável. Perde a noção da vida e do mundo. A preocupação da família é grande. Procuram todos os recursos possíveis. Não adianta. O jeito é deixá-lo quebrar a cara. Um dia ele aprende. Só que pode ser muito tarde, mas se não há outro jeito.

Manuel arruma um bico numa empresa e começa trabalhar. A semana inteira ele exerce as funções. Trabalhava durante o dia, pois a noite era sagrada para ele. Quando está trabalhando esquece a bebida. E ele é muito trabalhador. Todos os colegas gostam de Manuel. Ele é ótima pessoa. Se não bebesse... pensam os outros.

No fim da semana Manuel fez um joguinho na loto. De vez em quando ele jogava. Jogava por jogar, sabe que nunca ganharia nada mesmo. Fez quatro cartelinhas. Comprou alguma comida para casa e o resto era pra farrear com os amigos. E o bar e os amigos já o esperavam.

Sorridente Manuel chega e já manda descer a bebida. Todo mundo se alegra e a bebida rola mesmo. Passam o resto do dia se encharcando nas biritas. Manuel sai dali carregado pelos amigos. O pai vira uma fera. Não sabe por que o filho bebe tanto assim. Também nunca se interessou em saber os motivos. Será que possuía alguma mágoa? Será que foi porque apanhou muito quando criança? Ou porque não tinha mulher? Não sabia. O pai não bebia. Ninguém na família bebia, só Manuel. Devia haver algum motivo. Ninguém se mataria tanto assim.

Manuel passa o dia dormindo. Na segunda-feira vai ao serviço novamente. Trabalha firmemente. Ninguém lhe pergunta nada. Também não tem nada a falar. Assim o trabalho até rende mais.

No meio da semana, Manuel confere a loto e... será possível? Deve estar errado. Confere de novo. Olha diversas vezes para o cartão. Sim, fizera a quina na loto. Manuel fica branco, a perna amolece, o corpo gela. Ele perde a noção da vida. O sentido começa a sumir. Não. Ele não pode desmaiar ali. Vai para casa devagar. Quase nem caminha. Parece andar nas nuvens. Chega em casa quieto. O pai já vira uma fera com ele. Não diz nada ao pai, nem às irmãs. Vai se deitar. O pai vai ao quarto. Nota alguma coisa estranha em Manuel. Interroga-o sem resposta. Manuel fica pensativo. Acaba dormindo um sono perturbador. Se a falta de dinheiro lhe trazia muitas dores e sofrimentos, agora com dinheiro era a mesma coisa. Que faria com o dinheiro e quanto é que tinha ganhado?

Manuel acorda. Manda a irmã chamar o pai. Fala do resultado do jogo. O pai transborda de alegria. Virou festa na casa do Manuel. Até que enfim saíriam do sufoco. A tarde todos se reuniram para discutir o que fariam. O que comprariam e onde investiriam o dinheiro. O pai manda comprar um bom vinho, faz uma boa comida. Há uma enorme alegria na casa dele. A tristeza foi ao fim. Não falam a ninguém sobre isto. Seria muito perigoso.

Foram à Caixa Econômica. Que sorte! Manuel ganhou sozinho. O gerente o recebe com muito carinho. Explica a Manuel o que fazer. Ele deveria depositar o dinheiro numa caderneta de poupança, fazer um bom plano para empregar o dinheiro e pensar muito antes de fazer besteira. Também não deveria falar a ninguém que ele ganhou na loto. Viajar um pouco era bom. A Caixa se encarregaria de despistar o povão e a imprensa a respeito dele. Foi o que aconteceu. A Caixa arrumou um avião para a família de Manuel que viajou bem de madrugada. Manuel foi para Recife. Que cidade grande! Quanto carro! E os prédios? Lá ele ficou a semana inteira.Tinha a idéia de que faria com o dinheiro.














Autor: Henrique Araújo


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